- Atualizado em 27/03/2013 12h04
Human Rights Watch diz que mulheres são vítimas de milicianos e soldados somalis; representante do governo admitiu que há abusos.
Mulheres que vivem em campos de assistência humanitária para deslocados internos pela guerra na Somália têm sido vítimas de abusos sexuais, incluindo estupro e outros tipos de violência, segundo a ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
A ONG afirma que as mulheres, que deixaram suas casas no interior do país fugindo da violência do conflito armado entre tropas do governo e grupos rebeldes, têm sido vítimas de estupros coletivos em acampamentos de ajuda na capital, Mogadício.
De acordo com um relatório divulgado pela organização, os abusos têm sido praticados por membros de grupos armados, incluindo aparentemente integrantes das forças de segurança do próprio governo somali.
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O relatório cita dados da ONU que indicam que mais de 800 estupros foram registrados entre setembro e novembro de 2012 em campos de ajuda humanitária de Mogadício e cidades satélites.
'Negócio lucrativo'
O relatório, intitulado 'Hostages of the Gatekeepers' ('Reféns dos Guardas', em tradução livre), investigou a situação em que se encontram os que vêm fugindo do interior do país desde 2011 e vêm sendo alojados nos campos de ajuda humanitária mantidos ao redor da capital somali.
O relatório, intitulado 'Hostages of the Gatekeepers' ('Reféns dos Guardas', em tradução livre), investigou a situação em que se encontram os que vêm fugindo do interior do país desde 2011 e vêm sendo alojados nos campos de ajuda humanitária mantidos ao redor da capital somali.
O documento destaca que administradores destes campos - normalmente aliados a milícias - desviam comida, medicamentos e outros recursos.
Segundo a ONG, a administração destes campos se tornou um negócio tão lucrativo que os funcionários impedem as pessoas de deixarem o local para poder explorá-las.
'Os próprios funcionários que controlam a entrada e saída desses campos são responsáveis por abusos cometidos', diz o diretor da sessão britânica da Human Rights Watch, David Mephan.
'Nossas investigações indicaram que as pessoas têm sido mantidas como prisioneiras nestes campos de ajuda a deslocados. Eles não têm permissão para sair e são submetidos a abusos pelos próprios funcionários.'
Algumas das violações mais graves de direitos humanos são praticadas contra mulheres e meninas, que alegam ser sistematicamente estupradas. Muitos casos acabam não sendo denunciados pelo medo das mulheres de serem punidas e estigmatizadas por terem mantido relação sexual com um estranho, mesmo tendo sido forçada.
A analista da BBC para a África, Mary Harper, diz que a recente prisão de uma mulher (que já foi solta) após fazer uma denúncia de estupro aumenta ainda mais o temor das vítimas.
Outro lado
Em setembro do ano passado, um novo governo tomou posse no país, com apoio da ONU, com a esperança de botar fim a mais de 20 anos de conflito civil no país.
Em setembro do ano passado, um novo governo tomou posse no país, com apoio da ONU, com a esperança de botar fim a mais de 20 anos de conflito civil no país.
A Human Rights Watch acusa o novo governo de não ter cumprido as promessas feitas de acabar com os abusos.
Falando à BBC, o diretor da Agência Nacional de Gerenciamento de Desastres da Somália, Adbullahi Jimale, admitiu que esses crimes ocorreram.
No entanto, ele salientou que o governo não poderia acabar com o problema em apenas um dia.
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ONU declara fim do estado
de fome severa na Somália
Por: Renata Giraldi, da Agência Brasil
Publicado em 03/02/2012, 11:55
Situação na Somália ainda é crítica e sem ações firmes do restante do mundo, deverá regredir (Foto: ©Stuart Price/Reuters)
Brasília – A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou nesta sexta-feira (3) o fim do estado de fome severa na Somália, na África. A entidade informou que as colheitas e a ajuda humanitária contribuíram para melhorar a situação na região. Porém há, ainda, 2,3 milhões de pessoas que precisam de ajuda urgente. “[Mas] a crise não acabou", alertou o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano, durante uma conferência em Nairobi.
"Os resultados são frágeis e regredirão, se o apoio não continuar", disse o coordenador de Assuntos Humanitários das Nações Unidas para a Somália, Mark Bowden. "Milhões de pessoas continuam precisando de comida, água limpa, abrigo.”
O último relatório da Unidade de Nutrição e Segurança Alimentar na Somália informa que o número de pessoas em situação de emergência humanitária caiu de 4 milhões para 2,3 milhões - o que representa 31% da população da Somália.
O estado de fome severa, declarado pela ONU, atingia seis regiões da Somália e envolvia 750 mil pessoas com risco de morrer devido à falta de alimentos. Pelos critérios das Nações Unidas, a fome severa é decretada em uma área na qual 20% da população sofrem com a falta de alimentos e 30% são vítimas de má nutrição e a taxa de mortalidade é de mais de duas pessoas em cada 10 mil por dia.
Fome e Doenças se Agravam na Somália em 2012 – Vídeos, Fotos, Informações, Crises
Fome e crise humanitária na Somália
A divulgação do primeiro relatório sobre o número de mortes provocadas pela crise alimentar na região do Chifre da África revela que mais de 29 mil crianças com menos de 5 anos já morreram de fome nos últimos três meses na Somália - uma média de 300 por dia, quase 15 por hora.
2011
Feisal Omar/Reuters
No final de julho, a ONU declarou situação de fome em mais três regiões do sul daSomália, elevando a cinco o total de áreas atingidas. O número já chegou em seis pouco mais de um mês depois.
A mesma ONU, que em agosto lançou um site em português por meio do qual é possível fazer doações às vitimas da fome no Chifre da África, calcula que dezenas de milhares de pessoas tenham morrido em decorrência do atual período de seca, o pior a afetar a Somália em 60 anos.
O alto índice de crianças somalis com desnutrição aguda indica que o número de óbitos entre crianças pequenas aumentará ainda mais. Participe da campanha para ajudar a Somália na luta contra a fome divulgando a hashtag #ajudeasomalia no Twitter.
by Estadão
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