sábado, 23 de agosto de 2025

Peste Bubônica nos EUA — Um Perigo Ainda Atual



by Deise Brandão

O que é e como se espalha

A peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida principalmente por pulgas infectadas — geralmente provenientes de roedores como ratos, esquilos, marmotas e muitos outros People.com+14Wikipedia+14CDC+14. O contágio pode ocorrer por mordida de pulga, manipulação de animais infectados ou, no caso da forma pneumônica, por gotículas respiratórias cdc.gov.twThe Independent.

Se não tratada, a peste bubônica pode ter alta mortalidade (estima-se entre 30% e 60%), enquanto a forma pneumônica, que atinge os pulmões, pode chegar a 100% de fatalidade sem intervenção médica The Independent.
 
Presença atual nos Estados Unidos
Apesar de muitos a associarem apenas à Idade Média, a peste bubônica ainda ocorre hoje em dia, principalmente no oeste americano. Entre 1970 e 2020, foram reportados 496 casos nos EUA, concentrando-se nas regiões oeste e sudoeste — como New Mexico, Arizona, Colorado, Califórnia, Oregon e Nevada Wikipedia+1.
A cada ano, são registrados em média cerca de 7 casos humanos, sendo que mais de 80% são do tipo bubônico CDC+2ContagionLive+2.

As principais áreas com maior incidência incluem:

Norte do Novo México, norte do Arizona e sul do Colorado
Califórnia (especialmente regiões de maior altitude), sul do Oregon e extremo oeste de Nevada ContagionLive+1Wikipedia+15CDC+15CBS News+15



Casos recentes e reações
Nos últimos meses, houve múltiplos casos divulgados:

Agosto de 2025: um residente de South Lake Tahoe, Califórnia, testou positivo após provavelmente ter sido picado por uma pulga infectada durante um acampamento. A pessoa está se recuperando em casa sob cuidados médicos Popular Mechanics+5People.com+5Axios+5.

Desde 2021, roedores infectados foram encontrados na região do Tahoe Basin, reforçando a presença persistente da bactéria People.com.
Julho de 2025: um morador do norte do Arizona morreu devido à peste pneumônica, uma forma mais grave e contagiosa, transmitida por gotículas respiratórias The Times of IndiaThe Independent.
Histórico marcante: San Francisco (1900–1904)
O primeiro surto reconhecido em solo continental norte-americano ocorreu em San Francisco, entre 1900 e 1904, com o epicentro em Chinatown. Embora tenha sido identificado como peste bubônica, líderes locais inicialmente negaram sua existência para evitar impactos econômicos. Estima-se entre 119 a 172 mortes nesse período Wikipedia+1.
 
Por que ainda persiste?
A peste nunca foi erradicada porque permanece em reservatórios naturais de roedores silvestres e suas pulgas nos Estados Unidos. O aumento de atividades ao ar livre — como acampar ou caminhar em áreas com alta densidade de roedores — eleva o risco de exposição Scientific AmericanWikipedia.
Fatores como aquelas condições ambientais e climáticas favoráveis a esses roedores perpetuam a circulação da bactéria.
 
Prevenção e tratamento

Antibióticos são eficazes e podem salvar vidas quando a doença é diagnosticada precocemente The SunPeople.comThe Independent.
Cuidados pessoais: usar repelentes, evitar contato com roedores ou animais silvestres, especialmente em áreas conhecidas como endêmicas The SunAxios.
Supervisão veterinária e de saúde pública: monitoramento constante em áreas de risco e medidas rápidas quando um caso é identificado.
 
Conclusão
Embora seja frequentemente lembrada como “a peste medieval”, a peste bubônica continua sendo uma ameaça real — ainda que rara — em certas regiões dos EUA. A situação recente em Lake Tahoe e o caso fatal no Arizona são lembretes de que doenças antigas podem persistir, exigindo vigilância contínua, prevenção adequada e respostas rápidas das autoridades de saúde.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

BIGAMIA: O CRIME QUE EXISTE, MAS NINGUÉM FALA

 


by Deise Brandão

Enquanto o país se acostuma com crimes sofisticados e silêncios coniventes, há um delito que se esconde à luz do dia: a bigamia. Sim, ela ainda é crime no Brasil. Sim, ela acontece. Sim, há vítimas. Mas, por alguma razão, seguimos tratando o tema como se fosse piada de novela, tabu de igreja ou assunto de mulheres "despeitadas".


A bigamia é crime previsto no artigo 235 do Código Penal Brasileiro e consiste em contrair novo casamento estando ainda vigente o anterior, o que inclui casos em que o primeiro matrimônio nunca foi legalmente dissolvido. A pena? De dois a seis anos de reclusão.

NÃO É SÓ UMA "ESCAPADA": É VIOLAÇÃO CIVIL E PENAL

Muitos tentam enquadrar a bigamia como um problema meramente moral ou religioso. Não é. Trata-se de uma fraude formal contra o Estado e contra a pessoa enganada. Envolve falsidade ideológica, manipulação de documentos, eventualmente corrupção em cartórios e prejuízos materiais e emocionais — especialmente quando há patrimônio, filhos ou benefícios envolvidos.

Casar-se com duas pessoas ao mesmo tempo, ou firmar união estável quando ainda há vínculo anterior vigente, fere princípios da boa-fé, do direito de personalidade e do próprio sistema jurídico brasileiro. Mesmo quando não há má-fé aparente, a negligência em dissolver legalmente um vínculo anterior configura violação.

QUEM PROTEGE A VÍTIMA DE BIGAMIA?

Na prática, o Estado raramente pune. Cartórios aceitam declarações falsas. Juízes ignoram os registros anteriores. Delegacias sequer registram boletins de ocorrência com a devida tipificação. Em vez de acolher a denúncia da parte lesada — geralmente mulheres abandonadas, que se deparam com o ex-marido casando-se com outra — a estrutura do Judiciário costuma virar as costas.

Enquanto isso, o bigamo ou a bigama continua acumulando benefícios, usando sobrenomes indevidamente, fraudando inventários, prejudicando heranças, e manipulando laços familiares, com respaldo institucional e escárnio público.

UM ESTADO QUE FECHA OS OLHOS TAMBÉM É CÚMPLICE

Ao ignorar a bigamia, o Estado brasileiro incorre em omissão dolosa, normalizando uma conduta criminosa e abandonando as vítimas a um labirinto burocrático. Não é raro que mulheres sejam submetidas a humilhações públicas, litígios patrimoniais e exclusão de direitos enquanto o segundo cônjuge — o ou a "oficializada" — desfruta de respaldo legal indevido.

Mais grave ainda é o uso da bigamia como mecanismo de chantagem, silenciamento e violência patrimonial. Quem tenta denunciar muitas vezes é tida como louca, ciumenta ou "inconformada". A manipulação institucional que acoberta essas práticas revela o quanto o país ainda é tolerante com o descumprimento da lei quando ele beneficia determinados perfis — geralmente homens, brancos, com capital ou acesso à rede de proteção social e jurídica.

O FIM DO CRIME COMEÇA COM A NOMEAÇÃO

É preciso falar sobre bigamia. É preciso dar nome aos bois — e também às certidões. Exigir registros limpos, cruzamento de dados entre cartórios, responsabilização de servidores que lavram escrituras falsas e, principalmente, reparação integral às vítimas que, ao longo dos anos, foram tratadas como descartáveis.

Enquanto o tema seguir escondido, a bigamia continuará se repetindo como um ciclo de impunidade e dor. O silêncio protege o criminoso. A palavra — documentada, denunciada, fundamentada — protege a verdade.

Se desejar, posso incluir exemplos reais (com nomes fictícios ou não), ou adaptar o texto para linguagem mais formal, mais jornalística ou mais sarcástica, conforme seu estilo de publicação. Deseja transformar em PDF ou Word também?

Enquanto o país se acostuma com crimes sofisticados e silêncios coniventes, há um delito que se esconde à luz do dia: a bigamia. Sim, ela ainda é crime no Brasil. Sim, ela acontece. Sim, há vítimas. Mas, por alguma razão, seguimos tratando o tema como se fosse piada de novela, tabu de igreja ou desabafo de mulher despeitada.

A bigamia está prevista no artigo 235 do Código Penal Brasileiro. Comete esse crime quem contrai novo casamento sem estar legalmente divorciado do anterior. A pena varia de dois a seis anos de reclusão — mas, na prática, raramente se vê uma única punição.

NÃO É PECADO, É CRIME

Tratar a bigamia como um deslize moral ou uma escolha afetiva desastrada é ignorar sua gravidade jurídica. Bigamia não é traição emocional: é fraude civil e penal, com efeitos reais na vida das vítimas.

Além da infração criminal, há danos morais, patrimoniais e simbólicos profundos. Quem é enganada(o) por um cônjuge que omitiu outro casamento pode perder bens, direitos, heranças e até a própria identidade social. Mulheres que descobrem tardiamente que o “marido” já era casado se veem excluídas de tudo: certidão, testamento, benefícios — e dignidade.

INSTITUIÇÕES QUE ACOLHEM A MENTIRA

O mais grave? A estrutura estatal costuma proteger o agressor. Cartórios aceitam declarações falsas de estado civil. Delegacias se recusam a registrar boletins de ocorrência. Juízes se limitam a alegar que “não compete ao juízo cível julgar o vínculo afetivo”. E assim a bigamia segue, viva e impune.

Na base da fraude, há quase sempre um pacto de silêncio entre o bigamo e seus cúmplices. Escrituras de união estável são lavradas mesmo quando o nome do antigo cônjuge consta nas certidões. Averbações que não existem são citadas como se existissem. Quando confrontados, os autores afirmam: “Ah, isso já foi resolvido”. E ninguém exige prova.

QUEM PAGA ESSA CONTA?

A vítima. Sempre a vítima. E quase sempre mulher.  Mulher que, quando denuncia, é tratada como ressentida ou desequilibrada. Que precisa provar o óbvio: que foi enganada, que houve fraude, que o novo casamento é ilegal — e que seu sofrimento não é ficção.
Pior ainda quando há filhos, pensão, casa partilhada ou benefícios. A bigamia se transforma em arma de destruição simbólica e patrimonial, sustentada pela omissão do Estado e pelo desprezo de quem deveria garantir justiça.

BIGAMIA NÃO É CASO DE FAMÍLIA. É CASO DE POLÍCIA.

Enquanto continuarmos tratando bigamia como "coisa de casal", não haverá mudança. É preciso:

Tipificar e punir a bigamia com seriedade;
Responsabilizar servidores públicos que lavram atos ilegais;
Integrar sistemas cartorários para impedir registros duplos;
Garantir medidas reparatórias para as vítimas.

O silêncio protege o criminoso. A exposição protege a sociedade.


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