quarta-feira, 11 de abril de 2012


"EMPRESÁRIO DO RAMO DE JOGOS" E A VEJA


Quero aqui, fazer alguma considerações, sobre o escândalo, cujo papel da imprensa seria repercutir, aliás, como sempre faz, porém, no caso da chamada Operação Monte Carlo, desencadeada no último dia 29 de fevereiro, a imprensa em geral, não tem agido assim, e sabem por que? Nesse episódio em especial, está embasado num tripé que consiste no envolvimento, de um político de projeção nacional, chamado Demóstenes Torres, um bicheiro (que curiosamente), a imprensa tem tratado de "empresário do ramo de jogos" - e um órgão da "grande" imprensa, chamada revista Veja, do grupo Abril, cujos donos são a família Civita.

Esse preâmbulo, serve para deixar claro aos leitores, que trata-se de um dos casos mais graves da história da República, onde em conluio com o crime organizado, o político levantava os "fatos" que lhe interessava em sociedade com o bicheiro, e passava a pauta para o chefe de redação da revista Veja, Policarpo Jr, que dava "os furos" - pois a exclusividade era dele. Em resumo, trata-se do envolvimento de um Senador, um bandido e a revista Veja. Há neste momento suspeitas pairando sobre o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), que se comprovadas, estará aí configurada uma formação de quadrilha.
A Polícia Federal descobriu através de mais de 200 telefonemas trocados, entre o Senador Demóstenes e Cachoeira o bicheiro que é tratado como "empresário do ramo de jogos", como diz o Zé Simão, "tucanaram a contravenção", mesmo sendo atividade ilícita, o bandido é tratado como empresário por toda a imprensa calhorda. Nos 200 telefonemas interceptados com autorização judicial, segundo o jornalista Luiz Nassif, entre outros assuntos, Policarpo Jr. informa ao bicheiro Cachoeira sobre as matérias publicadas pela revista favoráveis a ele e recebe elogios do contraventor.


Como era a aliança, Demóstenes, o bicheiro e a Veja:
A revista dava suas matérias sempre com estardalhaço e nas capas, e repercutia as armações do grupo contra o PT. Chegando ao desplante de publicar uma de suas capas, com Demóstenes, fantasiado de mosqueteiro da ética. Segundo Jairo Martins, um policial preso junto com mais 81 pessoas, durante a Operação Monte Carlo, revelou o esquema que funcionava entre a revista Veja e a quadrilha. E tudo vem sendo tratado até aqui, com muita, muita parcimônia por toda a chamada "grande imprensa", afinal, trata-se de seus pares, e até na bandidagem é preciso "ter ética". O policial Martins é ninguém menos que em 2005, revelou com exclusividade para Veja, aquele vídeo, gravado pelo próprio, onde aparecia o ex-funcionários dos Correios, chamado Maurício Marinho, recebendo propina de R$ 3 mil reais, onde foi montada a farsa do mensalão, que tentou a todo custo, envolver o então presidente Lula, e assim derrubá-lo. 
Seria cômico se de fato, não fosse trágico, mas o policial Jairo Martins, na época da divulgação do referido vídeo, declarou em seu depoimento no Congresso Nacional, na frente de todos os parlamentares e da imprensa, que foi ele quem entregou a gravação diretamente a Policarpo Jr (da Veja e alegou que gravou a fita com Maurício Marinho por “patriotismo”.
A farsa do mensalão: Segundo o jornalista Sérgio Cruz, do Jornal Hora do Povo, o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula, afirmou, em entrevista ao jornal digital “247”, estar convicto que “Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”.
No início do governo Lula, em 2003, segundo Ernani, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira, segundo ele, também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no país – atividade que já explorava livremente em Goiás. Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro ataque dos dois foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. Diniz tinha sido presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro e ali conhecera Cachoeira. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo golpe, muito mais forte, foi a gravação dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo da farsa do “mensalão”, em 2005.
Depois da associação com Cachoeira, Policarpo Jr foi promovido e tornou-se diretor da sucursal da revista em Brasília. Mais recentemente, passou a integrar a cúpula da publicação. Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, Policarpo aparece nas 200 conversas com Cachoeira. 
A ligação do bandido com o Governador:
Ligações de Cachoeira com o governador tucano de Goiás também foram reveladas pela investigação da Polícia Federal. É o que fica claro no fato da empresa Delta - controlada indiretamente por Cachoeira - ter contratos de pelo menos R$ 247 milhões com vários órgãos do governo estadual, particularmente com a Secretaria de Segurança. Ironicamente a empresa do criminoso Cachoeira fornece os carros, em regime de aluguel, para a Secretaria de Segurança Pública de Goiás. O diálogo, reproduzido abaixo, entre Cachoeira e um outro integrante da quadrilha, o ex-delegado da PF, Fernando Byron, é revelador dessas ligações.
A Delta Construções – empreiteira na qual o empresário Carlos Cachoeira mantém uma sala – celebrou contratos de limpeza, aluguel de carros e infraestrutura com o governo do Estado e as principais prefeituras de Goiás nos últimos dois anos. Ao contrário do que informou Byron, a empresa foi alvo de busca e apreensões da Operação Monte Carlo. Carlinhos Cachoeira é sócio de Cláudio Abreu, que é diretor laranja da Delta. Nas gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, há diversas conversas nas quais Cachoeira ordena o fornecimento de valores a Cláudio. Numa delas, o chefe da quadrilha diz para o responsável pelo controle financeiro da organização, Geovani Pereira da Silva, disponibilizar R$ 700 mil ao diretor da Delta. O montante seria para ele “enviar para fora’ do País.
O que parece claro é que os integrantes da quadrilha, além de encher as burras de dinheiro com a jogatina e os roubos dos cofres públicos de Goiás, também usavam o seu tempo tramando contra integrantes do governo e do PT. 

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