sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

“Não houve nenhum derramamento de sangue, apenas tiros para o alto para assustar os invasores, que foram surpreendidos e não tiveram tempo de reagir, haja vista o arsenal de armas que eles carregam, já tendo inclusive, causado muitas mortes no local”


Já estão em Brasília para participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, o tenente coronel Josenildo Jacinto do Nascimento, tenente coronel Ênedy Dias de Araújo e o secretário adjunto da Secretaria de Estado da Segurança Pública, César Pizzano.

O evento é uma realização da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, de autoria dos deputados federais Giovanni Queiroz, Ernandes Amorim e Moreira Mendes, com objetivo principal de discutir e encaminhar providências sobre as denúncias publicadas na Revista IstoÉ, de que existem áreas no Estado de Rondônia sob o domínio da Liga dos Camponeses Pobres – LCP. A audiência acontece nesta quinta-feira (24) no Plenário 6 do anexo II.

Operação Rondônia Legal III chega e integrantes da LCP deixam acampamento


A Operação Rondônia Legal III, iniciada há duas semanas na região de Nova Mamoré contra o desmatamento ilegal, conta com a participação do IBAMA, INCRA, Sedam, Polícia Civil, militares do Exército e da Polícia Militar de Rondônia, com efetivos do Batalhão de Polícia Militar Ambiental e da Companhia de Operações Especiais – COE, sob o comando do sub tenente PM Álvaro Uchak. As equipes estão baseadas no Distrito Rio Branco, município de Campo Novo.

A participação do INCRA tem como objetivo principal assentar os integrantes da LCP – Liga de Camponeses Pobres, o que não está sendo possível, devido os mesmos terem abandonado o acampamento, deixando apenas alguns pertences pessoais, uma demonstração visível de que a luta não seria pelas terras, de acordo com os policiais.

Na versão passada, em uma operação idêntica, o IBAMA apreendeu 2.800 m³ de madeira em tora, capaz de encher 150 caminhões, além de geradores de luz, esteira para movimentar toras na serragem, serras elétricas e tratores.

A região é considerada crítica, haja vista a atuação de madeireiros que insistem em trabalhar de forma ilegal e a invasão de sem terras nas áreas públicas interditadas pela Justiça Federal, como a Reserva Extrativista de Uso Sustentável Jaci-Paraná, o Parque Estadual de Guajará-Mirim (onde uma estrada foi aberta ilegalmente para transporte de madeira e drogas), a Terra Indígena de Karipunas e Floresta Nacional Bom do Futuro, uma das mais afetadas.

A denúncia mentirosa de que um grupo ligado a Liga dos Camponeses Pobres – LCP haviam sofrido um verdadeiro massacre, na área da Catâneo em Jacinópolis, a 400km de Porto Velho, teve grande repercussão em todo o país. “Isso é sensacionalismo. A mídia se equivocou em publicar tal denúncia, inclusive como manchete em todos os jornais, sem averiguar a realidade dos fatos”, ressaltou o sargento PM Edion Goveia, comandante da primeira guarnição a chegar no local, sendo constatado que, ao invés de ´mortos´, o que havia na área eram 17 motos abandonadas, além de documentos e roupas, sendo comprovado ao final, que o conflito foi gerado entre os próprios sem-terras.

“Não houve nenhum derramamento de sangue, apenas tiros para o alto para assustar os invasores, que foram surpreendidos e não tiveram tempo de reagir, haja vista o arsenal de armas que eles carregam, já tendo inclusive, causado muitas mortes no local”, declara a Polícia Militar Ambiental, que está na área há mais de quatro anos, em proteção ao meio ambiente.

Audiência Pública


De acordo com o tenente coronel PM Josenildo Jacinto do Nascimento, comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, até o momento não se sabe ao certo qual o objetivo de uma denúncia mentirosa, feita pelos defensores da Liga dos Camponeses Pobres, que teria terminado com a morte de sem-terras no acampamento Conquista da União. “Homens armados apareceram e deram vários disparos para o alto, mas o objetivo era que os invasores desocupassem a área e não matar”, relata o major, questionando se todas as autoridades federais, estaduais e municipais seriam coniventes com tamanha brutalidade, haja vista a integração de mulheres e crianças encapuzadas entre eles. “Se assim fosse, em quem confiar?”, indaga Josenildo às organizações que apóiam a LCP, frisando se caracterizar com a falta de respeito com as autoridades que têm compromisso com o bem-estar e a segurança da sociedade como um todo.

LCP

Isso faz lembrar o estadista chinês Mao TSE Tung, que frisou sobre a vontade revolucionária do povo em defender a insurreição armada como método de tomar o poder em todas as sociedades, e não só nas agrárias.

São várias as Ligas de Camponeses Pobres, atuando em diversos municípios. Inicialmente deve ser assinalado que a Liga dos Camponeses Pobres é o braço armado da Liga Operária Camponesa-LOC (uma cisão da organização Ala Vermelha que, por sua vez, já era uma cisão do Partido Comunista do Brasil) uma organização de linha maoísta. Todas essas organizações tiveram origem nas Comissões Camponesas de Luta (CCL) que começaram a surgir no ano 2000

Em Rondônia, segundo levantamento feito pela agência de inteligência da Policia Militar Ambiental, existem pelo menos nove diferentes grupos de sem-terras, além de outros que não são conhecidos por siglas ou bandeiras. Em meio a esses grupos, a LCP tenta angariar militantes para uma "revolução agrária", com a bandeira de “morte ao latifúndio, promovendo ações violentas contra toda e qualquer pessoa que não colabore ou se manifeste contrário ao movimento”.

A LCP tem em Rondônia, cerca de oito mil militantes acampados em dezessete diferentes acampamentos sob o controle de Jânio Batista do Nascimento “Camarão”, um dos coordenadores da LCP.

Exemplos marcantes aconteceram nos últimos tempos, quando fazendeiros, comerciantes e outras pessoas que não concordaram com o movimento dos sem-terras, foram assassinados brutalmente, como foi o caso de Lourival Carlos de Lima, que teve suas terras invadidas por militantes da LCP.

De acordo com testemunhas, entre os próprios invasores, existem conflitos e mortes. Eliseu Vitório (vulgo Cabeção) foi assassinado e abandonado caído no chão. Sebastian Gisbert Banus (Tião) e Andréia Costa Guimarães (Paulinha), foram mortos com requinte de crueldade, em retaliação as prisões de integrantes da LCP. No crime foram utilizadas escopeta, foice e facão. Donizete Antônio da Silva era gerente de uma fazenda em Jacinópolis, onde havia clima de conflito com integrantes da LCP. Os infratores armaram uma cilada e a vítima foi assassinada com vários tiros de arma de fogo.

Francisco Pereira do Nascimento foi assassinado com perfurações causadas por disparos de escopeta calibre 12. No dia 22 de fevereiro passado, Paulo Roberto Garcia foi assassinado por um elemento conhecido por “Carreirinha”, integrante da LCP. Paulo foi assassinado, acusado de passar informações para a Polícia.

Dair Silva Oliveira e Dirceu Bedones de Souza foram mortos por oito homens fortemente armados e encapuzados. Gilvan Ribeiro Pego, comerciante da região, foi assassinado brutalmente e teve seu comércio totalmente destruído e a família ameaçada, após ter sido rendida.

De acordo com a equipe de Inteligência do BPA, no curto período de um ano cerca de 30 (trinta) pessoas foram brutalmente assassinadas por integrantes da LCP.

“Ao perceberem a aproximação de estranhos ao acampamento, vários elementos são encarregados de acionarem fogos de artifício para alertar a coordenação; Imediatamente todos os integrantes cobrem seus rostos com máscaras, dificultando assim a identificação de cada um. Mulheres, crianças e idosos se aproximam fazendo um cordão de isolamento impedindo a passagem; Agitadores e um falso líder mantém um primeiro contato, tentando persuadir os visitantes a se retirarem do local; Durante toda a ação, cerca de 04 (quatro) elementos ficam responsáveis pela guarda e se necessário procedem evacuação do armamento utilizado pelo acampamento; Elementos com armas curtas se infiltram no meio dos invasores fazendo a seguranças dos mesmos em caso de confronto; Outro grupo de elementos de imediato providenciam a segurança do coordenador do acampamento.

PROPRIEDADES INVADIDAS COM APOIO DA LCP

FAZENDA PRATEADA
FAZENDA CATANEO
FAZENDA 5 ESTRELAS
FAZENDA DO LOURIVAL

Istoé

Esta é a declaração do jornalista da revista IstoÉ, Alan Rodrigues, sobre seu real interesse com essa matéria, ao contrário do que muitos afirmam, ter sido paga pelo Governo. Eis na íntegra, o que o Alan me enviou por email.

Ei Marlene, Tudo bem? Muito obrigado pela atenção.

Bom, vamos por parte:

Como eu cheguei a essa história.

Há muito tempo eu investigo essa organização. Em 12/05/99, eu publiquei uma reportagem em Istoé 1545 - pode ser buscada na internet - com o título: "Era só o que faltava"; a matéria revelava pela primeira vez sobre a "guerrilha brasileira", Na época, os militantes dessa organização estavam dentro de uma outra chamada Liga Operária e Camponesa (LOC) - uma entidade que milita em Belo Horizonte, minha terra natal, onde fui militante de esquerda por muitos anos - É bom você ler a matéria, digite no google Liga operária e camponesa e você saberá do que estou falando. Desde então, pouco vi falar sobre eles, a não ser uma ou outra ocupação em Minas Gerais. No ano passado, eu estava fazendo uma matéria no Pará , quando fiquei sabendo da Organização - eles tinham mudado de nome e atuavam agora como LCP. O fato me chamou atenção.

Quando foi novembro, a polícia fez uma operação por lá batizada de "Operação Paz no Campo" e apreendeu muitas armas e pessoas ligada a eles. Aí eu vi que os caras estavam se fortalecendo e escondidos na LCP, estreitei minha conversas com algumas fontes antigas que sairam da LOC e eles me disseram sobre a atuação da LCP em Rondônia. Foi a partir daí que cheguei até aí.

Na verdade, eu não tinha nenhum contato ai em Porto Velho, comecei a pesquisar na internet e cheguei a um jornalista, se não me engano, chamava-se Sérgio - que até hoje não conheço. Esse rapaz me deu o telefone do Sebastião Conti, que me deu o telefone do major Josenildo. Foi assim, qualquer outra história é mentira. Depois de falar com o Josenildo e ele confirmava toda história sobre a LCP, fui à Minas Gerais para buscar informações da atuação da Organização por lá. Em Belo Horizonte, o promotor de conflitos agrários confirmou tudo que eu já tinha dúvida e dai desencadeou-se a matéria.

Ele me forneceu documentos, fotos da trupe. De Minas fui ao Pará novamente, lá a Polícia tinha acabado de destruir os tentáculos da Liga e só me sobraram documentos e fotos confirmando a história. Daí eu fui para Rondônia, e o resultado você conhece.

Irei contar toda essa história lá em Brasília. É uma mentira essa história de matéria paga. Mesmo porquê, caso eles tenham razão no que falam, por que eles não apresentam as provas que a matéria foi paga. Nós de Istoé só não os processamos porque eles são ilegais (clandestinos) nosso departamento jurídico está estudando o processo, mas eles acham muito difícil processar quem não tem cara.

Não tem problema nenhum você reproduzir o que estou te contando, não trabalho com segredos. O que esses caras querem com essa conversa é desqualificar a matéria, nada mais.

Tenho várias testemunhas que confirmam minhas investigações... não se preocupe, agora faça chegar a jornalista lá do jornal que eles podem processar a Revista se eles tiverem a certeza que a matéria é paga. Eu não me prestaria nunca a um serviço desses.

Saudações
Alan Rodrigues
Revista IstoÉ

via Márcio Carneiro

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