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by Deise Brandão
Nos últimos dias, manchetes chamativas como “Japão constrói cidade subaquática” voltaram a circular nas redes e em sites de notícias. O título é impactante — mas também enganoso.
A verdade é que o Japão não está construindo uma cidade futurista no fundo do mar. O que existe, de fato, é um projeto conceitual chamado Shimizu Corporation, que propõe a criação de uma cidade subaquática batizada de Ocean Spiral.
O que realmente existe
A proposta foi apresentada ainda em 2014 e chama atenção pela ousadia: uma estrutura em forma de espiral que desceria até o fundo do oceano, abrigando uma cidade completa — com moradias, áreas comerciais e espaços de pesquisa.
A ideia inclui geração de energia a partir da diferença de temperatura entre a superfície e as camadas mais profundas do mar, por meio da chamada tecnologia OTEC (Ocean Thermal Energy Conversion), que já está em fase de testes no Japão.
O que ainda não existe
Apesar do entusiasmo, o Ocean Spiral ainda é um conceito futurista.
Nenhuma obra foi iniciada. Especialistas apontam que:
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o custo estimado ultrapassa dezenas de bilhões de dólares;
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as tecnologias necessárias ainda não estão maduras;
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há desafios gigantescos em segurança, engenharia e sustentabilidade.
Ou seja: não há uma “cidade subaquática japonesa” sendo construída neste momento — apenas estudos e protótipos de tecnologias relacionadas.
Como manchetes distorcem a informação
Esse é um bom exemplo de como títulos sensacionalistas podem induzir o público ao erro. Ao dizer “Japão constrói cidade subaquática”, cria-se a impressão de que a obra está em andamento, quando o correto seria dizer:
“Japão apresenta projeto futurista de cidade subaquática.”
A diferença parece pequena, mas muda completamente o sentido.
Um olhar para o futuro
O projeto Ocean Spiral representa, sim, uma visão ousada de futuro — uma tentativa de pensar formas alternativas de habitação diante da superpopulação e das mudanças climáticas.
Mas, por enquanto, continua sendo um sonho de engenharia, e não uma construção real.
Antes de compartilhar manchetes chamativas, vale a pena olhar além do título. Nem tudo que parece futurista já está acontecendo — e nesse caso, a cidade subaquática do Japão ainda está debaixo d’água… no papel.