sábado, 9 de agosto de 2014

JBS-Friboi é condenada em R$ 300 mil por servir comida estragada e contaminada com larvas a funcionários


Imagem: Reprodução/Bhaz
O Grupo JBS, maior processador de carnes do mundo, detentor da marca Friboi, foi condenado em segunda instância a pagar uma indenização de R$ 300 mil por danos morais, após ser acusado pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso de servir comida contaminada com larvas de moscas a funcionários.






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O caso ocorreu em 2012, em um frigorífico da empresa na cidade de Juína (MT).


Além de servir comida estragada, a empresa também foi acusada de colocar a saúde dos trabalhadores em risco ao não controlar vazamentos de gás de amônia, que é tóxico, nas câmaras de refrigeração da unidade.

A Procuradoria pedia indenização de R$ 2,3 milhões, valor que foi acatado pelo juiz de primeira instância. A empresa recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho em Mato Grosso, que reduziu a pena a R$ 300 mil.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a JBS afirmou que não comenta processos em andamento.

Tanto a empresa quanto o Ministério Público ainda podem recorrer da decisão.

by Gazeta Social

Se reprisar num debate na TV o palavrório sem pé nem cabeça sobre a CPI dos Farsantes, a mulher que fala dilmês vai abreviar o naufrágio do barco sem rumo


Encerrada a sabatina promovida nesta quarta-feira pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a programação foi em frente com a sequência de cinco perguntas a Dilma Rousseff formuladas por jornalistas escolhidos por sorteio. A presidente pareceu pouco à vontade com a primeira, que tratou de questões econômicas. Pareceu mais tranquila com as três seguintes, que versaram sobre assuntos agrícolas. A quinta e última quis saber o que tinha a dizer a entrevistada sobre o envolvimento de servidores do Palácio do Planalto na trama forjada para reduzir a CPI da Petrobras a uma ação entre comparsas infiltrados no Congresso e no governo.
Antes que a pergunta chegasse ao fim, a fisionomia de Dilma avisou que o copo até aqui de cólera começara a transbordar. O palavrórioreproduzido pelo site de VEJA permite contemplar a erupção retórica que sacudiu a cabeça que preside o país há mais de três anos e meio. Em poucos segundos, o neurônio solitário enriqueceu a paisagem do Brasil Maravilha com outro monumento à maluquice construído apenas com vogais e consoantes. Confira:

“Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás.  Você sabe que há uma simetria de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”.
Reveja sem pressa a catarata de frases sem pé nem cabeça. É inútil chamar o intérprete: o dilmês primitivo não tem tradução em língua de gente. É inútil chamar o psiquiatra: cérebro baldio não tem conserto. Tampouco adianta chamar o marqueteiro: nem o maior dos tribunos poderá decorar o que será dito necessariamente de improviso. É impossível, portanto, impedir que Dilma Rousseff protagonize derrapagens semelhantes à ocorrida há poucas horas.
Imagine a presidente, no meio do debate na TV, reincidindo num falatório tão alucinado quanto o produzido neste 6 de agosto. Em vez de comentar por 1 minuto o que acabou de ouvir, como estabelecem as regras dos duelos do gênero, o adversário da candidata ao segundo mandato deve confessar que não entendeu nada, doar os 60 segundos à  adversária e pedir-lhe que use esse tempo para tentar explicar o que quis dizer. Isso bastará para consumar o naufrágio do barco pilotado por uma navegante sem rumo.
by Augusto Nunes
Veja

Homem morre na Inglaterra após cigarro eletrônico explodir

PA

Um britânico morreu durante um incêndio provocado pela explosão de um cigarro eletrônico. O fogo teria atingido o tubo de oxigênio que a vítima usava, informou nesta sexta-feira o Corpo de Bombeiros de Merseyside, na Inglaterra.

O homem, de 62 anos, cujo nome não foi revelado, foi encontrado morto na sala de estar de casa em Wallasey, no noroeste do país.

Segundo os bombeiros, o pequeno incêndio se extinguiu sozinho antes de a equipe chegar à casa da vítima. A causa exata da morte ainda não foi divulgada. Um inquérito foi aberto pelas autoridades locais.

Alerta

Segundo um porta-voz do Corpo de Bombeiros, "uma investigação inicial sobre as causas do incêndio identificaram que um cigarro eletrônico que estava carregando no quarto explodiu. O objeto pegou fogo e incendiou um tubo de oxigênio que talvez estivesse sendo usado pela vítima".

Myles Plat, comandante do Corpo de Bombeiros local, acrescentou que "a sindicância para apurar as causas do incêndio continua, mas nesse momento acreditamos que o carregador que estava sendo usado talvez não fosse o original de fábrica".

"Recomendamos às pessoas que sempre usem o equipamento original de fábrica e em linha com as instruções do fabricante. Também lembramos que tais objetos não devem ser deixados carregando de um dia para o outro ou abandonados ligados em uma corrente elétrica por um longo período. Além disso, não misture partes de diferentes cigarros eletrônicos", afirmou Plat.

Desde janeiro, nove incêndios envolvendo cigarros eletrônicos foram registrados em Merseyside.

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Em evento evangélico, Dilma cita salmo "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor"

Ao começar a fala para um público de 5 mil pessoas, a presidente garantiu que o Estado brasileiro é laico

08/08/2014 | 15h42
Em evento evangélico, Dilma cita salmo "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor" Ichiro Guerra/Divulgação
Esta é a segunda vez em uma semana que a presidente se encontra com o público evangélicoFoto: Ichiro Guerra / Divulgação
A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), participou de uma cerimônia religiosa na manhã desta sexta-feira, e, apesar de abrir a sua fala garantindo que o "Estado brasileiro é um Estado laico", fez citações de orações e falou em nome de Deus em alguns momentos do discurso.
– Todos os dirigentes desse país dependem do voto do povo e da graça de Deus, eu também – disse para um público de 5 mil pessoas, durante Congresso Nacional de Mulheres das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, no Brás, região central da capital paulista.
A presidente citou por duas vezes um salmo de David: "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor". Durante sua fala, Dilma foi aplaudida 18 vezes e, ao final do culto, recebeu uma bênção da plateia e muitos aplausos.
Presidente destaca importância da Assembleia de Deus
Dilma reconheceu a importância do trabalho feito pelas assembleias de Deus e destacou que nenhum governo consegue fazer sozinho tudo que precisa ser feito.
– Fizemos nossa parte, graças a Deus. Mas nesses primeiros quatro anos, vimos que um trabalho em parceria é muito mais forte. Nenhum governo, sozinho, sem essas entidades, essas instituições, com é o caso da Ciben, sem vocês nós não fazemos sozinhos o trabalho – afirmou, sob aplausos.
– Reconheço a autoridade e a qualidade do trabalho prestado ao longo dos 103 anos da igreja evangélica Assembleia de Deus, em todos os Estados, em todos os rincões, nas partes mais isoladas, nas periferias das grandes cidades, no interior – completou.
Segundo a presidente, o trabalho da igreja tem ajudado a reconstruir histórias de vida e a devolver esperança "aos carentes, aos mais necessitados e aos excluídos".
Após a fala de Dilma, o líder da igreja, bispo Manoel Ferreira, usou um bordão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para agradecer a presença de Dilma:
– Nunca ouvi antes, na história deste País, o presidente reconhecer o trabalho das Assembleias de Deus. Nem o Lula, que é meu amigo – afirmou.
O bispo disse ter ficado muito satisfeito com as palavras de Dilma. O bispo-presidente Samuel Ferreira também elogiou Dilma e disse que "se sentiu gente" com as palavras da presidente.
– Dilma, nós lhe respeitamos, mas mais do que isso: nós lhe amamos – afirmou Samuel, pedindo que as palmas para a presidente fossem ainda mais fortes.
Esta é a segunda vez em uma semana que a presidente se encontra com o público evangélico, que soma hoje mais de 40 milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na quinta-feira passada, Dilma participou da inauguração do Templo de Salomão, complexo religioso construído no mesmo bairro pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), com capacidade para receber até 10 mil fiéis.
by Zero Hora

"Anitta já nasceu como produto", diz psiquiatra que estuda o consumismo


09/08/2014 


Ana Beatriz Barbosa Silva - psiquiatra estudou o consumismo a fundo (Foto: Divulgação)

Você é consumista? Se sim, relaxe; é como a maioria da população. É o que afirma a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, que se tornou fenômeno editorial com a série 'Mentes', com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos no Brasil. Na próxima semana, ela lança Mentes Consumistas - Do Consumismo à Compulsão por Compras (Ed. Principium). "Eu mesma fui consumista até os 35 anos sem saber. Mas de 38 para cá (ela tem 49) minha vida começou a ficar boa. Hoje teria condição de gastar muito mais, mas tenho prazer em dizer não independente do preço", afirma Ana que acredita que algumas grifes não vão gostar muito do que ela escreveu. "É porque abordo uma nova maneira de consumir".
Compramos porque queremos ou porque somos induzidos?
Tentei entender como funciona o cérebro para que possamos comprar porque queremos, pelas nossas próprias memórias e não por manipulação. Enquanto houver o consumismo desenfreado, nunca vai haver igualdade social. Abordo o consumo saudável, consciente. Hoje em dia ninguém pode parar de trabalhar às 17h, bater um papinho no Ibirapuera e ouvir o Bolero de Ravel. Parte dessa energia foi transformada em ansiedade; o prazer foi todo para as compras.
Qual a diferença entre consumo e compulsão?
Consumir é preciso para viver, mas viver para consumir pode ser uma das maneiras mais eficazes de transformar a vida numa morte existencial. Se você não tem dívidas, não é consumista, mas sua vida está paralisada por causa disso, você é um viciado, exatamente como um drogado. Existe gente que tira etiqueta das roupas, deixa as coisas na mala do carro e camufla objetos no armário, ou seja, o prazer está no ato de comprar, não de usar.
Tem exemplos de produtos criados pelo marketing?
As concessionárias de carros adotam aquele cheiro do carro novo, as lojas puxam pelo olfato, porque é uma das coisas mais primitivas e descontroladas que a gente tem. As marcas estão se sofisticando e vendendo aromatizante por estação. É tudo pensado, mas é tudo um grande jogo de ilusão. Você sonha e nós vendemos o sonho para você. Essa cantora Anitta já nasceu como produto. Daqui a um ano ela não estará vendendo mais nada e vai entrar numa depressão profunda. Tenho certeza de que ela não tem nem noção de que é um produto. Agora uma cantora que conseguiu enfrentar a coisa do produto com dignidade foi Marisa Monte. Ela mostrou o que é fazer um produto raro, desejado, e que não tem toda hora. De dois em dois anos, no máximo, ela volta com seu reinado e a gente ama. Para sobreviver tem que se reinventar, que recriar, vintage é para Madonna, diva não fica velha, fica vintage.
O que causa a compulsão?
Dois aspectos: um perfil impulsivo, em que a pessoa busca o prazer quase de forma repetitiva e faz coisas para se sentir bem de forma imediata; e o obsessivo, em que ela faz a compra, tem o prazer e quer repetir. Outra coisa é que o povo de marketing sabe tudo de neurociência e tenta sempre suprir as necessidades sociais dentro de um sistema econômico. Somos impelidos a comprar, caso contrário, nos sentimos como se estivéssemos fora do contexto de beleza, poder e prazer.
A compulsão tem cura?
É uma doença silenciosa e, quando o problema explode, vários parentes já quitaram as suas dívidas. Os doentes têm uma disfunção e temos que reajustar em sessões. Bioquimicamente, eles estão com deficiência de alguma substância. Para repô-las, existem dois tipos de medicamento para diminuir os pensamentos obsessivos e a impulsividade. Costumo dizer que o primeiro cartão de crédito você nunca esquece, mas eu faço o paciente entregar todos e levo um tesourão simbólico para cortá-los. Os maridos adoram. No fim, aquela mesma pessoa chega ao consultório de calça jeans e camiseta, linda de doer. Fica leve. Existe elegância na simplicidade.
Qual o futuro da nova geração de consumistas?
Tenho muita esperança na nova geração que já cresceu com smart phones e têm um cabedal de informação. Nunca o capitalismo teve tanto dinheiro no mundo. A última crise não foi por falta de capital, mas de ética. Está tudo ficando acessível e vamos satisfazer essa ansiedade que causa o consumismo como? Conversei com economistas americanos que me falaram sobre 'capital espiritual', que é chegar numa hora em que materialmente vamos estar tão nutridos que buscaremos algo que o dinheiro não compra. Vamos ter uma evolução para o altruísmo. Hoje nos Estados Unidos tem gente investindo em grandes resorts para pessoas discutirem o sentido da vida, o que faz bem para a alma. O próprio Bill Gates está erradicando hepatite na África. Chegará a um ponto que as pessoas têm que dar um sentido à vida e se reinventar, porque as pessoas estão ficando enfadonhas.
Vamos passar por uma revolução em 10 anos que quero estar sentada para ver. As grandes grifes vão sacar e vender um produto eterno. Eles vão entender que o próximo desejo será mais do que material, um produto que não é descartável, tipo o pretinho básico da Chanel, que será eterno. A gente vai consumir por um conceito, comprar por um objetivo, para ter uma identidade que a grife está criando comigo e me ajudando e me reinventar.

Em 16 anos, poluição do ar matará até 256 mil no Estado de SP Projeção feita para SP alerta que 59 mil mortes ocorrerão somente na capital


São Paulo - A poluição atmosférica vai matar até 256 mil pessoas nos próximos 16 anos no Estado. Nesse período, a concentração de material particulado no ar ainda provocará a internação de 1 milhão de pessoas, e um gasto público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão, de acordo com projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP. A estimativa prevê que ao menos 25% das mortes, ou 59 mil, ocorram na capital paulista.
Os resultados indicam que, no atual cenário, a poluição pode matar até seis vezes mais do que a aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsito e câncer de mama. A população de risco, ou seja, as pessoas que já sofrem com doenças circulatórias, respiratórias e do coração, serão as mais afetadas, assim como crianças com menos de 5 anos que têm infecção nas vias aéreas ou pneumonia.
Entre as causas mais prováveis de mortes provocadas pela poluição, o câncer poderá ser o responsável por quase 30 mil casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e outras doenças respiratórias extremamente agravadas pela poluição podem representar outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no período.
Doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da USP e uma das autoras da pesquisa, Evangelina Vormittag afirma que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem como base dados de 2011, comprova a necessidade de o poder público implementar medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar. Nessa lista estão formas alternativas de energia, incentivo ao transporte não poluente, como bicicleta e ônibus elétrico, redução do número de carros em circulação e obrigatoriedade de veículos a diesel utilizarem filtros em seus escapamentos.
O programa de instalação de faixas exclusivas de ônibus e de ciclovias na capital, desenvolvido pelo prefeito Fernando Haddad (PT), é indicado como bom exemplo, ainda que os resultados para a saúde pública não estejam mensurados.
Padrões. A chave para reduzir os efeitos provocados pelo material particulado – nome dado ao conjunto de poluentes soltos no ar, como poeira e fumaça – ainda passa, na análise da professora Evangelina Vormittag, por uma revisão nos padrões adotados pelo governo brasileiro para medir a poluição do ar. "O nosso padrão é baixo em relação ao adotado pelos demais países. É por isso que, constantemente, os índices de qualidade do ar divulgados pelos órgãos ambientais são considerados bons”, diz.
Para efeito de comparação, o padrão diário aceito pelo Brasil é de 150 microgramas por metro cúbico. Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece índice máximo de 50 microgramas por metro cúbico. "É o triplo, uma diferença muito grande, que precisa ser reduzida”, afirma Evangelina. Para a pesquisadora, apesar de ousada, a meta de seguir a recomendação da OMS deve ser almejada. "Temos de estabelecer uma forma de chegar a esse patamar. Para isso, é necessário estabelecer prazos, divididos em etapas. ”A mudança está em discussão no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Se adotada, não apenas a capital poderia ser beneficiada, mas diversas outras cidades em situação crítica no Estado. Ao contrário do que se imagina, São Paulo não lidera o ranking paulista de poluição atmosférica, segundo levantamento do instituto. O topo da lista é ocupado por Cubatão, seguida por Osasco, Araçatuba, Guarulhos e Paulínia. A capital aparece na 11.ª posição.

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa


A CPI da Petrobras foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT no Senado decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos investigadores as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores. A trama foi gravada em vídeo.
Hugo Marques

Era tudo farsa. Mas começou parecendo que, dessa vez, seria mesmo para valer. Em março deste ano, os parlamentares tiveram um surto de grandeza institucional. Acostumados a uma posição de subserviência em relação ao Palácio do Planalto, eles aprovaram convites e convocações para que dez ministros prestassem esclarecimentos sobre programas oficiais e denúncias de irregularidades. Além disso, começaram a colher as assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI destinada a investigar os contratos da Petrobras. Ventos tardios, mas benfazejos, finalmente sopravam na Praça dos Três Poderes, com deputados e senadores dispostos a exercer uma de suas prerrogativas mais nobres: fiscalizar o governo. O ponto alto dessa agenda renovadora era a promessa de escrutinar contratos firmados pela Petrobras, que desempenha o papel de carro-chefe dos investimentos públicos no país. Na pauta, estavam a suspeita de pagamento de propina a servidores da empresa e o prejuízo bilionário decorrente da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, operação que jogou a presidente Dilma Rousseff numa crise política sem precedentes em seu mandato. O embate estava desenhado. O Legislativo, quem diria, esquadrinharia o Executivo. Pena que tudo não passou de encenação.     
VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido.
A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.    
Geraldo Magela/Ag. SenadoJosé Eduardo Barrocas
TEATRO: Parecia uma encenação — e era mesmo. As perguntas que seriam feitas pelos parlamentares ao ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foram enviadas a ele antes do depoimento por José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da estatal em Brasília, que aparece no detalhe da foto

Depois de amputação de braços e pernas, jovem lança livro de superação


8/2014 19h53Pedro Pimenta - jovem escreve livro de superação depois de amputação de membros (Foto: Joey Clay)

Pedro Pimenta era saudável, estudioso, esportista e baladeiro, como todo adolescente de 18 anos. Em 2009 ele foi internado e diagnosticado com meningococcemia - infecção generalizada causada por uma bactéria. Os médicos deram 1% de chance de sobreviver. Pedro conseguiu, mas amputou os quatro membros - os braços, acima do cotovelo, e as pernas acima do joelho. Dez meses depois nunca mais sentou numa cadeira de rodas, mora sozinho na Flórida, Estados Unidos, onde faz faculdade de economia, e acaba de lançar o livroSuperar é Viver (Leya). "Essa bactéria não é rara e nosso corpo a elimina, mas o meu sistema imunológico estava muito baixo", explica Pedro. No hospital, ele ficou em coma induzido por uma semana e, quando acordou ouviu e viu a notícia. "Quando abri os olhos meus braços e pernas estavam gangrenados. Num dia sou um cara de 1,80 metros, no outro meus membros estavam apodrecidos. Foi um choque", afirma ele, que teve que fazer enxertos tirando pele da barriga e colocando nas pernas. Mas nada desanimou o rapaz. "Quando acordei do segundo coma perguntei sobre o show do AC/DC que teria em São Paulo. Minha família já tinha comprado ingressos duas semanas antes. Consegui a liberação do meu médico para ir de ambulância e voltar imediatamente - isso dois meses depois da cirurgia. Isso me deu mais energia para suportar o resto", diz Pedro.
"Fui condenado a uma vida na cadeira de rodas, sem ter independência. Uma das coisas que me ajudou muito foi estudar música eletrônica no hospital no computador - eu conseguia mexer com os restos dos braços. Até ganhei um concurso internacional de remixes. Por isso não tive depressão, porque tracei metas para manter minha cabeça distraída". Sua 'nova vida' com próteses começou em 2010, seis meses depois de sair da internação. "Comecei a assistir à vídeos de amputados que andavam uma barbaridade. No fim, sempre via a logotipo de uma empresa - poxa, eu sou um baita cliente para uma empresa de próteses. Conheci o vice-presidente da empresa e comecei a fazer um tratamento em Oklahoma (EUA), para ex-soldados feridos do Iraque e Afeganistão que viviam sem cadeira de rodas. Ele me disse: 'você tem que se adaptar o mundo e não o contrário'. Isso mudou minha vida. Foi um treinamento bruto e saí de lá muito mais forte. Desde dezembro de 2010 não uso mais cadeira de rodas. Se você quer chegar a esse nível tem que ser uma pessoa regrada, porque gastamos cinco vezes mais energia do que uma pessoa normal para andar", diz ele.
Quando entrava num restaurante ou lugares públicos fazendo tudo sozinho, as pessoas olhavam para Pedro com ar de admiração e foi assim que começou a receber convites para dar palestras. Em 2012 se mudou para a Flórida para fazer faculdade de economia, conseguiu uma namorada, dirige carro sem adaptação, escova os dentes, faz sua própria comida, enfim, vive uma vida normal. "No início eu colocava minhas próteses em 40 minutos, hoje consigo em cinco minutos. Cheguei num nível de independência que não poderia imaginar", diz ele, que vê mais problema em subir escadas e não em encontrar namoradas. "Arrumei uma namorada muito rápido e isso é como você se enxerga, tendo ou não mãos e pernas", afirma. O que mais mudou dentro de você? "Hoje sou um cara mais atento às dificuldades alheias, ao sofrimento do outro. Quero fazer algo filantrópico porque tenho muito prazer quando sirvo de mentor a outro amputado. Isso para mim é uma missão de vida, servir de exemplo positivo para as pessoas. Na minha casa não tem nada adaptado, lavo, cozinho, limpo a casa e, em vez de ficar desesperado e mandar tudo para o inferno, quebrei tudo em desafios pequenos. Uso a mentalidade para me considerar um cara normal e dizer não às adaptações. Nunca fiz terapia na vida. Sou muito teimoso, mas acredito que quem resolve meus problemas sou eu mesmo", diz.
Trechos do livro:
“Neste livro vou contar minha história de vida: como um garoto paulista de classe média, que como tantos outros ainda não tinha definido que carreira seguir, sofreu uma terrível fatalidade, aprendeu a encarar as consequências e se tornou um homem que supera suas dificuldades com determinação e trabalho duro. Mas não se engane: apesar do curto espaço de tempo — pouco mais de quatro anos — esse foi um processo árduo repleto de momentos de medo, insegurança e muita dor. Encaro meus braços e pernas como ferramentas que perdi. Elas foram substituídas por outras que não funcionam tão bem, mas que me possibilitam fazer quase tudo que fazia antes. De modo diferente, mas que de forma alguma condicionam a minha felicidade”.
“Não há nada mais compensador que testemunhar a transformação das personalidades ao fim do trabalho, saber como fui importante para mudar suas mentalidades. Minha vida é uma luta diária, acompanhada sempre pela dor. Não mato um leão, mas um zoológico por dia. Em vez de me entregar à tristeza, penso em como posso dedicar ainda mais tempo e esforço para avançar com meus projetos e planos”.

Turistas pagam para serem trancados em porões de Budapeste e tentar fugir

09/08/2014 06h00 - Atualizado em 09/08/2014 06h00

'Jogos de fuga' em prédios em ruínas se tornaram populares entre turistas.

Participantes têm que resolver enigmas e abrir cadeados para escapar.

Da Reuters

Jogadora procura por pistas em uma prisão fictícia no jogo de fuga TrapFactory em Budapeste (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)

Em um prédio antigo em ruínas de Budapeste, turistas pagam para serem trancados em uma sala e tentar escapar resolvendo uma série de enigmas, abrindo cadeados e tentando adivinhar formas de sair de lá.
“O Buraco do Coelho”, inspirado na história de “Alice no País das Maravilhas”, é um dos cerca de cem jogos de fuga que se espalharam pela capital húngara nos últimos três anos e que já se transformaram em atrações populares entre os turistas.
Jovem procura pistas para "escapar" de sala de fuga no ExitPointGames, em Budapeste (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)Jovem procura pistas para 'escapar' de sala de
fuga no ExitPointGames, em Budapeste
(Foto: Laszlo Balogh/Reuters)
Esses jogos de fuga tiram vantagem da grande quantidade de porões decrépitos e casas velhas em ruínas de Budapeste – os mesmos lugares que abrigam os “bares em ruínas”, já bem conhecidos na cidade.
Na última semana, a Hungria organizou seu primeiro festival nacional de jogos de fuga, com centenas de equipes nacionais e estrangeiras participando por todo o país.
Andras Maldrik e Zeno Zoltan Ferencz, donos do ExitPointGames, que opera três salas de fuga no bar em ruínas Fogaskert, dizem que o jogo funciona bem quando requer aptidões variadas, como procurar pistas e resolver quebra-cabeças usando tanto a lógica quanto habilidades mecânicas.
Eles abriram sua primeira sala de fuga dois anos atrás, com um investimento de apenas US$ 3 mil. Agora, estão exportando suas ideias para o exterior e criando empreendimentos parecidos em Viena e em Bucareste.
O ExitPointGames tem dois jogos: Madness, que se passa em uma enfermaria psiquiátrica fictícia, e Mirrors. Depois de “escaparem”, os visitantes podem se recuperar com petiscos e bebidas no bar.
Outro ambiente para jogos de fuga, o TrapFactory, tem uma moderna sala de conferências para sediar eventos corporativos de desenvolvimento de equipes. O negócio abriu em dezembro em uma antiga fábrica da era comunista e tem seis salas.
Atração turística popular
Equipe tenta resolver enigma na sala medieval do TRAP, jogo de fuga em Budapeste (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)Equipe tenta resolver enigma na sala medieval do TRAP, jogo de fuga em Budapeste (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)
No site de viagens TripAdvisor, dois jogos de fuga, TRAP e Claustrophilia, estão na segunda e na terceira posição entre as atrações mais populares de Budapeste entre viajantes.
Jogador tenta escapar de uma prisão fictícia no jogo de fuga TrapFactory em Budapeste (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)Jogador na 'prisão' do TrapFactory
(Foto: Laszlo Balogh/Reuters)
O TRAP também existe em outras cidades europeias. Em uma de suas salas em Budapeste, turistas podem viajar no tempo para o antigo Egito em um porão que parece uma câmara funerária, ou para a Idade Média em ambientes que lembram o interior de um castelo medieval.
Os jogos custam cerca de 12 mil florins por equipe (cerca de R$ 120).
Istvan Karacsony, gerente no TRAP, diz que funcionários assistem aos jogadores por um circuito de televisão e dão dicas se eles parecerem em apuros ou “emperrados”.

Após desistir de cirurgia bariátrica, técnico gráfico emagrece quase 80 kg

09/08/2014 
Psicóloga disse que Milton Bispo Júnior não estava pronto para a cirurgia.
No início, para evitar as tentações, ele recorreu à marmita feita pela esposa.

Fabíola GleniaDo G1,
em São Paulo
Milton Tomaz Bispo Júnior emagreceu 76 kg em 13 meses (Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)Milton Tomaz Bispo Júnior pesava 156 kg e, após 13 meses, chegou aos 80 kg (Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)
Com 1,78 m de altura e 156 kg, o técnico gráfico Milton Tomaz Bispo Júnior estava passando por uma bateria de exames para fazer a cirurgia de redução de estômago, quando ouviu da psicóloga que fazia o acompanhamento do seu caso que ele não estava pronto para a intervenção. “Isso foi determinante. Fiz todos os exames, mas fiquei com medo e desisti. Então, se eu estava gordo e não podia fazer a cirurgia, eu tinha que fazer alguma coisa”, relata.
A família inteira de Júnior é “redondinha”, segundo ele. “Todo mundo é pesadinho, é genético”, diz. Mas seu caso começou a se tornar mais grave a partir dos 11 anos de idade, quando um problema ortopédico exigiu cirurgia e muito tempo de repouso. Nessa fase, as “tranqueiras” – como bolachas recheadas, chocolates e salgadinhos – viraram suas companheiras de recuperação, e o peso só fez aumentar.
Milton Tomaz Bispo Júnior emagreceu 76 kg em 13 meses (Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)Técnico gráfico com suas professoras de ginástica
(Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)
Já adulto, o técnico gráfico diz que era viciado em carne vermelha e refrigerante. “Comia em grande quantidade, muita carne vermelha, churrascaria todo dia. Não comia nada de saudável, zero, não gostava”, conta. Para piorar o cenário, ele trabalhava de madrugada e confessa que, muitas vezes, seu café da manhã era um lanche de fast food.
Impossibilitado de fazer a cirurgia após a avaliação da psicóloga, e preocupado com sua saúde – a pressão de Júnior estava alta, chegou a 16 x 11, e o médico disse que era por causa do peso – em junho do ano passado, o paulistano de então 25 anos decidiu mudar drasticamente seus hábitos. Em vez de ir à churrascaria, ele passou a levar marmita para a hora do almoço. “Onde trabalho, não pode levar marmita, mas conversei com meu gestor, expliquei que era uma questão de saúde e ele deixou. Optei pela marmita porque, no começo, eu não ia ter controle.” Só depois de quatro meses ele se sentiu seguro para voltar a almoçar com os amigos em qualquer lugar.
Vencer a “mobilidade zero”, como ele mesmo define seu nível de atividade física antes da mudança, foi mais complicado. “Fui a várias academias, e não gostava de nenhuma, até que conheci uma academia com acompanhamento de personal trainer. Esse foi o grande X da questão, você não faz sozinho, está sempre acompanhado. Foi o que me deu ânimo”, relata.
“No começo eu queria emagrecer 30 quilos, o plano era esse. Quando cheguei perto dos 100 kg, decidi que queria sair dos três dígitos. Depois de baixar dos 100 kg, fui ao médico, achei que estava arrasando, e ele disse: para a sua altura, para o seu porte, é 80 kg. Fui a outro médico, que repetiu a mesma indicação. Então eu decidi: vamos buscar os 80 kg.”
Hoje, pouco mais de um ano depois, o técnico gráfico conquistou os 80 kg, o que significa que ele emagreceu 76 quilos. A atividade física bem orientada ajudou a evitar a flacidez e Júnior conquistou um corpo definido. Mas ele não se deixa seduzir pela vitória. “Não tem como considerar uma batalha vencida, é uma luta diária. A grande questão está nessa disciplina do dia a dia. A ajuda da minha mãe e da minha esposa foram fundamentais. Eu me cerquei de ajuda, porque sozinho ninguém consegue nada.”
Milton Tomaz Bispo Júnior emagreceu 76 kg em 13 meses (Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)Paulistano diz que apoio da família e dos profissionais foi fundamental (Foto: Arquivo pessoal/Milton Bispo Jr.)

Contadora do doleiro Youssef desnuda seu esquema de pagamento de propina

Operação Lava-Jato

Parlamentares notórios, partidos e empreiteiras participavam das tramas reveladas por Meire Poza

Robson Bonin, de Curitiba
by Veja
Meire Poza – "O Beto (Youssef) lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos. Era mala de dinheiro pra lá e pra cá o tempo todo."
Meire Poza – "O Beto (Youssef) lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos. Era mala de dinheiro pra lá e pra cá o tempo todo." (Jefferson Coppola/VEJA)
É um clássico. As organizações mafiosas caem com maior rapidez quando alguém de dentro decide contar tudo. O que se vai ler nesta reportagem é justamente a história de alguém que, tendo participado do núcleo duro da quadrilha que girava em torno do doleiro Alberto Youssef, pego na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, resolve contar tudo o que fez, viu e ouviu. Meire Bonfim Poza participou de algumas das maiores operações do grupo acusado de lavar 10 bilhões de reais de dinheiro sujo, parte desviada de obras públicas e destinada a enriquecer políticos corruptos e corromper outros com o pagamento de suborno. Meire Poza viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de políticos. Durante três anos, Meire manuseou notas fiscais frias, assinou contratos de serviços inexistentes, montou empresas de fachada, organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade a um dos esquemas de corrupção mais grandiosos desde o mensalão. Meire sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa das más práticas da política brasileira. Meire Poza era a contadora do doleiro Alberto Youssef — e ela decidiu revelar tudo o que viu, ouviu e fez nos três anos em que trabalhou para o doleiro.
Nas últimas três semanas, a contadora prestou depoimentos à Polícia Federal. Ela está ajudando os agentes a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus comparsas. Suas informações são consideradas importantíssimas para comprovar aquilo de que já se desconfiava: Youssef era um financista clandestino. Ele prospectava investimentos, emprestava dinheiro, cobrava taxas e promovia o encontro de interesses entre corruptos e corruptores. Em outras palavras, usava sua estrutura para recolher e distribuir dinheiro e apagar os rastros. Entre seus clientes, estão as maiores empreiteiras do país, parlamentares notórios e três dos principais partidos políticos. Os depoimentos da contadora foram decisivos para estabelecer o elo entre os dois lados do crime — principalmente no setor tido como o grande filão do grupo: a Petrobras. As empreiteiras que tinham negócios com a estatal forjavam a contratação de serviços para passar dinheiro ao doleiro. Nas últimas semanas, Meire Poza forneceu à polícia cópias de documentos e identificou um a um os contratos simulados e as notas frias, como no caso da empreiteira Mendes Júnior (veja o documento na página 54), que nega ter relacionamento com o doleiro. Os corruptores estão identificados. A identificação dos corruptos está apenas no início.

Três políticos no bolso de Youssef


“O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento”

Deputado André Vargas (sem partido)

“O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu”

Senador Fernando Collor (PTB)

“O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins”

Deputado Cândido Vacarezza (PT)

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