Nome completo Donatien Alphonse François de Sade
Nascimento
2 de junho de
1740
Paris,
Île-de-France
Reino da França
Morte
2 de dezembro de
1814 (74 anos)
Saint-Maurice,
Île-de-France
Reino da França
Ocupação escritor
Título Marquês de Sade
Donatien Alphonse François de Sade, o
Marquês de Sade (
Paris,
2 de junho de
1740—
Saint-Maurice,
2 de dezembro de
1814) foi um
aristocrata francês e
escritor libertino. Muitas das suas obras foram escritas enquanto estava na Prisão da
Bastilha, encarcerado diversas vezes, inclusive por
Napoleão Bonaparte. De seu nome surge o termo médico
sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros
[1]. Foi perseguido tanto pela monarquia (
Antigo Regime) como pelos revolucionários vitoriosos de 1789 e depois por Napoleão.
[2][3]
Filosofia
Além de escritor e dramaturgo, foi também filósofo de ideias originais, baseadas no materialismo do século das luzes e dos enciclopedistas. Lido enquanto teoria filosófica, "o romance de Sade oferece um sistema de pensamento que desafia a concepção de mundo proposta pelos dois principais campos filosóficos no contexto da França pré-republicana: o religioso e o racionalista".
[4] Sade era adepto do
ateísmo e era caracterizado por fazer apologia ao crime (já que enfrentar a religião na época era um crime) e a afrontas à religião dominante, sendo, por isso, um dos principais autores
libertinos - na concepção moderna do termo. Em suas obras,
Sade, como livre pensador, usava-se do
grotesco para tecer suas críticas morais à sociedade urbana. Evidenciava, ao contrário de várias obras acerca da moralidade - como por exemplo o "
Princípios da Moral e Legislação" de
Jeremy Bentham- uma moralidade baseada em princípios contrários ao que os "bons costumes" da época aceitavam; moralidade essa que mostrava homens que sentiam prazer na dor dos demais e outras cenas, por vezes bizarras, que não estavam distantes da realidade. Em seu romance
120 Dias de Sodoma, por exemplo, nobres devassos abusam de crianças raptadas encerrados num castelo de luxo, num clima de crescente violência, com
coprofagia, mutilações e assassinatos - verdadeiro mergulho nos infernos.
Questão da homossexualidade
A questão da suposta homossexualidade de Sade ("Terá sido Sade um pederasta?") foi formulada pela escritora francesa
Simone de Beauvoir no clássico ensaio 'É preciso queimar Sade? - Privilégios'. A autora conclui pela heterossexualidade de Sade, que sempre amou mulheres tolerantes a suas aventuras, embora tivesse um comportamento sexual atípico, defendendo o coito anal e chegando a pagar criados para sodomizá-lo publicamente em suas orgias, das quais a primeira mulher, Renné de Sade, teria participado. Atualmente, estudiosos da cultura e da literatura, como o sociólogo Ottaviano de Fiore, professor da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (
PUC-SP), compartilham a opinião de Simone de Beauvoir, creditando o comportamento e a imaginação literária do autor de '
120 Dias de Sodoma' a
neuroses relacionadas a
parafilias, como o gosto pelo lixo e pela sujeira, que na ficção sadeana desembocam na apologia do crime e na erotização da fealdade e das mais atrozes torpezas. "A crítica que faço à pergunta de Simone de Beauvoir é que, posta em sua época, ela remete à visão de seres humanos descontínuos,isto é, não vê, como atualmente se vê, um continuum humano, mas vê um mundo repartido em que gays e outras minorias seriam descontínuos em relação a um padrão de ser humano dito normal, isto é, o gay seria o outro, que não partilharia da mesma condição humana, ponto de vista hoje considerado preconceituoso e racista, pois o padrão de ser humano mudou", afirmou Ottaviano de Fiore.
Juliette de Sade
Zoloe e suas Amantes
O Estratagema do Amor
Os Crimes do Amor
A Filosofia na Alcova
Contos Libertinos
Diálogo entre um Padre e um Moribundo
Os
120 Dias de Sodoma
A Crueldade Fraternal
Os Infortúnios da Virtude
[
editar]Cinema
Muitos
filmes foram feitos sobre o autor e sobre a teoria de suas obras.
Marat/Sade, de
Peter Weiss (1966), peça que deu origem a filme.
Justine e Juliette (1968)
Filosofia na Alcova (1969)
De Sade (1969)
Saló ou 120 Dias de Sodoma do diretor
Pier Paolo Pasolini (1975).
Paixão cruel (1977)
Marquis (1989)
Princesa negra (1996)
Sade (1999)
Contos Proibidos do Marquês de Sade conhecida também como
Quills do diretor
Philip Kaufman (2000).
aline et valcour
Lunacy (2005) do diretor Jan Švankmajer.
[
editar]Cronologia
1740 - Nasce em
Paris em 2 de junho. Vive dos quatro aos dez anos de idade no Comtat-Venaissim.
1750 - Estuda no Collège Louis-le-Grand e também com preceptor particular.
1754 - É admitido na Escola da Cavalaria Ligeira.
1755 - Torna-se subtenente do regimento de infantaria do
rei.
1757 - É promovido a oficial. Tem início a
Guerra dos Sete Anos.
1759 - Torna-se capitão do regimento de cavalaria de
Bourgogne.
1763 - É desmobilizado e casa-se com
Reneé-Pélagie de Montreuil. Passa quinze dias na prisão de Vincennes por "extrema
libertinagem".
1764 - É recebido pelo parlamento de Bourgogne no cargo de lugar-tenente geral das províncias de
Bresse,
Bugey,
Valromey e
Gex.
1765/1766 - Mantém relacionamentos públicos com atrizes e dançarinas.
1767 - Falece o conde de Sade, seu pai, e nasce o seu primeiro filho, Louis Marie de Sade.
1768 - Primeiro grande escândalo: a mendiga Rose Keller processa o Marquês por maus tratos, em
Arcueil. Sade é detido em
Saumur por quinze dias, e depois em Pierre-Encise, perto de
Lyon, por sete meses. Festas e bailes sucedem-se em seu castelo de La Coste, na
Provence.
1769 - Nasce seu segundo filho, Donatien Claude Armand de Sade.
1771 - Nasce sua filha, Madeleine Laure de Sade.
1772 - Segundo grande escândalo: em
Marselha, quatro
prostitutas processam Sade e seu criado Latour por flagelações,
sodomia e ingestão forçada de uma grande quantidade de cantárida (pó de asas de besouros africanos, capaz de provocar estado de excitação sexual no homem e na mulher)
afrodisíaco. É condenado à morte por
sodomia. Foge para a Itália. Na cidade de Aix-en Provence, a 12 de setembro, é executado junto com Latour em efígie (isto é, bonecos simbolizando Sade e seu criado foram publicamente executados, na ausência dos verdadeiros réus). Detido em
Chambéry, é encarcerado em
Miolans, na
Savoie.
1773 - Foge em
Miolans. Sua sogra, madame de Montreul, obtém licença do rei para prendê-lo e confiscar seus documentos, mas sem resultado.
1774 - Isola-se em seu castelo em La Coste.
1775 - Organiza diversas
orgias em seu castelo. Risco de novo escândalo. Foge novamente para a
Itália.
1776 - Volta à
França.
1777 - Falece sua mãe, madame de Sade. É capturado em
Paris e encarcerado em Vincennes.
1782 - Finaliza o Dialogue entre un prêtte et un moribond.
1784 - É transferido para a
Bastilha.
1785 - Conclui Les Cent vingt journées de Sodome.
1787 - Redige contos e pequenas histórias.
1788 - Escreve Eugénie de Franval e Justine, Les infortunes de la ventu. Organiza um catálago de suas obras.
1789 - Provavelmente neste ano, conclui Aline Et Valcour. É transferido precipitadamente para Charenton, na noite de 3 de julho para 4 de julho. Com a
tomada da Bastilha, são pilhados seus documentos e bens pessoais.
1790 - É libertado de Charenton. Inicia sua ligação com
Marie-Contance Quesnet, que não mais o abandonará.
1791 - Publica clandestinamente Justine ou Les malheurs de la vertu. Escreve seu primeiro texto político. É também o ano da primeira montagem de Oxtiern.
1792 - O castelo de La Coste é pilhado. Le Suborneur é levado à cena, sem sucesso.
1793 - Redige novos textos políticos. É mais uma vez acusado e detido.
1794 - Prisioneiro em Carmes, Saint-Lazane, na casa de saúde de Picpus. É condenado à pena de morte e posteriormente liberado.
1795 - Publica clandestinamente La philosophie dans le boudoir e, oficialmente, Aline et Valcour.
1796 - "Oxtiern" é levado novamente à cena, agora em
Versalhes, onde seu autor vive de forma muito modesta. A ele cabe o papel de Fabrice.
1800 - Publica oficialmente Oxtiern e Crimes de l'amour, e, clandestinamente, La nouvelle Justine.
1801 - É detido na editora Massé, que publica suas obras, onde também ocorre a apreensão da edição ilustrada em dez volumes deLa nouvelle Justine e também de Juliette. Permanece preso em
Saint-Pálagie e depois em
Bicêtre.
1803 - A família obtém suas transferência para Charenton, onde ele passa a organizar espetáculos com os "
loucos", que se tornam atração para visitas da aristocracia parisiense.
1807 - Escreve Journées de Florbelle. Os manuscritos desse livro, apreendidos em seu quarto, seriam queimados em praça pública por seu próprio filho, depois de sua morte.
1813 - Publica oficialmente La Marquise de Gange
1814 - Morre em
2 de dezembro, em Charenton.
[
editar]Ver também
O
Wikiquote possui citações de ou sobre:
Marquês de Sade
Sadismo
Iluminismo
Referências
↑
a b Biografia do Marquês de Sade (em
português). Netsaber Biografias. Página visitada em 2 de junho de 2012.
↑ Giovana Sanchez.
A orgia de Marquês de Sade (em
português).
Editora Abril. Página visitada em 10 de julho de 2010.
↑ Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes.
Formação discursiva e verdade em contos proibidos de Marquês de Sade (em
português).
UFAC. Página visitada em 10 de julho de 2010.
↑ Serravalle de Sá, Daniel (Dezembro, 2008).
O Marquês de Sade e o Romance Filosófico do Século XVIII (artigo) (em português). Revista Eutomia, ano 1, número 2, dezembro. Pernambuco: EDUFPE, 2008, pp. 362-377. Página visitada em 2009-02-09.
[
editar]Ligações externas
O Marquês de Sade e o Romance Filosófico do Século XVIII (em
português)
O corno de si próprio e outros contos
by Wikipédia, a enciclopédia livre.