Fraudar a aposentadoria de milhões de brasileiros não é crime de esperteza: é crueldade social. Qualquer acordo seria um tapa na cara da justiça.

O escândalo bilionário de fraudes no INSS, exposto em detalhes em 2025, não é apenas um problema contábil. É uma crise moral e institucional de proporções gigantescas. Milhões de brasileiros, a maioria idosos e de baixa renda, foram lesados por organizações que usaram brechas legais e má-fé para descontar valores de seus benefícios, sem consentimento e sem explicação.
É inaceitável que, diante de um crime tão covarde, se cogite qualquer tipo de acordo, anistia ou negociação branda com os responsáveis. Roubar da Previdência é roubar do povo. Ponto.
Justiça, não jeitinho
A estrutura do esquema, com entidades de fachada como a CONAFER e envolvimento de agentes públicos e privados, mostra que não se trata de erro técnico, mas de fraude sistematizada. Estima-se que mais de R$ 6 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024. Em muitos casos, os beneficiários só descobriram o rombo quando foram notificados em 2025, anos após terem seus contracheques descontados sem qualquer autorização.
A resposta precisa ser clara: prisão, confisco de bens e devolução integral dos valores. O Estado não pode negociar com quem desmonta a confiança na Previdência, uma das poucas redes de proteção social ainda acessíveis a milhões de brasileiros.
Leniência é convite à reincidência
O Brasil tem um histórico de "soltar os grandes" enquanto aperta os pequenos. Quando o sistema de justiça opta por acordos leves, está incentivando a reincidência. Golpistas que fraudaram aposentados não podem ser tratados como colaboradores, eles devem ser tratados como criminosos.
Só existe uma forma de restaurar a confiança da população: agir com rigor, transparência e exemplo. Isso significa também responsabilizar gestores públicos que falharam no dever de fiscalização ou foram coniventes por omissão.
A conta não pode sobrar para quem já sofre
O aposentado que ganha um salário mínimo e viu R$ 30 ou R$ 50 desaparecerem todo mês sabe o peso desse dinheiro no orçamento doméstico. É remédio, é gás, é comida. Tirar isso de quem trabalhou a vida toda é mais que roubo, é perversidade.
Por isso, aliviar para golpistas é também ferir quem mais precisa da proteção do Estado.
O recado que o Brasil precisa dar
O escândalo do INSS é um divisor de águas. Ou o Brasil pune severamente quem frauda o sistema previdenciário, ou abre as portas para novos golpes, mais sofisticados e mais prejudiciais. Não se trata de vingança. Trata-se de justiça, integridade institucional e respeito ao cidadão. Pegar leve com golpistas é ser cúmplice deles.