domingo, 6 de julho de 2014

Na contramão do setor, venda de carros usados cresce 5% no ano

06/07/2014 

Enquanto emplacamentos dos 0 km caem, os de usados aumentam.

Relação entre nº de usados e novos vendidos volta ao patamar de 3 para 1.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo
carros usados (Foto: Caio Kenji/G1)
Lojas de usados viveram crise em 2012, quando começou o desconto no IPI (Foto: Caio Kenji/G1)

queda no número de carros novos vendidos no país em 2014 está sendo acompanhada por um aquecimento do mercado de usados.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) aponta que o número de carros seminovos e usados negociados neste ano subiu 5,47% até maio, na comparação com os 5 primeiros meses do ano passado.
No mesmo período, a venda de carros 0 km caiu 5,19%. A queda se aprofundou em 7,3% no acumulado até junho, fazendo este o pior primeiro semestre em 4 anos para automóveis e comerciais leves (picapes, furgões e SUVs) novos, segundo divulgou a Fenabave na última semana.
A entidade ainda não divulgou o balanço de vendas de usados até junho.
Segundo as concessionárias, o desaquecimento da economia, o crédito mais escasso e o maior comprometimento da renda do brasileiro não são os únicos fatores que explicam a maior procura por usados.
"A maior explicação para este fenômeno foi o aumento que os carros novos tiveram a partir de janeiro, com o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e a inclusão do aribag e ABS, que fizeram o preço subir em torno de 4% a 5% nas várias marcas", afirmou o  presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti (veja a entrevista no vídeo ao lado).
"Muitos dos clientes que estavam dispostos a comprar um carro novo foram para o seminovo e conseguiram um modelo com maior valor agregado por preço semelhante", complementa.
A inclusão de novos itens obrigatórios para carros zero começou a valer em 1º de janeiro, mesmo dia em que o desconto no IPI para carros ficou menor.
Para este mês de julho estava previsto um novo corte nesse desconto ou a retomada da alíquota "cheia" do imposto, mas, diante dos números fracos de vendas, o governo decidiu manter o IPI como está até o fim do ano.
A cada carro novo, 3 usados vendidos
O desconto no IPI começou em maio de 2012, também em função de baixa nas vendas dos carros novos e alta nos estoques das montadoras e das lojas.
Na época, foi zerado o IPI para carros com motor 1.0 -atualmente, a alíquota é de 3%, ainda com desconto; a normal é de 7%.
Também ficou menor o IPI para carros com motor até 2.0.
A medida fez a indústria bater recordes mensais de vendas e, consequentemente, levou os carros usados a desvalorizarem até 20% mais e fez lojas de seminovos e usados fecharem.
Agora, com o desconto menor e o custo da inclusão do airbag e do ABS, a situação dos usados volta ao normal, diz a Fenabrave. O aquecimento do mercado de carros de segunda, terceira ou várias mãos fez com que a relação entre o número de veículos usados e novos comercializados voltasse ao patamar 2 anos atrás, de 3 para 1.
"No Brasil chegamos a relação de 2,2 para 1 quando o mercado de novos estava muito aquecido", lembra Meneghetti. "Agora que o mercado de novos está mais frio, a relação voltou a estar 2,9 para 1, que é a média brasileira história e praticamente a média mundial", afirma.
Efeito Copa
A Fenabrave não acredita, porém, que esta relação deve subir acima do patamar de 3 para 1. A federação destaca que a queda nas vendas de carros zero quilômetro está fazendo com que o estoque de seminovos esteja abaixo do desejado pelas concessionárias.
"A oferta está reduzida porque está entrando menos carros do que entrava antes", destaca Meneghetti. Ele avalia, entretanto, que a partir do término da Copa o mercado de usados tende a voltar a um maior equilíbrio.
"As locadoras, que são as grandes fornecedoras deste mercado, retiveram as suas frotas em razão da Copa. Mas após o evento vão colocar estes carros à venda", avalia.
Diante do fraco desempenho do mercado automotivo em junho, a Fenabrave revisou para baixo a previsão para o ano. A entidade projeta agora queda de 7,75% das vendas de automóveis e comerciais leves novos em 2014.

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