NINGUEM ATIRA PEDRA EM LARANJA PODRE
SEI POR EXPERIENCIA PRÓPRIA,
**Protógenes diz que vai recorrer da
punição da PF por participar de comício
REGIANE SOARES
REGIANE SOARES
da Folha Online
O delegado Protógenes Queiroz disse nesta sexta-feira que vai recorrer da punição da Polícia Federal seja ela qual for: suspensão ou demissão. Inicialmente, o delegado disse à Folha Online que soube por meio de um colega da corporação que seria demitido. Mais tarde, ao ser questionado sobre o tipo de punição, disse que a decisão da corporação é injusta, porque cumpriu o seu dever e não é bandido.
"Vou recorrer à Justiça do meu país, porque eu ainda acredito na Justiça do Brasil. Ainda existem juízes dignos e honestos neste país. [...] Ainda que [a punição] seja de suspensão, é injusta. Eu não sou nenhum bandido. Ainda que fosse de suspensão, o ato seria indigno e injusto. Porque a prova é indigna e injusta", afirmou o delegado, que está afastado de suas funções.
Protógenes disse que recebeu um telefone de um colega da PF durante o congresso do PC do B, em São Paulo, dizendo que sua demissão já estava pronta, assinada pelo diretor-geral da corporação, Luiz Fernando Correa, e que iria ser publicada na segunda ou terça-feira.
Por meio de sua assessoria, o Ministério da Justiça negou que Protógenes tenha sido demitido da Polícia Federal. Segundo o órgão, o delegado responde a diversos procedimentos administrativos dentro da PF e, devido a um deles, ele foi suspenso do órgão por 60 dias. A Pasta informou ainda que acompanha o andamento dos processos internos contra o delegado.
Mesmo não sabendo ainda qual seria a sua punição, o delegado disse que a decisão foi indigna da cúpula da PF porque um servidor público que cumpre o seu dever não pode ser punido.
"Acho isso [a punição] indigno, de tirania da cúpula da Polícia Federal, da administração da Polícia Federal, sem precedentes na história deste país e que atenta contra o povo brasileiro e os interesses nacionais em que o agente público que cumpriu com o seu dever é punido com a demissão, ainda que fosse de suspensão não merecia nenhuma pena", afirmou.
O delegado afirmou que a PF aproveita sua participação em eventos públicos para intimá-lo ou passar comunicados. Ele disse que esse é o caso de hoje, pois ficou sabendo da demissão durante a abertura do congresso do PC do B.
O motivo da punição, segundo Protógenes, foi a suposta participação num comício em Poços de Caldas (MG). Ele nega ter feito campanha no evento. "Essa é mais uma prova da perseguição que sofri. Uma prova de injustiça, um ato de tirania, um atentado à democracia."
Protógenes ficou conhecido nacionalmente durante a Operação Satiagraha, que prendeu no ano passado o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Todos foram soltos depois. A Satiagraha investiga supostos crimes financeiros atribuídos a Dantas.
Apesar da projeção nacional, Protógenes foi afastado da investigação e acabou virando alvo de um inquérito da PF que investiga desvios durante a Satiagraha. Entre os problemas da investigação estaria a utilização irregular de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Também há suspeita de Protógenes ter espionado, ilegalmente, autoridades dos três Poderes.
Em março, a PF indiciou o delegado pelos crimes de violação da lei de interceptação e quebra de sigilo funcional durante a Satiagraha.
Com fama nacional, Protógenes se filiou ao PC do B, onde deve disputar um cargo no Congresso Nacional nas eleições de 2010.
**Protógenes Queiroz é delegado da Polícia Federal. Foi quem efetuou a prisão de Paulo Maluf, do contrabandista Law Kin Chong, Daniel Dantas (banqueiro), Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Estiveram sob sua coordenação, em parceria com a Promotoria de São Paulo investigações do caso Corinthians/MSI , por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Queiroz também presidiu o inquérito sobre remessas ilegais de dinheiro para paraísos fiscais, que desvendaram movimentações de cerca de cinco milhões de dólares, das quais o ex-prefeito Celso Pitta seria o principal beneficiário.
Sobre o blog do Protogenes, segundo ele mesmo:
A finalidade do blog é discutir e ampliar o debate sobre a corrupção no Brasil, a este antigo mal que corrói as instituições e os Poderes constituídos. Na lista de 2006 dos 163 países nominados pela Transparency International, o Brasil já aparecia, à época, ocupando a 70ª posição -, ao lado da Índia, China e México. É necessário enfrentarmos os problemas, uma vez que se torna mais fácil conquistar a soberania de um país dividido, sem identidade e corrompido, ao invés de uma pátria forte, convicta e esclarecida.
VEJAM A INCONGRUÊNCIA DAS NOTICIAS
Parem o mundo. Porquê eu quero descer.
No último dia 28 de Outubro, Protógenes Queiroz apresentou, a convite do Sindicato dos Auditores da Receita Estadual de Minas Gerais - Sindifisco-MG, a palestra "Carreira Exclusiva de Estado X Poder Econômico. Na abertura da palestra, realizada na Affemg - associação que também representa a categoria - Protógenes observou que o tema vai de encontro a atual situação de distorção da administração pública, distorção essa, que de acordo com ele, leva a um nível de sustentação inviável, já que o Estado perdeu suas competências e atribuições. "Com essa perda de atribuições e competências, o Estado, entre outras ações, não tem investido em seus servidores, proporcionando-lhes condições para atender de maneira adequada aos contribuintes.
Ao contextualizar historicamente a carreira do auditor fiscal, Protógenes lembrou que o fiscal, assim como os magistrados e administradores públicos - neste caso, governadores -, foram as primeiras carreiras reconhecidas como de maior importância pela Coroa portuguesa. A preocupação da Coroa portuguesa estava em fundar municípios, baseada na necessidade de povoamento e defesa da terra, de sua exploração e, sobretudo, de tributação e arrecadação fazendária. "Mesmo com toda importância atribuída à carreira, no início dos anos 1600 os fiscais tiveram tratamento semelhante ao destinado atualmente. Recebiam apenas uma pequena remuneração, e a determinação de que não interferissem em atividades como a extração do Pau Brasil e ouro. É importante ressaltar que, ao não dar a devida importância a carreiras como a do auditor fiscal, o Estado o faz como forma de mascarar as ações de seus governantes, atualmente principais representantes e defensores dos interesses da iniciativa privada, deixando de cumprir seu papel como representante dos interesses da comunidade. Políticas públicas hoje são implementadas para atender a esses interesses privados", pontuou.
Ainda, para ilustrar essa linha do tempo, lembrou a época da ditadura, onde as carreiras consideradas de maior importância para o funcionamento da administração pública praticamente deixaram de existir; foram destituídas de importância e passaram a cumprir um papel de submissão ao governo, o que leva ao desvio de finalidade, ao desmando. "Atualmente, dentro do nosso processo democrático, ainda insipiente, esse quadro em muito pouco mudou. Além de vermos o país governado a partir de uma sucessão de erros e corrupção, vivemos o processo de privatizações, em que foi dado apenas a alguns, o poder para a condução da política econômica e que levou a sociedade brasileira a passar por um processo de regressão social e econômica, colocando o país cada vez mais distante do seu potencial de desenvolvimento. Nesse contexto, a carreira exclusiva de estado só vai passar a existir quando houver pressão dentro do quadro político", afirmou.
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