quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Recebi um telefonema, no final da tarde, com o interlocutor indagando se eu era amigo do Mosquito!
Respondi que amigo, propriamente não, mas conhecido, admirador e advogado dele em dois processos-crimes.
Então veio a notícia horrorosa: ele acabou de ser encontrado morto, aparentemente enforcado, na sua própria casa. A liberdade de expressão está de luto cerrado, havendo perdido um dos seus mais valentes defensores.
A pessoa que me ligou estava perplexa, desatinada, sem saber como dar a notícia à mãe do falecido, idosa e que padece de problemas de saúde.
Depois de anotar o telefone do cidadão que fizera o contato, repassei-o a outros blogueiros e advogados do Mosquito, de sorte a adotarem providências indispensáveis, como o chamamento da Polícia, a localização da ex-mulher do finado, etc...
Agora o lado preocupante: terá mesmo o blogueiro se suicidado, ou sua morte terá sido obra dos incontáveis desafetos que cultivou, com suas enérgicas e contundentes denúncias de corrupção e lambanças políticas as mais variadas.
Um deles, numa audiência em que eu estava presente, chegou a afirmar, na frente da Juíza, que saíra de casa para matar o Amilton, mas fora dissuadido do seu intento pela família e por amigos.
Não posso afirmar que a morte do Mosquito tenha sido obra de gente ao serviço dele, citando a circunstância para lembrar o estado de exasperação em que chegaram os denunciados pelo blogueiro, com palavras contundentes e, não raro, consideradas infamantes, as quais engendraram inúmeros processos criminais e cíveis, contra os quais o acusado travava uma luta desigual, mesmo estando apoiado por simpatizantes.
O último episódio, que magoou e desnorteou o Mosquito foi a medida nefasta e destemperada do Promotor Aor Steffens de Miranda, que deu voz de prisão ao acusado Mosquito, no curso de uma audiência, no foro desta Capital, referente a processo movido por Dário Berger, após fazer uma pergunta cuja resposta sabia que seria positiva: você considera o prefeito de Florianópolis, corrupto?
O corajoso blogueiro respondeu, à queima-roupa, na bucha, que não tinha a menor dúvida e o membro do Ministério Público aproveitou-se da franqueza do Amilton para detonar mais um processo contra aquele destemido cidadão. Manobra rasteira, convenhamos, daquele que deveria portar-se com isenção, cumprindo seu papel, sem, todavia, tomar as dores de um dos lados do processo.
O Amilton, com seu estilo desabrido, colecionou desafetos, desde politicos dos mais variados partidos (Deputados - Edson Andrino - Prefeitos, Secretários, Vereadores), até influentes membros da família Sirotski (caso do garoto acusado de estupro), Promotores e Procuradores de Justiça, Desembargadores, Policiais, empresários (inclusive Fernando Marcondes de Mattos), Advogados (Gerson Basso e outros) e administradores públicos das esferas federal (Ideli Salvati, por exemplo) estadual (Governador LHS, vice PAVAN, Gilmar Knaesel, Renato Hinnig, Martini, para exemplificar) e municipal, daqui e de outros rincões, aos quais denunciava, sem pestanejar, por supostas falcatruas, omissões, ineficiência, etc...
O que se imputava a ele, era o cometimento dos delitos de injúria (inclusive racial), calúnia e difamação, com o escopo de intimidá-lo e de condená-lo a ressarcir danos morais.
Mosquito era um desiludido com o PT, partido que ultimamente andou enxovalhando - não aos militantes das bases partidárias, mas às lideranças que entendia haverem traído os ideais dos petistas bem intencionados - não perdoando, verbi gratia, o Vereador Márcio Pereira de Souza, de Florianópolis, ao qual acusava de ter se bandeado para as hostes de Dário Berger, contra o desejo dos seus correligionários, afirmando que uma das manobras de Márcio teria visado impedir a instalação da CPI da AFLOV, que supostamente revelaria o envolvimento do Prefeito em lambanças administrativas nada elogiáveis. O espisódio valeu um racha no PT, pois o Vereador Lino Peres (ao qual o Mosquito respeitava), que assumira o lugar de Márcio, quando este foi guindado a Secretário de Turismo, viu-se apeado do cargo para que Dário pudesse contar com o voto de Márcio.

Pois bem: tendo ou não se suicidado, a morte do Amilton - ao contrário do que ocorre no Japão, onde os denunciados cometem suicídio, rasgando os próprios ventres - há de pesar nas consciências dos repugnantes corruptos e incompetentes que ele reiteradamente denunciou e não faltará quem dê continuidade à sua obra de defesa do interesse coletivo.
O Mosquito continuará a azucrinar - por nosso intermédio, os numerosos admiradores que soube cultivar - os que contra ele deflagraram processos-crimes e cíveis, na certeza de que a luta contra a corrupção não ficará ao alvedrio, tão somente, do Ministério Público e da Polícia.
Cidadãos e cidadãs, conscientes que somos dos efeitos deletérios da roubalheira que assola a administração pública em nosso País, não esmoreceremos e continuaremos a travar batalhas que o Mosquito, por certo, não rejeitaria.
As forças do Mosquito se exauriram, mas haverá uma legião de pessoas que seguirão seu desiderato de passar este País a limpo: seremos os "indignados do Mosquito". As fontes que abasteciam aquele blogueiro com fatos e provas de safadezas de administradores públicos e seus acólitos, sabem com quem contar para dar continuidade à obra meritória de Amilton Alexandre, em prol do bem comum, mesmo que não consigamos nos igualar a ele em destemor, em ousadia e, por que não dizer, em imprudência.

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