quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Rombo de R$ 400 bilhões de Bolsonaro:


Rombo de R$ 400 bilhões de Bolsonaro: economistas explicam como Lula deve agir
Fórum ouviu Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea, e Marco Antônio Rocha, professor da Unicamp, que expuseram o grave problema e opinaram sobre como sair da enrascada criada pelo atual governo

Créditos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Escrito en ECONOMIA el 9/11/2022 · 18:02 hs

Toda a empáfia de Paulo Guedes sobre “responsabilidade fiscal” e o discurso vago e moralista de Jair Bolsonaro (PL) no que diz respeito a questões econômicas, ainda que o futuro ex-presidente assuma abertamente que não compreende bulhufas sobre o assunto, trouxeram como resultado o inverso do que prometiam há quatros: um cenário e equilíbrio nas contas públicas e um controle castiço com os gastos do governo federal.

A eleição passou, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu e a bomba foi lançada no colo do presidente eleito. Um rombo astronômico inicialmente calculado em R$ 250 bilhões, mas que, segundo o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, é na verdade de R$ 400 bilhões.

Bolsonaro violou por várias vezes o orçamento que tinha à disposição, sempre pressionando o Congresso por mais dinheiro. Sua estrepolia final e fatal foi a PEC criminosa e eleitoreira que saiu distribuindo “auxílios” a torto e a direito, muito além do necessário e indispensável Auxílio Brasil, o que terminou por explodir com as finanças públicas.

A reportagem da Fórum foi ouvir dois economistas reconhecidos, Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea, e Marco Antônio Rocha, professor da Unicamp, para entender melhor o que aconteceu durante o mandato do atual presidente de extrema direita que resultou no desastre fiscal atual e pediu também que os dois especialistas apontassem caminhos para que Lula consiga equacionar esse que talvez seja o maior problema que herdará de Bolsonaro.

Pochmann lembrou que Bolsonaro, Guedes e suas equipes se jactavam de uma suposta responsabilidade com as contas e que, com esse discurso, esvaziaram investimentos e programas sociais e ainda assim deixam um déficit colossal.

“Mesmo diante de toda a retórica de compromisso com o equilíbrio fiscal, o governo Bolsonaro se despede deixando um enorme déficit nas contas públicas. Um déficit, inclusive, alterado em sua trajetória, mesmo com uma política forte de restrição de gastos, especialmente nas áreas social e de ciência e tecnologia, e também pela própria política de privatização”, começou explicando.

O ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), de 2007 a 2012, lembrou que toda a doutrina de Guedes, de um neoliberalismo extravagante, resultou mais uma vez num caos social e na perda de controle das contas públicas.

“Mais uma vez, comprova-se quanto o receituário neoliberal consegue na prática efetuar o que propõe. O déficit estimado para o ano de 2023 começa a ser melhor expresso com as informações que chegam após o encerramento das eleições, até então vigorava o discurso emblemático de que o país era um dos poucos que crescia no mundo, que reduzia inflação e reduzia o emprego. Agora sabe-se o quanto isso era artificialidade, a partir da melhor compreensão do tamanho da desorganização das finanças públicas deixadas por esse governo”, acrescentou Pochmann.

Já Marco Antônio Rocha começou desmistificando o tão venerado teto de gastos e explicando que o tal rombo não é exatamente um problema financeiro, mas sim uma questão política que agora se transformou numa espécie de arapuca para Lula, que já recebera a faixa com o enorme pepino nas mãos.

“Antes de discutir o tamanho do tal rombo, valem algumas considerações. Primeiro de tudo temos essa falsa imagem de que há um ‘problema de caixa’, ou que não há dinheiro por conta de um rombo deixado, como agora por exemplo, pelo governo Bolsonaro. O problema aí é a série de buracos deixada no orçamento de 2023, na Lei Orçamentária de 2023, pra ser mais preciso. Verbas que deveriam ser contempladas, que deveriam estar no orçamento, e que não foram. É menos um problema de falta de dinheiro e mais um problema, digamos, de armadilha política, de uma bomba política, que o governo Bolsonaro deixou armada. Ou seja, ele deixou para o próximo governo uma obrigação de renegociar todo um orçamento porque toda a peça orçamentária de 2023 é uma piada, uma obra ficcional, porque sequer contemplava verbas de custeio. Sabendo disso, já foi deixado dessa forma para que o próximo governo chegasse tendo que renegociar toda a questão orçamentária pra contemplar despesas fundamentais. É um problema muito mais de ordem política do que de ordem financeira, e é mais uma herança deixada por Jair Bolsonaro, entre tantas outras péssimas heranças, colocando um governo que acabou de ser eleito diante de uma pesada e difícil negociação política”, explanou Rocha.

O professor da Unicamp falou sobre a desorganização de não prever gastos essenciais e fundamentais com estrepolias fiscais encampadas por Bolsonaro, que ao fim resultou na bomba que agora precisará ser desarmada pelo presidente eleito.

“Quando a gente fala desse buraco orçamentário, se formos pensar de forma bem simples, tem o pacote de medidas de auxílio eleitoreiro, assim como alguns auxílios fundamentais, como é o caso do Auxílio Brasil, que precisam ser recompostos para o ano que vem. A discussão é sobre o Auxílio Brasil e a transformação dele de volta em Bolsa Família, só que para além disso, há uma série de outros pontos não contemplados na Lei Orçamentária de 2023, muitos relacionados a custeios de atividades fundamentais, e de reestruturação de políticas sociais fundamentais, como por exemplo o sucateamento e o abandono dos órgãos de fiscalização ambiental e a Farmácia Popular, são verbas que precisam ser custeadas porque sem esses serviços há uma ameaça ao funcionamento do Estado brasileiro. Há também outras questões que estão relacionados a um conflito distributivo que o governo Bolsonaro empurra para o próximo governo, como é o caso do reajuste dos servidores públicos, que até podem nem ser contemplados na PEC que será apresentada, mas estão neste conflito distributivo, já que estão quatro ou cinco anos sem reajusto e diante de uma significativa inflação. O custeio das universidades federais também está muito comprometido, com algumas ameaçando sequer continuarem funcionando o ano que e, tudo isso, somado, é parte de um conflito político que o governo Bolsonaro deixou armado para o próximo governo. É certo que tudo isso criará um desgaste político para o próximo governo” detalhou.

Rocha aproveitou para alertar sobre as negociações que já foram iniciadas no Congresso para que, talvez, uma PEC seja usada para modificar o desastroso orçamento deixado por Bolsonaro para o próximo ano, embora a equipe econômica de Lula e o próprio presidente eleito estejam mais inclinados a achar soluções que não passe pelo parlamento, para evitar “dívidas” precoces com deputados e senadores.

“Quando falamos do valor da PEC, se ela será de R$ 200 bilhões, ou R$ 400 bilhões, isso não é o que mais importa. O que importa de fato é: o que você vai querer recompor nessa primeira negociação. Quanto mais o governo conseguir recompor isso, significa que ele terá menos conflitos com bases de apoio suas em 2023, mas ao passo que ocorrerá um conflito maior com o mercado financeiro, que quer reduzir isso o máximo possível. A gente não pode deixar de lembrar que ocorreram ações deliberadas do governo Bolsonaro para desmontar uma série de políticas públicas e por consequência desmontar certas estruturas do Estado Brasileiro, como os órgãos de fiscalização ambiental que eu já citei, as universidades federais, enfim. O custeio dessas instituições já está tão comprometido que, o que parece comprometido agora é o funcionamento delas. Eu quero chamar a atenção, de novo, para o fato de que não é só uma conta financeira, mas sim uma conta política. Quanto mais o governo conseguir empurrar o volume dessa PEC, criando assim um quadro de desgaste com o mercado financeiro, também vai significar ao longo de 2023 um desgaste político menor do futuro governo”, acrescentou o acadêmico da universidade paulista.

Voltando a Marcio Pochmann, a pergunta sobre como sair desse enrosco é respondida com um verdadeiro mantra do mundo econômico, tão real quanto indispensável para o Brasil.

“O novo governo deverá estabelecer um caminho que não passe, evidentemente, pela prevalência do neoliberalismo. É necessário compreender que parte importante da diferença entre o que o Estado brasileiro arrecada e ele gasta, está diretamente vinculada à ausência de crescimento econômico. A economia precisa ser rapidamente estimulada a voltar a crescer em bases sólidas, por que a ampliação da atividade econômica vem acompanhada de maior arrecadação, e, portanto, melhores condições para enfrentar o desequilíbrio das contas públicas no Brasil”, concluiu Pochmann.

Marco Antônio Rocha, questionado sobre uma saída para o grave problema, preferiu insistir numa composição orçamentária que efetivamente cubra os gastos com o que importa e é essencial, resgatando o país, o povo e a própria estrutura estatal do país, não sem acabar com o famigerado teto de gastos e com uma reestruturação do falido e ineficiente regime fiscal brasileiro.

“A saída agora é negociar essa composição orçamentária, cobrir todas essas questões relativas, pois é uma discussão pública, é uma discussão política porque afinal definirá o curso dessa reconstrução nacional, e que foi legitimada pelas urnas, e na mesma PEC estipular a reestruturação do regime fiscal brasileiro, até porque o teto de gastos não de certo, e isso é consensual, e outras regras que são muito impeditivas do planejamento orçamentário. Reestruturar o regime fiscal brasileiro, revogar o teto e reforçar o orçamento dentro do que necessário, do razoável tendo em vista a intenção que temos de reconstruir as funções do Estado brasileiro”, pontuou Rocha.

Gal Costa, uma das maiores cantoras do Brasil, morre aos 77 anos

Informação foi confirmada pela assessoria da cantora. Foram 57 anos de carreira e clássicos da MPB como 'Baby', 'Meu nome é Gal', 'Chuva de Prata', 'Meu bem, meu mal' e 'Barato total'.

Por g1

09/11/2022 11h11 Atualizado há 11 minutos
Adriana Spaca/Brazil Photo Press via AFP/Arquivo

Gal Costa, uma das maiores cantoras do Brasil, morreu aos 77 anos, em São Paulo, nesta quarta-feira (9). A informação foi confirmada pela assessoria da cantora. Ela havia dado uma pausa em shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita.


Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador e foi a voz de clássicos da MPB como "Baby", "Meu nome é Gal", "Chuva de Prata", "Meu bem, meu mal", "Pérola Negra" e "Barato total".

Foram 57 anos de carreira, iniciada em 1965, quando a cantora apresentou músicas inéditas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ela ainda era Maria da Graça quando lançou "Eu vim da Bahia", samba de Gil sobre a origem da cantora e do compositor.

Os músicos João Gilberto, Caetano Veloso e Gal Costa, em agosto de 1971 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Três anos depois, veio outro clássico: "Baby", de Caetano Veloso. A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal a lançou em disco e a projetou no álbum-manifesto da Tropicália. "Divino maravilhoso" (de Gil e Caetano) foi outra da fase tropicalista.
Ao longo dos anos 60 e 70, ela seguiu misturando estilos. Dedicou-se ao suingue de Jorge Ben Jor com "Que pena (Ela já não gosta mais de mim)" e foi pelo rock com "Cinema Olympia", mais uma de Caetano. "Meu nome é Gal", de Roberto e Erasmo Carlos, serviu como carta de apresentação unindo Jovem Guarda e Tropicália.

Ao gravar "Pérola negra", em 1971, ajudou a revelar o então jovem compositor Luiz Melodia (1951-2017). No mesmo ano, lançou "Vapor barato", mostrando a força dos versos de Jards Macalé e Waly Salomão.
A cantora Gal Costa durante ensaio no Rio de Janeiro em setembro de 1968 para a capa do disco 'Gal Costa', lançado em 1969, pela gravadora Philips — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Ela seguiu gravando várias músicas de Gil e Caetano, mas foi incluindo no repertório versos de outros compositores como Cazuza ("Brasil", 1998); Michael Sullivan e Paulo Massadas ("Um dia de domingo", de 1985); e Marília Mendonça ("Cuidando de longe", 2018).

Na longa carreira, Gal lançou mais de 40 álbuns entre discos de estúdio e ao vivo. "Fa-tal", "Índia" e "Profana" foram três dos principais.
Caetano Veloso e Gal Costa no programa 'Saudade não tem idade' — Foto: Acervo Grupo Globo

Ela estava em turnê com o show "As várias pontas de uma estrela", no qual revisitava grandes sucessos dos anos 80 do cancioneiro popular da MPB. "Açaí", "Nada mais", "Sorte" e "Lua de mel" eram algumas das músicas do repertório.

Bem recebido pelo público e pela crítica, esse show fez com que a agenda de Gal ficasse agitada após a pandemia. A estreia aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado.

Além de rodar o Brasil, Gal entrou na programação de vários festivais e ainda tinha uma turnê na Europa prevista para novembro.

A cantora Gal Costa, durante participação especial para o disco de Gilberto Gil 'Expresso 2222', gravado no estúdio da Rádio Eldorado em São Paulo em junho de 1972 — Foto: Solano José de Freitas/Estadão Conteúdo/Arquivo

Ela deixa o filho Gabriel, de 17 anos, que inspirou o último álbum de inéditas. "A pele do futuro", de 2018, foi o 40º disco da carreira. "Está vindo a geração que salvará o planeta", disse ela ao g1, quando lançou o álbum.

O último álbum lançado foi "Nenhuma Dor", em 2021, quando Gal regravou músicas como "Meu Bem, Meu Mal", "Juventude Transviada" e "Coração Vagabundo", com cantores como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Ex-ator Guilherme de Pádua morre aos 53 anos

Informação foi transmitida pelo pastor Márcio Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha. Guilherme de Pádua sofreu um infarto na noite deste domingo (6/11)


Ex-ator Guilherme de Pádua morreu aos 53 anos(foto: Reprodução)

Estado de Minas 06/11/2022 22:57 - atualizado 06/11/2022 23:48

O ex-ator Guilherme de Pádua, que cumpriu pena pelo assassinato da atriz Daniella Perez, morreu neste domingo (6/11) em Belo Horizonte. Ele tinha 53 anos. A informação foi transmitida pelo pastor Márcio Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, em vídeo publicado no Instagram. Segundo o religioso, Pádua sofreu um infarto pouco antes das 22h.

“Recebi o telefonema de uma irmã falando de um dos nossos pastores que acabou de falecer. Aquilo para mim foi um impacto muito grande, pois hoje, às 10h, eu estava dirigindo o culto, e ele estava no primeiro banco com a esposa, servindo ao Senhor, cantando, orando, louvando (...)”, disse.

Guilherme de Pádua interpretou o motorista Bira na novela De Corpo e Alma, da TV Globo, em 1992. Seu personagem fazia par romântico com Yasmin, vivida pela atriz Daniella Perez, filha da autora Glória Perez. No decorrer das gravações, Pádua assassinou Daniella com a ajuda da ex-mulher, Paula Nogueira Thomaz.

As investigações da época dão conta de que Guilherme teria ficado insatisfeito com a diminuição de seu papel na novela, enquanto Paula demonstrava ciúmes pelas cenas de Daniella com o ator.

Após armar uma emboscada para a atriz em um posto de combustíveis, o casal a levou para um matagal na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e desferiu pelo menos 20 golpes de punhal. O crime ocorrido em 29 de novembro de 1992 chocou todo o país.

Pastor Márcio Valadão anunciou a morte de Guilherme de Pádua

“É um moço que a sociedade não compreende, porque ele praticou aquele crime tão terrível da Daniela Perez, foi preso, cumpriu a pena e se converteu. Era uma lagarta e virou borboleta. Dentro de casa, caiu e morreu. Morreu agorinha. Acabou de morrer”, lembrou Márcio Valadão.

Por ter matado Daniella Perez, Guilherme de Pádua foi condenado a 19 anos e 6 meses de prisão. Após cumprir um terço da pena, ele ganhou liberdade em 14 de outubro de 1999. Posteriormente, aderiu à Igreja Batista da Lagoinha, na qual tinha um trabalho social com ex-presidiários, segundo Valadão.

“Esse moço, Guilherme de Pádua, ficou tão conhecido. Era um artista de TV e fez aquela besteira anos atrás. Até hoje fica um estigma muito grande. Mas eu tive o privilégio de conviver com ele. Durante muitos anos, esteve conosco. Depois que saiu da prisão, cumpriu a pena, e hoje tem um trabalho de cuidar de ex-presos no ministério pastoral”.

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