quinta-feira, 7 de maio de 2015

A UM AMIGO DISTANTE



Você ai tão longe. 
Por que não me pede noticias?
Por que não manda também ? Por acaso você sabe como vão as coisas ? Você sabe como vou eu? Não.Nem sequer sabe que mudei de endereço, que encrespei o cabelo, que já não sou a mesma. As coisas continuam a acontecer , engraçadas e tristes, alegres e sombrias, mas eu não sou a mesma. Como todo o mundo, eu absorvi o tempo e a minha idade cresceu.Ando ainda em busca de emoções ? Talvez sim. No dia-a-dia, pequenas aventuras, pequenos nadas, grandes nadas, grandes vazios.

Ultimamente uma obsessão: o tempo passa muito depressa. 
E o que a gente faz com esta segunda, esta terça, esta quarta, esta quinta, esta sexta-feira? Este fim de semana? Estes dias todos que correm num ritmo alucinado? Hoje já é junho, amanha será natal depois de amanhã o ano 2008. Ah!... Se eu pudesse agarrar um momento bom desta vida! brincaria com ele indefinidamente, o tempo eternamente parado,eternamente preso em minhas mãos ...

Os momentos se perdem rapidamente no passado; não há mais tempo para vive-los.A memória já não registra os acontecimentos; eles mal são percebidos. Aquela mágoa, um outro dia que me arrancou lágrimas, que me trouxe tremenda revolta, já não lembro mais. 
Vivi a tristeza apenas por um segundo. Não pude fazer mais do que isso; o redemoinho dos momentos seguintes impediu a corrente de lágrimas. Rapidamente elas secaram, deixando sulcos no rosto duro, sério envelhecido.

Uma noite dessas qualquer, eu me lancei dentro da vida, descobri o que existe por detrás do pano negro que envolve o sono, mas que, para muitos, é apenas o pano de fundo de loucas alegrias, de loucas violências, de loucas alucinações.Vivi então um deslumbramento quase completamente desconhecido. Rostos novos, figuras estranhas desfilavam pela chuva, com um entusiasmo que não se molhavam, que se aquecia com sua própria intensidade. Mas foi também um rápido instante que se perdeu. O dia seguinte trouxe a transformação de um céu sem nuvens, um sol brilhante e as obrigações. A noite tinha passado para sempre.

Depois,  em uma ocasião festiva o romance se esboçou. Uma pessoa á muito tempo querida se aproximou de mim e, depois do burburinho da noite, me prometeu coisas, através de beijos que tinha sabor de um inicio. Essa pessoa, que veio ao encontro da minha passiva carência de afeto se mantém e estes momentos de felicidade não deverão se extinguirem. 

Estas são as minhas notícias. Se quiser, se puder manda as suas. Quem sabe, ai tão longe, sua vida é contrário da minha; quem sabe, ai tão longe o tempo se perca mais devagar.

by Deise Brandão



segunda-feira, 4 de maio de 2015

10 coisas que o mundo me ensinou e tive que desaprender



Por Clara Baccarin

1. Aprender a desaprender
Acho que quero dizer com isso que aprendi a analisar antes de concordar com o que já vem pronto, e analisar pode ser uma atividade profunda, tem muito a ver com se conhecer, com não se deixar levar por ideias de grupos, amigos, namorados, família. Tem a ver com um diálogo interno e um afastamento das situações, por mais que elas envolvam emoções e vontade de pertencer e compartilhar ideias que o tornariam uma pessoa legal aos olhos alheios. Ouvir, entender e falar consigo mesmo, eu realmente acredito nisso. Qual é o outro lado da moeda? Qual é a opinião contrária? Enfim, tudo, absolutamente tudo, é contestável, tem dois lados e deve ser refletido.

2. O silêncio fala mais do que grandes conversas
A fala excessiva anestesia os sentidos e outras formas de perceber o mundo. O mundo sempre me ensinou que quem fala, quem se comunica, quem tem o dom da palavra dita alta é poderoso, inteligente, conhecedor de coisas desse mundo. Pode ser mesmo, mas o silêncio, o aprender a escutar e sentir não só as pessoas, mas os olhares, os gestos, as estações, os sorrisos ou as faltas deles, te leva a conhecer coisas além desse mundo. Shh! Fiquemos um pouco quietos e escutemos os ecos dentro de nós que sempre são abafados pela fala excessiva. O silêncio tem tanto para nos dizer!

3. É melhor ser inteira do que ser boa demais
Escrevi assim esses dias “o meu lado mais bonito é a minha amizade com o meu lado mais feio”. Eu não quero eliminar o meu lado feio, mas quero entende-lo e deixa-lo ficar, porque acredito que o lado feio sempre fica de todo jeito e acredito que ser muito bom é só uma habilidade de esconder esse lado debaixo do tapete e não olhar pra ele. Mas ele mostra as caras cedo ou tarde. Acho que conhece-lo é também saber lidar com ele. Estou desaprendendo a ser linda e boa para ser inteira!

4. “A preocupação é um desperdício da imaginação”
Li essa frase em algum lugar esses dias. E acho que é uma coisa que desaprendi, a não me preocupar tanto. Essa vida louca que nos faz pensar que devemos ser sérios, e termos sempre algo para nos preocupar. Claro que sempre há problemas: pessoais, sociais, políticos, culturais, ambientais… Evitar a preocupação exagerada não quer dizer fingir que os problemas não existem, mas é manter a calma para lidar com eles, é deixar de se preocupar sempre para poder usar o cérebro para algo mais prazeroso: imaginar! Lembrei agora de uma outra frase: “a imaginação é a inteligência se divertindo”. E eu acabo de criar mais uma frase agora: “a preocupação é a inteligência se poluindo”.

5. Ser distraído e bobo te levam além
Como o mundo prega a importância de estar o tempo todo ligado, preocupado, ativo, útil, maquinal… Como o mundo é um joguinho em que os espertos vencem, te deixam para trás, te usam se preciso, ambicionam e alcançam a qualquer custo. E os bobos, os do mundo da lua, os que conseguem imaginar histórias e ver detalhes, os distraídos que dormem e ainda sonham, que acordam e ainda sonham, que proliferam sentimentos, que conservam a capacidade de sentir ao invés de entender, esses vivem! E os que entendem tanto tudo e todos, que não caem em armadilhas, também desaprendem a se entregar e a viver profundamente, porque ao entender demais o medo surge e domina tudo. Benditos os distraídos que ainda conseguem, mesmo que por um tempo limitado, naufragar na beleza das emoções e das pessoas.

6. O meio termo e o equilíbrio não me servem
O mundo fica ensinando a ir em busca de um tipo de conforto que me parece, às vezes, nos fazer viver como zumbis – cegos e sonâmbulos. Queremos ver a vida através dos nosso olhos preocupados e da vontade atenta de não fazermos papel de bobo, e o nosso gol se torna alcançar um pedacinho no mundo em que sejamos mais espertinhos, em que conheçamos todos os cantos, em que nos relacionemos sem grandes conflitos e que possamos seguir uma rotina sem grandes descobertas. Para mim isso parece, além é claro de uma monotonia, um viver em cima do muro, num equilíbrio estático, chato e pobre. Prefiro o inferno ou o polo norte, o morno me exaure e me mata lentamente.

7. “Onde não puder amar não se demore”
Gosto muito dessa frase do escritor brasileiro Augusto Branco. Acho que a vida ensina a sermos rasos e insistentes, frios e comprometidos, focados e calculistas. Eu não. Sou profunda e não me demoro quando encontro campos inférteis, só fico se há amor, paixão, interesse… Há de haver um tempo dos amores crescerem e frutificarem? Sim, acredito nisso, tento cultivar amor, mas se ele não desponta, nem devagar, nem naturalmente, acredito na partida. Amor que é bom é orgânico, não precisa de tanta luta, nasce e cresce sozinho. Mas há pessoas que pavimentaram o próprio coração. E aí eu pergunto: para que desperdiçar sementes no asfalto? Desenvolvamos olhos para ver terras férteis! Maturidade é saber onde derramar a intensidade.

8. O trabalho não é a coisa mais importante do mundo
Pode até ser que seja, se for por uma causa, uma missão, uma paixão… Mas desacredito na ideia de que trabalho enobrece. Nem sempre, nem sempre. Muitas vezes, é bem o contrário disso. É triste ver que pagar as contas e construir uma aposentadoria, garantir um futuro confortável, seja o maior objetivo da vida das pessoas. Sei que pagar as contas é um mal necessário, mas não acho que esse deva ser o maior objetivo de todos.

9. A loucura é saudável
Loucura, palavra tão ampla de significados. Pode ser uma extravagancia, um exagero, uma imprudência. Pode ser uma fuga, uma tentativa cega no desconhecido, um experimento, um contato com o novo, uma curiosidade que te faz querer ir além do sensato. A minha loucura é apenas uma incapacidade de pertencer a estereótipos. Loucuras sensatas me interessam.

10. Eu não sou o que como, eu não sou o que tenho
Desaprendendo isso também, acredito apenas que: “Eu sou o que sonho”.

domingo, 3 de maio de 2015

Game transforma a casa do jogador em cenário de terror

Ambiente usado no jogo é casa do próprio jogador - REPRODUÇÃO

RIO — Imagine andar pelo corredor da sua casa e, quando entrar no seu quarto, dar de cara com um fantasma. É isso o que promete o jogo “Night Terrors”, que está levantando fundos no site de financiamento coletivo Indiegogo. Com o uso da realidade aumentada, o game faz um mapeamento digital do ambiente e, com a câmera e a lanterna do flash, cria efeitos aterrorizantes dentro da casa do jogador.


“Nosso objetivo é criar o jogo mais assustador de todos os tempos”, definem os produtores no site da campanha de financiamento. “É um jogo de horror muito imersivo, realístico e de realidade aumentada para dispositivos móveis. O jogo se passa em casa, após o anoitecer, com as luzes apagadas e os fones de ouvido colocados. É na sua casa. No seu apartamento. No seu ambiente”.

Pelo mapeamento prévio do ambiente, o sistema entende onde o jogador está e explora essa informação para criar situações assustadoras. No vídeo de demonstração, quadros caem das paredes e imagens fantasmagóricas surgem atrás das portas. A ideia é que as luzes da casa sejam apagadas e a única iluminação seja a lanterna de LED do flash. A ação se passa na tela do celular, que mostra as imagens reais captadas pela câmera misturadas com criaturas virtuais.

A história é simples: o jogador deve salvar uma garota, mas para isso precisa sobreviver. “Descobrir como fazê-lo é o desafio real”, dizem os produtores. O jogo está sendo desenvolvido para controlar o comportamento do jogador, dizendo onde ele deve ir e o que fazer.

“Se o jogo precisa que o jogador entre pelo corredor, ele o manipula para ir até lá. Se o jogo não quer que o jogador se mexa, ele apresenta uma situação na qual um movimento mataria o jogador”, escreveu Bryan Mitchell, criador da ideia, em um fórum no Reddit..

O projeto já levantou US$ 14.376 em dois dias, mas pede total de US$ 70 mil. A menor contribuição é de US$ 5, que dá direito a uma cópia do game quando ele estiver pronto. A previsão é de entrega em junho do ano que vem. Por US$ 25, os produtores oferecem uma versão personalizada, em que os atores chamam o jogador pelo nome; e por US$ 150, o doador vira um personagem do joguinho.

by O Globo

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