by Adriana Vandoni
Estadão de hoje: a Delta obteve aditivos que alteraram o valor de suas obras em quase 60% dos contratos firmados com o Dnit durante a gestão de Pagot. De 265 empreendimentos tocados pela empreiteira a serviço, 154 sofreram mudanças no valor originalmente previsto, aumentando o valor das obras em cerca de R$ 400 milhões. Desde que Pagot assumiu, a Delta conseguiu contratos de R$ 4,3 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões já foram pagos pela União.
Revista Época desta semana: Em entrevista, Pagot disse ter alguns dissabores. Perguntado quais, respondeu: “A Delta tem inúmero contratos com o DNIT. Ao longo de 2009 e 2010, vários contratos passaram a ter problemas. É o contrato da BR-116 no Ceará, num trecho de 18 quilômetros, em que a Delta subempreitou para uma empresa menor sem a anuência da direção-geral do DNIT, o que é contra a lei. Outro caso foi a pavimentação em concreto da Serra de São Vicente (BR-163-MT), que não estava de acordo com as exigências da DNIT.”
Comentário meu: Agora vamos voltar no tempo. Em 2009 Luiz Pagot, acompanhado do governador de MT Silval Barbosa, da então senador Serys e do deputado Wellington Fagundes (hoje acusado por Pagot de ser lobista da Delta), esteve em Mato Grosso para inspecionar a BR-163 na Serra de São Vicente, obra da Delta.
Sua visita foi amplamente divulgada pela imprensa e ele fez questão de ser fotografado justamente inspecionando a espessura do concreto. Para justificar o preço da obra – de R$ 70 milhões, em 27
quilômetros de extensão, a assessoria de Pagot divulgou a nota: “Pagot explicou que as obras estão sendo realizadas com uma nova tecnologia a Whitetopping – uma solução que consiste na construção de um novo pavimento em concreto sobre o existente. Ovalor da obra é superior as construídas com material Betaminoso (Emulsão Asfáltica BM/1C), porém, o custo de manutenção será menor ao longo dos anos. Ele disse que será diluído (custo benefício) – e terá uma vida útil em torno de 30 anos. “Se analisarmos o custo benefício vamos ver que vale a pena investir na qualidade, além da segurança que vai proporcionar aos usuários destas BRs”, ressaltou Pagot. Segundo ele, a empresa está trabalhando rigorosamente dentro do cronograma estabelecido pelo Dnit e o contrato das obras inclui ainda a manutenção das condições da pista até o fim de 2010.”
Foi em 2011 que o Tribunal de Contas da União emitiu relatório que constatou a irregularidade que, segundo o TCU, “pode ter ocasionado superfaturamento de R$ 4.103.028,44″. A obra só não foi paralisada devido o tráfego intensa na rodovia, o que colocaria vidas em risco. “Por se tratar da rodovia com maior volume de tráfego de veículos em todo o Estado do Mato Grosso, a paralisação do contrato poderá ensejar “periculum in mora” reverso, uma vez que a suspensão dos serviços de recuperação, aliada à intensa utilização, poderá agravar defeitos existentes no pavimento”. (leia aqui o acórdão nº 282/2011)
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