by Veja
Nos países em que a lei vale para todos, um juiz de  Direito e três prontuários só são vistos juntos no tribunal ─ o magistrado no  centro da mesa e a trinca no banco dos réus. 
 No Brasil, o presidente do  Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, foi ao encontro dos senadores Renan  Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp com a placidez sem remorso de quem vai a  uma festa de formatura. 
 Tampouco pareceu incomodá-lo a chegada de um quarto  bucaneiro do PMDB: Henrique Eduardo Alves, líder da bancada na Câmara dos  Deputados. Nem se permitiu ficar ruborizado com o tema a ser discutido: Jader  Barbalho.
 Eleito senador pelo Pará em outubro de 2010, Barbalho  coleciona delinquências há tanto tempo e com tamanha intensidade que a capivara  que carrega conseguiu enredar-se nas malhas da Lei da Ficha Suja, esgarçadas  pela passagem de delinquentes de grosso calibre. Mais de um ano depois de  devolvido ao Congresso pelas urnas, ainda não havia conseguido instalar-se no  novo esconderijo na Casa do Espanto. Nesta  quarta-feira, depois da conversa com os candidatos permanentes a uma temporada  na cadeia, Peluso desempatou em favor de Barbalho a votação no ST. Por seis  togas a cinco, o velho caso de polícia  foi autorizado a voltar ao  Senado.
 Como demonstra meu amigo Reinaldo  Azevedo, o voto de Peluso é  perfeitamente justificável do ponto de vista jurídico. Mais um motivo para que  Peluso se dispensasse da cena de promiscuidade explícita, que decididamente não  rima com a independência dos três Poderes. 
O  presidente do Supremo não pode trocar ideias com gente que, de um juiz, só  merece ouvir  a voz de prisão.
 
 
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