Estadão
No mesmo dia em que o titular do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), sucumbiu às denúncias e pediu demissão, a presidente Dilma Rousseff precisou agir para tentar evitar que a crise chegue também ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Dilma ordenou ontem que o ministro Fernando Pimentel voltasse a Brasília e detalhasse sua atuação como consultor entre 2009 e 2010.
Reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo sugere tráfico  de influência em licitações da prefeitura de Belo Horizonte e a não prestação de  serviços pagos pela Federação das Indústrias do Estado de Minas (Fiemg). Segundo  a reportagem, dirigentes da entidade disseram desconhecer o trabalho realizado  pelo ministro.
A pedido da presidente, Pimentel compareceu a seu gabinete para  informar sobre o trabalho da sua empresa, a P-21 Consultoria, e os contratos  assinados nos últimos dois anos, período em que ficou afastado de cargos  públicos. Pimentel deixou a prefeitura de BH no final de 2008 e assumiu o MDIC  no início deste ano, com a eleição de Dilma.
'A presidente Dilma pediu que eu agisse com transparência e  normalidade porque eu não tenho nada a esconder', disse o ministro. 'Não feri  nenhum preceito ético ou moral. Estou perplexo com tamanho espaço para um  assunto privado.'
O ministro afirmou que nos dois anos em que a consultoria  funcionou prestou serviço a três empresas. Os contratos, juntos, somaram cerca  de R$ 1,9 milhão. Pimentel garante que a sua atuação foi apenas na área privada.  'Eu conheço todas as empresas de Minas Gerais. Esta é a vantagem de eu ter  ficado 16 anos na prefeitura de Belo Horizonte', argumentou. Antes de ser  prefeito, Pimentel ocupou cargos de primeiro escalão na prefeitura. Ele mostrou  documento, assinado em 10 de dezembro de 2010, no qual se afasta da  administração da consultoria.
O ministro argumenta também que os rendimentos recebidos no  período são compatíveis com cargo de executivo no País. Segundo ele, após o  pagamento de tributos e custos da empresa, recebeu em torno de R$ 1,2 milhão em  24 meses. 'Isso dá cerca de R$ 50 mil por mês. É uma remuneração compatível com  o mercado de executivos.'
Pimentel não quis fazer associações com os serviços prestados  por ele e o ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que deixou o governo  depois de denúncia de tráfico de influência para prestar serviços de  consultoria. 'Não vou julgar o Palocci. O caso dele é o caso dele. Eu trabalhei,  emiti nota fiscal e paguei os tributos', afirmou.
O ministro disse que, se convocado, prestará explicações no  Congresso Nacional.
No entanto, se antecipou dizendo que qualquer tese de tráfico  de influência no governo Dilma é 'mordaz'. Pimentel é amigo de Dilma desde os  tempos do regime militar e participou da campanha eleitoral da presidente. 'Eu  nem sabia que ela seria eleita', argumentou.
 
 
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