domingo, 6 de julho de 2014

Um país inteiro se prepara para migrar antes de ser engolido pelo oceano

A ilha de Kiribati corre o risco de desaparecer nos próximos 20 anos, por causa do aumento do nível do mar. Seu governo comprou parte de uma nova ilha para acomodar seus cidadãos quando isso acontecer

REDAÇÃO ÉPOCA
04/07/2014 18h06 

Kiribati desaparecerá em alguns anos. O governo prepara a evacuação de toda a população (Foto: Divulgação/ Governo da República de Kiribati)
Se pesquisar pelas ilhas Kiribati no Google Imagens, você vai ficar com inveja de seus moradores. Kiribati é um verdadeiro paraíso natural no meio do Pacífico. O lugar é famoso também por estar sempre à frente do resto da humanidade: muito ao leste, em Kiribati o ano novo chega mais cedo, por causa do fuso-horário. Antes de se render ao impulso de fazer as malas e mudar-se para lá, saiba: Kiribati vai desaparecer. Dentro de 20 ou 85 anos (os cálculos variam) a ilha-nação será engolida pelo mar, à medida que o aquecimento global faz subir o nível do oceano. Para abrigar sua população, o governo do país recorreu a uma solução pouco ortodoxa: nesta semana, efetivou a compra de um pedaço de Fiji. Quando Kiribati desaparecer, sua população inteira vai migrar para o terreno comprado no país vizinho.

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A ilha adquiriu 20 quilômetro quadrados de floresta para o caso de ter de evacuar seus 103 mil moradores. O terreno foi comprado da Igreja Anglicana por US$8, 8 milhões.  Por enquanto, o governo de Kiribati pretende usar o território para agricultura. “Esperamos não ter de colocar todo mundo nesse pedaço de terra. Mas, se for absolutamente necessário, podemos fazer isso” disse o presidente Anote Tong à agência de notícias Associated Press em 2012, quando as negociações começaram. O governo da ilha ainda precisa discutir com as autoridades em Fiji o que elas acham do plano de migração em massa.

A situação é urgente para Kiribati. O nível do mar ao redor de seus 32 atóis sobe uma média de  1,2 centímetros por ano – 4 vezes mais rápido do que  a média mundial. De acordo com Tong, moradores de alguns vilarejos já começaram a migrar e a água do mar contaminou parte dos lençóis freáticos das ilhas.  A maré que sobe salga as terras cultiváveis do país, dificultando a produção de alimentos. Destrói casas e lojas. O aquecimento global também matou os corais próximos às ilhas. Ao morrer, eles deixaram o ecossistema mais pobre. Os peixes foram desaparecendo.  A situação é tão ruim que alguns cidadãos de Kiribati já fizeram pedido de asilo na Nova Zelândia.

Os moradores de Kiribati, a procura de um novo lar, fazem parte de uma nova categoria de migrantes: os refugiados climáticos. Eles ainda são poucos, mas devem aumentar nas próximas décadas. Estimativas atuais avaliam que devem chegar a ser 700 milhões até 2050.
RC

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