Quando Julie Beischel conheceu Mark Boccuzzi em uma conferência e concordou em participar de um experimento sobre telepatia, ela não revelou imediatamente a profunda conexão que sentiu com ele. Afinal, eles não se conheciam.
Hoje casados, Beishcel e Boccuzzi acreditam que a telepatia os ajudou a se conhecerem e se apaixonarem. “Foi diferente de tudo o que já senti”, define Julie.
Os dados do experimento confirmaram sua percepção, e o casal acabou pedindo ao cientista que conduziu o experimento, Dean Radin, do Instituto de Ciências Noéticas (IONS, na sigla em inglês), que celebrasse o casamento. Agora, o casal está escrevendo um livro, Psychic Intimacy: A Handbook for Couples (Intimidade Psíquica: um manual para casais), que destacará as aplicações práticas da telepatia para casais. Eles até sugeriram que Radin transformasse o experimento em um serviço de encontros.
O campo da parapsicologia pode ser movediço para muitos cientistas. Na melhor das hipóteses, são marginalizados; na pior, caem na vala comum de astrólogos e videntes. Os financiamentos do Instituto Nacional de Saúde a projetos desse tipo são escassos. Muita gente se surpreendeu por Beischel, uma cientista “séria” com PhD em farmacologia e toxicologia, ter escrito um livro sobre médiuns.
Mas Beischel, Radin e muitos outros confiam em sua capacidade de responder afirmativamente à pergunta que intriga muitos céticos: a telepatia existe?
Radin conta a história de Hans Berger, o alemão que gravou pela primeira vez um eletroencefalograma em 1924. Ele caiu enquanto andava a cavalo e quase foi atropelado por outros cavalos, que passaram correndo a centímetros de sua cabeça. Sua irmã, a muitos quilômetros de distância, sentiu o perigo e insistiu para que seu pai enviasse um telegrama perguntando se ele estava bem. Ela nunca havia enviado um telegrama, e a experiência deixou Berger tão curioso que ele abandonou a matemática e astronomia para se dedicar à medicina, na esperança de descobrir a origem daquela energia psíquica.
Cem anos depois, a explicação ainda é um mistério, mas cerca de 200 experimentos publicados revelam conexões mentais que vão “muito além da coincidência”, afirma Radin. No entanto, não saber como o processo funciona constrange muitos cientistas.
“Analisando os experimentos e os dados, é evidente que alguma coisa está acontecendo”, argumenta Radin. “A dúvida só existe porque ainda não temos uma boa explicação para isso”.
Até seus amigos mais céticos estão questionando suas crenças. “Eles podem não acreditar que existe, mas já não acham com tanta veemência que não”, afirma Radin.
Por Sheila M. Eldred | Foto: ThinkStock
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