quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

By Alexandria
Sage and Thierry Lévêque
PARIS, 15 Dez (Reuters) - O militante marxista Carlos, o Chacal, foi sentenciado à prisão perpétua nesta quinta-feira por um tribunal especial francês por uma série de atentados a bomba que matou 11 pessoas no começo da década de 1980.
O venezuelano, de 62 anos, cujo nome real é Ilich Ramírez Sánchez, está preso na França desde 1994, cumprindo pena de prisão perpétua por um caso separado relacionado à morte de dois policiais e um informante em Paris, em 1975.
Ao sentenciar Ramírez a uma nova pena de prisão perpétua, o tribunal especial francês para terrorismo, composto por sete magistrados, afirmou que ele deverá servir um mínimo de 18 anos de prisão.
O veredicto pode adiar a data em que ele pode solicitar a liberdade condicional, atualmente definida para 2012.
Descrevendo-se como um "mártir vivo", o militante defendeu sua inocência, aproveitando os holofotes no último dia do seu julgamento.
Morrer na prisão, disse ele a certa altura do julgamento, "é o papel de um revolucionário". "Estou numa prisão ... condenado em um caso pré-decidido", disse ele à corte, elevando a voz. "Sou um mártir vivo."
Outrora o mais procurado criminoso internacional, o venezuelano apresentou um monólogo de cinco horas, alternando-se entre o errático, o sarcástico e o pungente.
No auge da sua notoriedade, o Chacal era sempre visto com boina à Che Guevara, óculos de sol e charutos cubanos, e ficou definitivamente famoso num sangrento sequestro de ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 1975.
Durante a Guerra Fria, ele recebia apoio do bloco soviético e de países do Oriente Médio, realizando atentados em toda a Europa durante mais de duas décadas, até ser capturado em 1994 no Sudão.
Em seis semanas de julgamento, ele se portou mais como mestre de cerimônias do que como réu: de dentro da sua jaula, conversava com os depoentes, interrompia os juízes, corrigia os advogados e eventualmente aquiescia de forma benevolente.
Ele negou envolvimento específico em quatro explosões ocorridas em 1982 e 83 numa rua de Paris, em dois trens e numa estação ferroviária de Marselha. Os promotores dizem que ele cometeu os atentados por vingança pela prisão de dois membros da sua quadrilha, inclusive a sua amante.
Como uma Sherazade moderna, Ramírez desfiava história após história, com frequência sorrindo e se mostrando saudoso dos ex-camaradas, e às vezes voltando-se ferozmente contra o sistema.
O incessante discurso abordou temas variados - vida na cadeia, a estratégia sionista, seus passaportes soviéticos, sua relação com o Estado francês, o haxixe e até a pena de morte.
Já no final do discurso, sua voz se embargou quando ele leu o que seria o último desejo do ex-líder líbio Muammar Gaddafi, derrubado e morto neste ano.
"Vou continuar lutando", leu ele, comovido. Cerca de doze jovens na plateia ergueram os punhos, gritando palavras de incentivo ao réu.
"Salam Alaikum" ("que a paz esteja com vocês"), concluiu Ramírez, que se converteu ao Islã na prisão, antes de erguer o punho pela última vez na direção das galerias.

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