domingo, 6 de julho de 2014

'Vontade de chorar', diz idoso que ficou só com cão após chuva no RS

06/07/2014

O animal 'Pope' conseguiu se salvar da cheia do Rio Uruguai em Itaqui.

Conforme Defesa Civil, mais de 20,2 mil pessoas foram atingidas.

Estêvão Pires
Do G1 RS, em Itaqui
Aposentado conta com companhia do cão Pepo após perder casa no RS (Foto: Estêvão Pires/G1)Aposentado conta com companhia do cão Pope após perder casa no RS (Foto: Estêvão Pires/G1)
Apesar dos avisos prévios sobre a cheia do Rio Uruguai, após os temporais no Rio Grande do Sul, algumas pessoas não conseguiram sair a tempo de casa. De acordo com último relatório da Defesa Civil, neste domingo (6), 20.233 pessoas foram atingidas em todo o estado. Em Itaqui, na Fronteira Oeste, mais de um quarto da população precisou deixar sua residência. É o caso do aposentado Leazir Meus da Silva, de 72 anos.
O pouco que sobrou para Silva foi o cãozinho Pope, seu fiel companheiro, vivo após uma enchente que matou diversos animais pela cidade.
“Dá vontade de chorar mesmo. Não imaginava que isso pudesse acontecer, ninguém me avisou nada. Perdi tudo. É muita tristeza. Não queria estar morando aqui”, afirmou ao G1, sem conter as lágrimas.
Ele realiza uma vigília perto de sua casa nesta manhã. Localizada a poucos metros do rio que divide o Brasil e a Argentina, a propriedade do idoso ficou completamente embaixo d'água.
“Ficou tudo lá, não dava mais tempo. Graças a Deus salvei o Pope. Deus me livre. Ele já fugiu duas vezes. Ele é puro de raça, e consegui recuperar”, salientou.
Desde que o nível do rio subiu, o homem decidiu dormir durante o dia e passar as madrugadas sob o toldo de uma lancheria, a uma quadra de sua residência. “É pra evitar os saques”, detalhou.
Animais vagam pelas ruas após temporal no RS (Foto: Estêvão Pires/G1)Animais vagam pelas ruas após temporal no RS
(Foto: Estêvão Pires/G1)
O risco de furtos segue sendo a preocupação em Itaqui, mas a Brigada Militar diz não ter registro de crimes em área alagadas. Durante o dia Silva procura dormir com uma das filhas em uma região mais alta da cidade. A esposa e os três filhos também ganharam abrigo no local.
“Saúde é o mais importante”, ponderou o aposentado, ainda sem perspectivas sobre quando poderá voltar para casa.
Apesar da tristeza, uma boa notícia animou Silva: o Rio Uruguai voltou a baixar desde sábado (5). A última medição realizada nesta manhã indicava um nível 12,98 acima do normal, 22 centímetros a menos dos 13,2 centímetros registrados na sexta-feira (4). Esta é a pior enchente da cidade desde 1983.

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