terça-feira, 24 de abril de 2012

Em grampo da PF, senador presta contas a Cachoeira


by  Estadão
 
Mais do que intermediar interesses de Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) atuou como uma espécie de cobrador a serviço do contraventor. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram o parlamentar prestando conta de pressões que fez contra o prefeito de Aparecida de Goiânia e o ex-governador de Goiás, Maguito Vilela (PMDB), para que ele começasse a quitar logo compromissos assumidos com Cachoeira.
No registro da PF, Demóstenes diz que o peemedebista prometeu ter 'cumprido tudo' e que tentou acalmar o contraventor explicando que 'o trem demora a acontecer'. Não fica claro se o prefeito se refere a pagamentos ou outros acordos firmados com Cachoeira. O senador ainda ressalta que deixou Maguito 'intranquilo' com a conversa.
'Acabei de falar com ele. Ele (disse que) cumpriu tudo e não sei o quê, para você ficar tranquilo, que já vai começar logo. Eu falei: ?o rapaz lá tá uma onça. Vai explodir. Disse que você não fez nada?. Ele disse: ?Não. Eu fiz. É que o trem demora a acontecer? e tal. Deixei ele lá intranquilo', diz Demóstenes a Cachoeira, que, impaciente, desliga o telefone.
Desde dezembro de 2010, o serviço de coleta de lixo e limpeza urbana de Aparecida de Goiânia está sob responsabilidade da Delta Construções. A PF descobriu que Cachoeira atuava para favorecer a construtora - que teve o seu então diretor no Centro-Oeste, Claudio Abreu, denunciado pelo Ministério Público Federal. O contrato para a Delta cuidar do lixo da cidade, assinado na gestão de Maguito, vai render R$ 51,47 milhões à construtora num prazo de cinco anos.
A Delta deve ser um dos alvos de investigação da CPI do Cachoeira, prevista para começar nesta quarta. A assessoria de imprensa de Maguito informou que o prefeito jamais tratou de nenhum assunto relacionado a Cachoeira com Demóstenes.
Em maio de 2009, outra conversa gravada pela PF mostra o senador marcando encontros a serviço de Cachoeira, cujo objetivo era obter uma audiência do então prefeito de Goiânia, Íris Rezende (PMDB), com o ex-governador Maguito Vilela e dois de seus parceiros, identificados como 'Enimar' e 'professor'.
'Fala mestre, onde você está? Tem que ir lá encontrar o Íris', diz Demóstenes a Cachoeira. 'Vai lá então e a gente encontra depois. Única coisa que eu quero depois é que você pede (sic) uma audiência para o Enimar (...) Você podia marcar porque o professor, ele podia numa segunda', orienta Cachoeira, acrescentando: 'Porque tem que ser conjugado os dois, né? O Maguito e o Íris.' Logo depois do encontro com Íris, o senador liga para Cachoeira e presta conta. Os dois, então, combinam um encontro.
Procurado, o advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, diz que não falaria sobre gravações pontuais. Íris Rezende disse nunca ter tratado da audiência citada no grampo com o senador.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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