A saga de um morto
São José do Rio Preto,
São José do Rio Preto,
5 de Julho, 2014 - 1:50
Ailton mostra documento com a foto do pai, quemorava com ele na chácara e gostava de “dar uma volta”
Lourenço Gouveia Dias, 73 anos. O homem que morreu atropelado na rodovia Transbrasiliana (BR-153), em Onda Verde e foi velado por duas famílias diferentes, ambas por engano, finalmente foi identificado. O corpo foi reconhecido ontem por parentes e enterrado por seus familiares verdadeiros, depois de 14 dias no Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto. Lourenço foi atingido por uma Saveiro enquanto atravessava a pista próximo ao trevo dos Castores, no último dia 20, e morreu no local. No dia posterior ao acidente, a confusão de reconhecimento do corpo começou.
Primeiro foi reconhecido por uma família de Icém e depois com uma de Bebedouro. Nas duas ocasiões chegou a ser velado, mas os velórios foram interrompidos depois que os erros foram descobertos pelos próprios familiares. Depois de passar por dois velórios, por pouco a vítima não foi enterrada como indigente no cemitério de Talhado. O sepultamento estava marcado para as 10 horas, porém, no início da manhã de ontem, o genro de Dias e o filho dele, Ailton Gouveia Sanches, foram até o IML reconhecer o corpo.
Segundo funcionários da funerária Perpétuo Socorro estava tudo pronto para enterro até a chega dos parentes. O filho e o genro fizeram reconhecimento pessoalmente e depois foi feita a comparação da digital do polegar direito da vítima com a que estava impressa no documento de identidade dele. “Fiz os familiares olharem o cadáver na gaveta e depois acionei nosso papiloscopista para fazer a comparação pela digital, justamente para evitar uma nova confusão. Nos dois casos, a resposta foi positiva”, afirmou o delegado Éder Galavoti Rodrigues, plantonista da Central de Flagrantes de Rio Preto.
A comparação das digitais deveria ter sido feita nas duas ocasiões anteriores, o que evitaria a confusão. De acordo com o perito criminal e médico legista Nelson Massini, professor de medicina legal da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse tipo de técnica é rápida e necessária. “O maior índice de exumações é no Brasil. Há um erro administrativo e de velocidade. O sistema antigo é manual, por isso acabam liberando o corpo só com a confirmação visual de um familiar. O problema é que ocorreu muita confusão, principalmente pelo fato de a pessoa estar abalada emocionalmente”, disse.
Passeador
O idoso era morador da estância Verão, condomínio de chácaras localizado às margens da rodovia BR-153, em frente ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto. Segundo o filho, o pai costumava sair de casa para passear e sempre demorava. “Ele morava comigo porque gostava de chácara. Como de costume, saia para dar uma volta. Às vezes ia ao Centro de Rio Preto e ficava por lá. Assim foi naquele dia”, disse o filho.
Como o pai passava dias fora de casa, o filho não foi antes à polícia. “Só estranhei porque ele estava demorando muito dessa vez”. Sanches resolveu procurar o IML ao saber pela imprensa que o corpo de um homem atropelado na BR-153 aguardava por reconhecimento. “Nunca esperamos por isso. Quando vi, não tive dúvidas. É ele, infelizmente”, afirmou. O corpo de Dias foi enterrado no final da tarde de ontem no Cemitério São João Batista.
Duas famílias velaram Lourenço por 19 horas
Quando foi atropelado, Lourenço Gouveia Dias, 73 anos, não portava documentos, o que dificultou a localização de parentes dele. Um dia após o atropelamento, no sábado (21), uma família de Icém achou que o corpo era de Antônio Cardoso da Silva, 65, morador de Nova Granada. Após um integrante da família fazer o reconhecimento, o corpo foi levado a Icém. O velório já durava 7 horas quando um amigo da família ligou para o filho de Silva e disse que o pai estava vivo e em Nova Granada.
A polícia confirmou a informação e o corpo foi devolvido ao IML de Rio Preto após o velório ser interrompido às 10 horas do dia 22, domingo. Na madrugada de sexta-feira, dia 27, uma família de Bebedouro soube do acidente em Castores e acreditou se tratar de Eduardo Coelho, 75 anos, que estava desaparecido desde o dia 30 de abril. O corpo foi levado a Bebedouro e o segundo velório começou às 2h30. Exatamente 12 horas depois a irmã, ao olhar para o caixão, desconfiou que não era seu irmão e chamou a polícia. Depois de colher as digitais do morto e comparar com as de Coelho a polícia desfez a segunda confusão e corpo voltou ao IML.
Hamilton Pavam
Reprodução da ficha de identificação de digitais usada pelo IML para conferir com documento
Corregedoria vai investigar o IML
As corregedorias das polícias Civil e Militar vão investigar os procedimentos adotados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto para liberação do corpo de Lourenço Gouveia Dias, 73 anos, às famílias de Icém e Rio Preto. A ordem partiu ontem da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo. O órgão quer esclarecer quais medidas foram adotas desde o recolhimento até a liberação do corpo às famílias. Na tarde de ontem, a SSP não soube informar como foi feito o reconhecimento por parte das famílias, se foi por foto ou pessoalmente e se foram feitas as comparações de digitais.
“Para que não haja dúvidas em relação aos procedimentos adotados pela Polícia Civil e pelo Instituto Médico Legal (IML), a secretaria determinou que a Corregedoria das Polícias apure os procedimentos adotados para liberação do corpo nas duas ocasiões”, afirmou em nota a SSP. Ainda segundo a SSP, inicialmente as duas corregedorias vão apurar o caso até que seja localizado onde ocorreu falha e qual delas vai finalizar a investigação.
by diarioweb
Ailton mostra documento com a foto do pai, quemorava com ele na chácara e gostava de “dar uma volta”
Lourenço Gouveia Dias, 73 anos. O homem que morreu atropelado na rodovia Transbrasiliana (BR-153), em Onda Verde e foi velado por duas famílias diferentes, ambas por engano, finalmente foi identificado. O corpo foi reconhecido ontem por parentes e enterrado por seus familiares verdadeiros, depois de 14 dias no Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto. Lourenço foi atingido por uma Saveiro enquanto atravessava a pista próximo ao trevo dos Castores, no último dia 20, e morreu no local. No dia posterior ao acidente, a confusão de reconhecimento do corpo começou.
Primeiro foi reconhecido por uma família de Icém e depois com uma de Bebedouro. Nas duas ocasiões chegou a ser velado, mas os velórios foram interrompidos depois que os erros foram descobertos pelos próprios familiares. Depois de passar por dois velórios, por pouco a vítima não foi enterrada como indigente no cemitério de Talhado. O sepultamento estava marcado para as 10 horas, porém, no início da manhã de ontem, o genro de Dias e o filho dele, Ailton Gouveia Sanches, foram até o IML reconhecer o corpo.
Segundo funcionários da funerária Perpétuo Socorro estava tudo pronto para enterro até a chega dos parentes. O filho e o genro fizeram reconhecimento pessoalmente e depois foi feita a comparação da digital do polegar direito da vítima com a que estava impressa no documento de identidade dele. “Fiz os familiares olharem o cadáver na gaveta e depois acionei nosso papiloscopista para fazer a comparação pela digital, justamente para evitar uma nova confusão. Nos dois casos, a resposta foi positiva”, afirmou o delegado Éder Galavoti Rodrigues, plantonista da Central de Flagrantes de Rio Preto.
A comparação das digitais deveria ter sido feita nas duas ocasiões anteriores, o que evitaria a confusão. De acordo com o perito criminal e médico legista Nelson Massini, professor de medicina legal da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse tipo de técnica é rápida e necessária. “O maior índice de exumações é no Brasil. Há um erro administrativo e de velocidade. O sistema antigo é manual, por isso acabam liberando o corpo só com a confirmação visual de um familiar. O problema é que ocorreu muita confusão, principalmente pelo fato de a pessoa estar abalada emocionalmente”, disse.
Passeador
O idoso era morador da estância Verão, condomínio de chácaras localizado às margens da rodovia BR-153, em frente ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto. Segundo o filho, o pai costumava sair de casa para passear e sempre demorava. “Ele morava comigo porque gostava de chácara. Como de costume, saia para dar uma volta. Às vezes ia ao Centro de Rio Preto e ficava por lá. Assim foi naquele dia”, disse o filho.
Como o pai passava dias fora de casa, o filho não foi antes à polícia. “Só estranhei porque ele estava demorando muito dessa vez”. Sanches resolveu procurar o IML ao saber pela imprensa que o corpo de um homem atropelado na BR-153 aguardava por reconhecimento. “Nunca esperamos por isso. Quando vi, não tive dúvidas. É ele, infelizmente”, afirmou. O corpo de Dias foi enterrado no final da tarde de ontem no Cemitério São João Batista.
Duas famílias velaram Lourenço por 19 horas
Quando foi atropelado, Lourenço Gouveia Dias, 73 anos, não portava documentos, o que dificultou a localização de parentes dele. Um dia após o atropelamento, no sábado (21), uma família de Icém achou que o corpo era de Antônio Cardoso da Silva, 65, morador de Nova Granada. Após um integrante da família fazer o reconhecimento, o corpo foi levado a Icém. O velório já durava 7 horas quando um amigo da família ligou para o filho de Silva e disse que o pai estava vivo e em Nova Granada.
A polícia confirmou a informação e o corpo foi devolvido ao IML de Rio Preto após o velório ser interrompido às 10 horas do dia 22, domingo. Na madrugada de sexta-feira, dia 27, uma família de Bebedouro soube do acidente em Castores e acreditou se tratar de Eduardo Coelho, 75 anos, que estava desaparecido desde o dia 30 de abril. O corpo foi levado a Bebedouro e o segundo velório começou às 2h30. Exatamente 12 horas depois a irmã, ao olhar para o caixão, desconfiou que não era seu irmão e chamou a polícia. Depois de colher as digitais do morto e comparar com as de Coelho a polícia desfez a segunda confusão e corpo voltou ao IML.
Hamilton Pavam
Reprodução da ficha de identificação de digitais usada pelo IML para conferir com documento
Corregedoria vai investigar o IML
As corregedorias das polícias Civil e Militar vão investigar os procedimentos adotados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto para liberação do corpo de Lourenço Gouveia Dias, 73 anos, às famílias de Icém e Rio Preto. A ordem partiu ontem da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo. O órgão quer esclarecer quais medidas foram adotas desde o recolhimento até a liberação do corpo às famílias. Na tarde de ontem, a SSP não soube informar como foi feito o reconhecimento por parte das famílias, se foi por foto ou pessoalmente e se foram feitas as comparações de digitais.
“Para que não haja dúvidas em relação aos procedimentos adotados pela Polícia Civil e pelo Instituto Médico Legal (IML), a secretaria determinou que a Corregedoria das Polícias apure os procedimentos adotados para liberação do corpo nas duas ocasiões”, afirmou em nota a SSP. Ainda segundo a SSP, inicialmente as duas corregedorias vão apurar o caso até que seja localizado onde ocorreu falha e qual delas vai finalizar a investigação.
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