domingo, 6 de julho de 2014

Estudo mostra o quanto é difícil ficar sem fazer nada

Em um teste em que deveriam permanecer sentados, sozinhos e acordados por até 15 minutos, participantes escolheram receber choques elétricos "para se distrair"

Ficar sem fazer nada pode ser mais difícil do que parece
Ficar sem fazer nada pode ser mais difícil do que parece (Mediaphotos)
Realizar qualquer ação, mesmo que desagradável, é preferível a ficar sem fazer nada. Essa é a principal conclusão de onze experimentos compilados em um artigo publicado na quinta-feira na revista Science. A maioria das pessoas considerou desagradável ficar sozinha e sem nenhum entretenimento por períodos de 6 a 15 minutos. Dois terços dos homens e um quarto das mulheres julgaram o exercício tão insuportável que preferiram aplicar leves choques elétricos em si mesmos para se distrair. Em um caso, um homem apertou o botão que liberava o choque 190 vezes.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Just think: The challenges of the disengaged mind 

Onde foi divulgada: periódico Science

Quem fez: Timothy D. Wilson, David A. Reinhard, Erin C. Westgate, Daniel T. Gilbert, Nicole Ellerbeck, Cheryl Hahn, Casey L. Brown, Adi Shaked

Instituição: Universidade Harvard e Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos

Resultado: Os pesquisadores concluíram que a maior parte das pessoas não gosta de ficar sem fazer nada. Alguns até preferem fazer algo desagradável para fugir do tédio
Na primeira fase do estudo, conduzido por psicólogos das universidades Harvard e de Virgínia, nos Estados Unidos, estudantes universitários eram deixados sozinhos em uma sala sem decoração, livros, telefone ou qualquer outra distração. A única regra é que eles deveriam ficar sentados e acordados. Questionados ao fim do teste, os voluntários disseram, na média, não ter gostado da experiência e relataram que a mente ficava vagando. 
Os pesquisadores suspeitaram que o ambiente pudesse ter atrapalhado e refizeram o experimento com outros estudantes, desta vez em suas casas. Os resultados não mudaram, exceto que a tarefa foi considerada ainda mais desagradável. Neste caso, 32% dos estudantes admitiram ter trapaceado, mexendo nos celulares, ouvindo música ou se levantando para fazer qualquer outra coisa durante o teste. 
Grupo ampliado  Para ter certeza de que o resultado não se aplicava apenas a universitários, os cientistas recrutaram voluntários de 18 a 77 anos em uma feira e uma igreja. Eles repetiram o experimento nas casas das pessoas, e os relatos foram iguais. Com isso, os pesquisadores concluíram que, independentemente da idade, nível econômico, escolaridade e frequência de uso do celular e de mídias sociais, as pessoas não gostam de ficar sozinhas com seus pensamentos.
Choque para se distrair — Mas seria isso tão desagradável a ponto das pessoas preferirem uma experiência negativa a não fazer nada? Em um estudo seguinte, os participantes tinham a opção de ficar sentados sem distrações ou aplicar choques elétricos em si mesmos. Surpreendentemente para os cientistas, 67% (12 de 18) dos homens e 25% (6 de 24) das mulheres aplicaram o choque pelo menos uma vez durante o teste. Antes do experimento, em uma conversa com os cientistas, a maioria dos participantes tinha afirmado que pagaria para não receber os choques, mas mudou de ideia diante do tédio.
Os pesquisadores ainda não sabem por que isso acontece com os humanos, mas acreditam que essa característica explica, por exemplo, porque algumas pessoas buscam técnicas para controlar melhor seus pensamentos, como a meditação.
by Veja

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