Desconheço a autoria
Meu amigo, minha amiga,
Você está começando a ler uma entrevista que qualquer jornalista, ou melhor dizendo, qualquer pessoa, gostaria de tê-la feito. Será que ela foi fruto da minha imaginação? Ou será que ela realmente aconteceu? Será que eu a inventei, a sonhei ou realmente “Ele” me deu o privilégio de entrevistá-lo?
A entrevista será dividida em sete partes que serão apresentadas durante sete sextas-feiras, a partir de hoje, 23 de julho de 2010. Se você perder alguma das partes, poderá encontrá-la na categoria “Entrevista com Cristo” onde ficarão “armazenadas”.
Pois bem, vamos a ela.
Apesar de minha idade (quase um septuagenário, com muito orgulho disso!) e experiência no trato com as pessoas, estou nervosíssimo! Sinto-me como um repórter que vai fazer a sua primeira entrevista.
Eu tenho um metro e sessenta e oito centímetros de altura. Ele não é muito mais alto. Tem, eu calculo, um metro e oitenta, ou pouco mais. Mas o seu porte atlético e sua postura me levam a ter a impressão que sou um anão perto dele.
Ele é bonito! Realmente, Ele é muito bonito! Outra impressão que tive é a de que Ele pratica esporte, pois suas costas lembram a de um nadador (Ele que me perdoe a observação). Creio que qualquer cidadão comum, como é o meu caso, se sentiria ligeiramente complexado estando ao seu lado.
Admirando Seu rosto, observo uma barba fina e meticulosamente bem tratada, longos cabelos cor de ouro velho repousando leve e suavemente sobre os ombros. Seu nariz é perfeito e, quando sorri, mostra uma branca e perfeita sequência de dentes. Seu manto é impecável. Parece ter sido recentemente passado a ferro.
Eu disse que Ele é bonito? Não. Ele é lindo! Muito mais do que é mostrado em quadros e gravuras. Também imponente, mas, ao mesmo tempo, muito afável e simples. Simples demais para Alguém que é Filho de Deus, ou se você preferir, o próprio Deus, feito homem.
Com toda certeza, Ele percebeu minha emoção, pois colocando a Sua mão direita sobre o meu ombro esquerdo, disse:
“-Fique tranquilo!”
Um calor intenso e gostoso invadiu meu corpo. Senti uma grande sensação de paz. Tudo agora se passava como se fôssemos “velhos amigos”. Arrisquei, então, a primeira pergunta:
“-Senhor, como devo chamá-Lo? Deus, Jesus Cristo, apenas Jesus, apenas Cristo, o que prefere?”
Fitando-me nos olhos, Ele respondeu:
“-Prefiro que me chame de Nazareno. Gosto de assim ser chamado. Nazareno. Apenas isso, Nazareno. Nada de Deus ou Filho de Deus. Nazareno é uma forma carinhosa da qual gosto muito. Outra coisa: Senhor é o meu Pai, isto é, o nosso Pai. Portanto, me chame de você. Gosto quando as pessoas me tratam com intimidade. Afinal, você e eu somos irmãos, não é verdade?”
A única coisa que consegui fazer foi balançar a cabeça positivamente. Nunca imaginei encontrar alguém tão poderoso, tão importante e tão humilde!
Resolvi arriscar: “-Nazareno, posso continuar?”
Sorrindo e movendo a cabeça em sinal positivo, Ele disse:
“-Pode sim, amigo Amaral. Pergunte o que quiser”.
No exato momento em que ia começar a entrevista percebi que o gravador estava desligado. Nunca me perdoaria se, após a entrevista, me desse conta de que nada havia sido gravado. Não sei dizer se foi intuição minha ou o resultado de uma rápida olhadela que “Ele” deu para o gravador. O que sei é que percebi a falha e liguei o gravador.
“-Nazareno, posso mesmo chamá-Lo de Você?”
-”Sim, claro”, respondeu Ele.
“-Então responda-me: por que Você nasceu numa manjedoura, a partir de pais pobres e humildes, como José e Maria?”
Sorrindo, Ele explicou:
“-Pobres, sim, humildes, nem tanto. Minha mãe Maria pertencia a uma família de sacerdotes, enquanto José, meu pai adotivo, como ela, também descendia em linha direta do grande rei Davi. Dessa forma, as profecias se cumpriram. Agora, se você quer saber por que não nasci em berço de ouro, a resposta é simples: minha verdadeira missão não seria cumprida! Vim para salvar os humildes, não os poderosos, apesar de que estes, acreditando em minhas palavras, também podem se salvar. Mas como eu disse certa vez, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”.
Nesse exato momento eu o interrompi:
“-Nazareno, então um rico jamais entrará no Reino dos Céus, pois é impossível um camelo passar pelo buraco de uma agulha!”
Sorrindo, Ele me fez estremecer quando me chamou pelo nome e disse:
“- Amaral, meu amigo, não me referi à agulha de costurar, mas à estreita porta chamada agulha que havia na entrada de qualquer cidade do meu tempo e que assim era, muito estreita, para não permitir a fácil passagem dos animais. Na verdade, ultrapassá-la era difícil, porém, com muito jeito, os animais conseguiam atravessá-la.”
Foi aí que me lembrei que, certa feita, o saudoso padre Luiz Gargione, havia me dado essa mesma explicação. Eu prossegui, perguntando:
“- Nazareno, como se explica o fato de, praticamente, não haver registros da sua infância e adolescência? Só temos conhecimento de sua atuação quando adulto.”
Ele limitou-se a dizer:
“- Para aquilo a que vim, essas fases de minha vida só foram importantes para uma coisa: o meu aprendizado e as minhas experiências terrenas como filho e como cidadão. Nada mais além disso.”
Como percebi que Ele não queria aprofundar-se nesse assunto, alterei meu roteiro de perguntas:
“- Nazareno, por quê uma mãe verdadeira e um pai adotivo?”
Sério, Ele respondeu:
“- José foi por mim amado e respeitado como um verdadeiro pai, porém, biologicamente, eu, Filho de Deus Pai, não poderia herdar a sua bagagem hereditária. Quando o “Verbo se fez carne,” a natureza divina que era pura entrou como Princípio Renovador, na linha corrompida da raça humana, mas não podia ser afetada. Foi por esse motivo que meu Pai cuidou para que eu nascesse de uma Virgem. Dela, recebi as características humanas, mas não os desvios biológicos transmitidos a ela por sua ascendência. A partir do nascimento, comportei-me como qualquer criança. Confesso a você que sinto muita saudade daquele colo macio e quente de minha mãe Maria. Ou você pensa que não fui amamentado como qualquer criança?”
Ao dizer isso, Ele deu uma gostosa gargalhada. Mas logo se conteve, assumindo um ar sério. Muito sério. Arrisquei perguntar:
“- O que houve, Nazareno?”
Sempre me fitando nos olhos e abrindo um sorriso, Ele responde:
“-Nada, não foi nada. É meu lado humano que ainda se entristece quando lembro que muita gente, que diz me admirar, não respeita a minha mãe Maria!”
“- Como não respeita?”, retruquei. “- Explique melhor.”
Ele volta a ficar sério e diz:
“- Por vontade de meu Pai, eu vim a este planeta para redimir as faltas dos seus habitantes. Tinha que vir como um ser humano. Para tanto, tornou-se necessário que eu passasse por todas as etapas pelas quais passa qualquer pessoa. Tive o privilégio de participar da escolha de minha mãe! No seu ventre, fiquei por nove meses. Nasci, fui amamentado e criado por ela. Enfim, passei a amá-la e respeitá-la como qualquer mortal ama e respeita a sua querida mãe. Hoje vejo que pessoas que se dizem seguidoras dos meus ensinamentos, não a respeitam, atribuindo-lhe um papel secundário, como se fosse ela uma proveta, na qual eu me desenvolvi! Não gosto disso! Ela é minha querida mãe e exijo que seja respeitada como tal! Não interfiro no livre arbítrio dos homens por esse motivo, nada faço contra aqueles que a desrespeitam com atos ou palavras, mas uma coisa eu garanto: eles vão responder pelos seus atos desrespeitosos! Garanto que vão! “Eu arrisco dizer:
“- Que é isso, Nazareno? Vingança?
Ele retruca:
“- Vingança não, Amaral. Justiça! Ou você não acredita na justiça divina? Aqui na Terra, vocês podem fazer o que bem entenderem, mas, dia chegará que prestarão conta de todos os seus atos. Se assim não fosse, meu Pai não seria justo!”
Com um semblante tranquilo, Ele prossegue dizendo:
“- Se a humanidade tivesse a exata noção do que minha mãe Maria representa, com toda certeza ela seria muito mais amada e respeitada. Ah, se os homens soubessem que ela é o elo entre eles e o Pai…”
Aproveito a pausa que Ele fez e pergunto:
“- Nazareno, que religião devemos professar? Qual a religião que mais se aproxima dos seus ensinamentos?
Ao ouvir a minha pergunta, muito sério, com ar sisudo, Ele disse:
“- Amaral, não acredito que você esteja me perguntando isso! Apesar de fazê-lo de forma um tanto superficial, os Evangelhos retratam a minha vida aqui na Terra. Em nenhum momento, repito, em nenhum momento, eu disse a quem quer que fosse para seguir esta ou aquela doutrina! Mentem aqueles que se apossaram de minhas palavras apregoando-as como se fossem um patrimônio exclusivo de sua religião. Vim a este mundo para trazer uma única mensagem: através do AMOR, os homens encontram a própria redenção. Sem o amor, nada conseguirão! Para amar aos seus semelhantes, para amar à Santíssima Trindade: meu Pai, o Santo Espírito e Eu, não é necessário que se professe nenhuma religião em particular. TODAS são boas, desde que os seus seguidores sejam puros de coração! Quando você quiser conversar comigo, Amaral, recolha-se em seu coração! Por meio dele, eu me manifestarei.”
Aproveito a pausa e pergunto:
“- Então Nazareno, para que servem as religiões?”
Percebi que Ele se mostrou um tanto atordoado, mas se recompôs e respondeu:
“- Você já entendeu para que elas servem, não é verdade? A religião, qualquer que seja ela, serve de congraçamento e união material e espiritual entre as pessoas. Gosto de vê-las reunidas e se auxiliando mutuamente, não apenas materialmente, mas, principalmente, espiritualmente. Quem dispõe de posses ou de mais conhecimentos, deve, necessariamente, reparti-los com os menos afortunados.”
Eu o interrompo e pergunto:
“- Nazareno, o que Você me diz a respeito do Dízimo? Nos dias de hoje, é justo que se cobre o dízimo dos fiéis?”
“- A resposta,” diz Ele, “é simples! O dízimo só deve ser cobrado de quem realmente tem condições de ofertá-lo, sem que venha a faltar para o sustento de seus familiares. Se fizer falta, Eu o desaprovo! Outra coisa, Amaral, chego a ficar muito irritado quando vejo alguns líderes religiosos darem ao dízimo arrecadado uma destinação que Eu chamaria de criminosa! Isso realmente Me revolta! Quando vejo pais e mães de família, erradamente, desviarem dinheiro que deveria ser aplicado no bem estar de seus filhos, para as mãos inescrupulosas de pseudo líderes espirituais que vão usufruir desse dinheiro em benefício próprio, confesso, amigo Amaral, que tenho vontade de interferir. Mas não posso e não devo. Como já disse, não posso passar por cima do livre-arbítrio da humanidade. Mas que tenho vontade, tenho. Acho que é a minha porção humana que me leva a reagir assim! Não posso assistir às injustiças que são cometidas, sem ao menos me indignar. Você não concorda comigo, amigo Amaral?”
Ele sorriu e eu fiquei olhando embevecido para aqueles olhos cor de mel. Eu olhava perplexo para Ele, não acreditando que pudesse ser verdade! Eu, um simples mortal, pecador e indígno, estava ali, frente a frente com o Filho de Deus feito Homem! Na realidade, frente a frente com o próprio Deus! Era demais! Eu sentia que, a qualquer momento, acordaria desse sonho maravilhoso, ou, se fosse verdade, desmaiaria. Minhas pernas tremiam! Eu suava frio! Foi quando mais uma vez Ele colocou Sua mão direita sobre meu ombro esquerdo e disse:
“- O que se passa Amaral? Você está bem?”
Naquele exato momento recebi uma nova descarga energética. Era como uma ducha gelada e reconfortante após uma noite mal dormida! Senti-me incrivelmente bem! Totalmente revigorado, tranquilo e extremamente feliz, arrisquei dizer:
“- Caramba! Nazareno, Você parece um recarregador de bateria! Sua mão irradia uma energia incrível!”
Ele soltou uma gostosa gargalhada e disse brincando:
“- Não sou um peixe-elétrico mas também aplico choques!” E, ainda sorrindo, completou: “A energia que emana de minhas mãos, emana também das mãos de qualquer pessoa. Pode emanar das suas também, Amaral. E essa energia, acredite, é poderosa! Curei muitas pessoas com ela! Se souber aplicá-la, você também poderá curar. Você, ou qualquer outra pessoa que aprenda a utilizá-la com amor. Não se trata de nenhum milagre! É um processo absolutamente natural.”
Concordei com um meneio de cabeça. Na realidade, sempre acreditei nessa energia curativa que, qualquer pessoa, pode emanar de suas mãos.
Foi nesse momento que levei um choque! O Nazareno ergueu ligeiramente os braços e deixou cair as folgadas mangas de sua túnica cor de marfim. Pude ver então as marcas de seus punhos. Imediatamente, lembrei-me de como aquelas marcas se formaram! Senti um misto de pena e ódio! Pena do que teria sofrido aquela doce criatura que estava ali em minha frente, e ódio, daqueles malditos que o submeteram a tal sofrimento! Creio que, lendo meus pensamentos, Ele disse:
“- Amaral, eles não sabiam o que estavam fazendo!”
Meu Deus! Não consigo compreender! Depois de ter sido submetido a um processo desumano de tortura, como Ele, o Filho de Deus, podia compreender e perdoar aqueles fascínoras? O próprio estudo feito pelos pesquisadores da “NASA” no Santo Sudário, comprovam que Ele foi açoitado selvagemente, pregado na cruz pelos pulsos e pés, coroado não com uma coroa, mas com um capacete de espinhos, teve parte da barba brutalmente arrancada e ainda teve o coração perfurado por uma lança! Meu Deus! Como pode alguém suportar tudo isso e ainda calmamente, afirmar:
“- Eles não sabiam o que estavam fazendo!”
Eu estava perplexo e Ele percebeu. Foi então que disse:
“- Amaral, isso ocorreu numa época distante. Sofri muito, porém, hoje, a dor que sinto não é menor quando, sem poder interferir, assisto a cenas tão ou mais brutais! Você não imagina o que sinto, quando vejo o que fazem com os meus pequeninos e indefesos irmãos. Acho que a minha dor hoje, é ainda maior, porque, decorridos dois mil anos, a humanidade mostra que não entendeu o porquê de minha paixão e morte e os motivos que me trouxeram a este mundo. Digo isto com profunda tristeza!”
Confesso que tive a impressão de ver uma lágrima escorrer por sua face. Teria sido só impressão ou o Filho de Deus realmente teria se comportado como um simples mortal? Antes que eu pudesse tirar qualquer conclusão, Ele voltou a sorrir e disse:
“- E então, meu amigo Amaral, esta entrevista vai prosseguir ou não?”
Tentando me refazer rapidamente, eu apenas consegui dizer:
“-Lógico, Nazareno. Ela vai prosseguir, sim. Por favor, me deixe apenas tomar um fôlego”.
Ele abriu um largo sorriso e pude, novamente, admirar aquela dentadura alva e perfeita. Uma idéia então me passou pela cabeça: “puxa, se Ele não fosse Deus, poderia fazer publicidade de creme dental!” Imediatamente percebi o absurdo e pensei: “Nossa, se Ele leu meus pensamentos deve estar me julgando um perfeito idiota!” Ele retrucou:
“- Não Amaral, não estou não!”
Foi a minha vez de soltar uma gargalhada! Depois daquela minha idéia idiota de propaganda de creme dental, pensei com meus botões: “não posso fazer papel de idiota! Ele está lendo os meus pensamentos.” Imediatamente, Ele se apressou em dizer:
“- Não, Amaral! Eu não leio pensamentos! Eu estou dentro do seu coração. Como estou dentro do coração de toda a humanidade. Sei tudo o que se passou como sei também tudo o que se passará. Como já disse, só não posso interferir no livre arbítrio do homem. Mas tenha certeza de uma coisa: cada ser humano é uma fração divina. É por isso que sofro quando alguém comete algum erro, pois sinto-me responsável e não posso agir. Não posso impedir. Mas uma coisa Eu posso fazer e o faço com muito amor! Eu posso perdoar! Exatamente! Cada vez que alguém comete uma falta grave, se Eu sentir arrependimento em seu coração, esse alguém será perdoado.”
Mais do que depressa, eu pergunto:
“- Nazareno, quando cometemos uma falta grave, chamada também de pecado, para obtermos o perdão, devemos nos confessar com algum Ministro da Igreja?”
Ele me fita, muito sério, e diz:
“- Eu jamais afirmei isso! Como Eu disse, se Eu sentir arrependimento sincero no coração da pessoa, ela estará por Mim perdoada! Tudo é muito simples. Não é necessário que ninguém sirva de intermediário!”
Fiquei aliviado. Eu imaginava que a coisa fosse assim, mas agora, estava ouvindo isso dos lábios Dele. Todas as minhas dúvidas se dissiparam. Essa história de confessar pecados para estranhos, nunca me convenceu! Em seguida, num tom de súplica, eu pergunto:
“- Nazareno, por favor, me responda: Eu tenho uma alma imortal?”
Ele sorri e diz:
“- Você tem alguma dúvida, Amaral? Você “É” um espírito imortal!”
“- Bem,” respondi, “certeza absoluta eu não poderia ter, mas sempre imaginei isso, que sou um espírito imortal. Mas agora eu ponho em questão uma dúvida que não é só minha, mas, creio eu, de toda a humanidade: existem apenas três moradas para os espíritos: céu, purgatório e inferno?”
Como se eu tivesse contado uma boa piada, Ele explodiu numa até extravagante gargalhada e disse:
“- Amaral, pensei que você não fosse Me perguntar isso nunca! Demorou, hein?”
Ficando sério, concluiu:
“- Quando Eu afirmei que a Casa de Meu Pai tem muitas moradas, poucas pessoas entenderam o que Eu quis dizer. A maioria, até hoje, ainda não entende. Seria até um injustiça de Meu Pai se Ele tivesse apenas três moradas disponíveis para as suas criaturas: o céu para os bons, o inferno para os maus e o purgatório para aqueles que ficassem no meio termo entre bom e mau. Não, amigo Amaral! Seria não só injustiça como até falta de imaginação de Meu Pai, você não acha?”
Concordei com a cabeça e Ele prosseguiu:
“- O Reino de Meu Pai tem muitas moradas e, para elas, sucessivamente, vão os espíritos, à medida que evoluem.”
Não me contenho e pergunto:
“- Nazareno, então a reencarnação é um fato?”
“- Lógico que é,” responde Ele de bate-pronto. “A reencarnação é uma realidade. É a forma mais lógica e justa criada por Meu Pai para que os espíritos possam evoluir e assim alcançar cada vez mais luz! E essa reencarnação não se dá apenas aqui neste minúsculo planeta Terra. Você não consegue imaginar como é amplo o Reino de Meu Pai e quão infinitas moradas ele possui.”
“Puxa vida,” pensei com meus botões. “Que coisa fantástica ouvir isso da boca do Filho de Deus! Eu sempre admiti, mas não podia ter certeza!” Volto a perguntar:
“- Nazareno, pelo que Você disse, se há outros mundos e neles há “Filhos do Pai”, então posso concluir que realmente não estamos sozinhos no Universo?”
A resposta Dele veio rápida:
“- Só vou lhe dizer uma coisa, amigo Amaral: aí fora há mais “tráfego” do que aqui na Terra!”
Ao dizer isso, explodiu em nova gargalhada! Foi aí que aproveitei a oportunidade para perguntar:
“- Então, Nazareno, aqueles que aqui chamamos de seres extraterrestres, realmente existem?”
Com um olhar muito terno e meio maroto, Ele respondeu:
“- E você nem imagina quantos, meu caro Amaral!”
Eu então pergunto:
“- Curioso, Nazareno, as religiões cristãs, de modo geral, não aceitam isso. Você pode me dizer o motivo?
Ajeitando as mangas de sua linda e impecável túnica, Ele me disse:
“- Amigo Amaral, você é um espertinho, hein!? Você sabe a resposta!”
Adorei Ele ter me chamado de “espertinho” de maneira tão carinhosa! Caramba! Era o Filho de Deus Pai, também Deus, me chamando de “espertinho”! Que coisa deliciosa de se ouvir! Enquanto eu divagava enternecido com aquelas palavras e aquele olhar tão doce, Ele prosseguiu dizendo:
“- O que estou dizendo está nas Sagradas Escrituras. É só interpretá-las melhor e mais honestamente!”
Ao dizer isso, ficou muito sério e pude perceber que Ele não aprova tal comportamento. Deu para notar que Ele gostaria que os líderes religiosos fossem mais honestos para com seus fiéis. Senti que deveria mudar de assunto. Então perguntei:
“- Nazareno, eu li em algum lugar que Você teria dito que: “Todos os homens estão “condenados” à felicidade.” Por favor, explique melhor. Diga-me, como posso ser feliz?”
Ele agora coloca as duas mãos sobre os meus ombros! Minhas pernas tremem! Digo para mim mesmo: “Amaral aguente firme! Não vá desmaiar agora!” Sorrindo, Ele diz:
“- A felicidade, Amaral, não é uma flor natural deste mundo. Não se esqueça nunca disso. Por enquanto, ame seus semelhantes; embora não as entenda, ame as pessoas. As que conhece e as que não conhece. O AMOR! Esse é o único “passaporte” para o outro lado…”
Ai, perguntei: “- E se eu não fizer isso?” Prontamente Ele respondeu:
“- Então você vai precisar de mais tempo até aprender a lição. Você, como todos os outros seres humanos, está aqui e agora, por algum motivo. Em outra dimensão há muita gente trabalhando para o Pai. E não escapa ou se disfarça nem o mais profundo dos pensamentos e sentimentos.”
Aproveito a pausa e pergunto:
“- Então, Nazareno, algum dia chegaremos a viver na perfeição?”
“- Sim,” responde Ele, “de fato há gente que vive no Amor. Esses, por exemplo, já levam uma boa vantagem. Muitos já vivem no Conhecimento e na Harmonia com Aquele que tudo pode e sustenta. Amaral, há outras raças e civilizações que progrediram mais do que a sua e que são infinitamente prudentes e mais felizes. E o segredo está nisso que estou lhe dizendo: em saber que Somos todos “Filhos do Pai” e que, acima de tudo, deve estar o espírito e o amor. Ame a todos e tudo que o rodeia, cada segundo da sua existência neste mundo, e não se preocupe com o resto.”
Senti que a entrevista tinha se prolongado muito. Também, como qualquer mortal, sou um verdadeiro “poço de dúvidas”. Queria aproveitar ao máximo essa oportunidade que, certamente, não se repetiria. Foi aí que eu disse:
“- Nazareno, uma última pergunta: como é o Pai? Ele é como Você?” Perguntei e em seguida me arrependi! Jesus de Nazaré ficou sério. Vi a expressão de seu rosto mudar de forma radical. Por um momento pensei que tivesse dado uma grande “mancada”. Mas Ele não se perturbou e nem alterou o tom de voz. Olhando mais fixamente do que nunca nos meus olhos, respondeu:
“- Olhe à sua volta e, sobretudo, “olhe” para sí mesmo. Assim, saberá como é e quem é o “Nosso” Pai!”
Enquanto dizia isso, uma imensa paz invadiu meu estremecido coração. Sentindo que Ele ía partir, eu arrisquei:
“- Nazareno, o que Você tem a dizer àquelas pessoas com as quais eu pretendo “dividir” essa nossa conversa?”
Foi aí que Ele estendeu-me a mão. Ao tocá-la, senti a mais incrível, gostosa e indescritível sensação, que jamais havia sentido em toda a minha vida! Sorrindo e quase sussurrando, Ele disse:
“- O que Eu tinha e poderia dizer, amigo Amaral, já o disse. Só peço que você diga a todos os seus amigos e amigas que Eu os amo muito, muito mesmo, e gostaria que eles se amassem da mesma forma e com a mesma intensidade. Apenas isso.”
A partir desse momento, não sei mais o que aconteceu comigo. Tudo se passou como se eu acordasse de um sonho! O mais fantástico, maravilhoso e, hoje posso dizer, saudoso sonho! Mas teria sido um simples sonho? Teria sido uma alucinação? Creio que não! Quero crer que não! Apesar de que de uma coisa eu tenho certeza: Não sou merecedor de um encontro com Ele: o Filho do Pai, Jesus de Nazaré ou, simplesmente, o Nazareno, como Ele quis que eu O chamasse.
Sonho ou realidade, uma coisa posso afirmar: a partir desse dia, passei a ser, sem falsa modéstia, o mais ardoroso admirador do meu amigo Nazareno!
Afinal, várias vezes, Ele me chamou de… AMIGO AMARAL!
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