Uma tênue camada de vapor, leve como neblina, aparece descobrindo a vegetação rasteira e se ergue vagarosamente espalhando o perfume da terra. As folhas se cobrem com um brilho espelhado e é possível ver a grama crescendo enquanto os pássaros entoam cantos de alegria.
Chove enquanto as mídias informam a queda da grande árvore bloqueando a rua e amassando a lataria de alguns carros. “Felizmente sem vítimas”, dizem. Mas as ruas estão alagadas e o percurso de casa para o trabalho fica tão complicado, que as pessoas presas nos coletivos perdem o medo do vizinho e começam a falar, trocar informações e até fazer novas amizades.
Na enxurrada lamacenta e fedida que impede o trânsito, boiam garrafas de plástico coloridas que vão passando velozes como que disputando uma corrida, fingindo ser barquinhos. Sacos plásticos também são movidos espalhando o alimento dos ratos e entupindo bueiros.
Pouca gente, presa temporária das águas pensa na responsabilidade dos administradores, que ocupados com políticas dispensáveis para a população, deixam para depois o serviço de limpeza ou não cobraram das “terceirizadas”, que financiam campanhas eletivas, o cumprimento de um cronograma rígido de remoção do lixo, reciclagem, incineração dos dejetos, antes das chuvas previstas.
E como fica a vida dos que perdem casas, carros, barracos, móveis nas áreas metropolitanas alagadas ou nas encostas deslizantes que soterram bens, matando dezenas, quando não centenas e até milhares? Os dramas resultantes, alguns ligeiramente divulgados, são logo esquecidos. Diante de tanta coisa importante, os administradores descartam as dores das vítimas. Cada um que se vire! E tome linha de crédito fácil em 10 ou 60 parcelas!
Afinal, governar exclui a perda de tempo com o drama de algumas centenas, percentual muito baixo da população, que perde tudo quanto junta a cada ano e passa a vida trabalhando para pagar prestações de fogão, cama, sofá e televisão, pouco sobrando para uma alimentação saudável e para os remédios que aliviam as dores de enfermidades causadas por carências nutricionais e vírus mortais.
Chove! Vamos ter muito chuchu, que é bom para baixar a pressão. Chove e a bandidagem some do noticiário, que pequeno assaltante nem é besta prá “trabalhar” sem rotas de fuga desimpedidas. Pausa! A duquesa, consorte do príncipe está aparecendo no vídeo, bela, loira, vestida de verde com um decote discreto, risonha e “ligeiramente grávida, com enjoos”, coitada.
Ora pomba! Pra que falar do ópio, heroína, cocaína, maconha, tráfico de armas, ouro e diamantes, acordos estratégicos entre a Grã Bretanha e a República do Povo da China Maoista, sob os auspícios do Instituto Real de Negócios Internacionais (RIIA)? Pra que falar de uma corporação comercial que detém o maior comércio do mundo, deixando no chinelo a OPEP do petróleo? Por que dizer que tais operações são financiadas por bancos da realeza, como o Hongkong&Shangai e outros bancos britânicos?
Quando não chove, a polícia aparece no noticiário, caçando, prendendo, morrendo e matando traficantes nas zonas periféricas ou em condomínios de luxo. O noticiário omite que a “indústria” das drogas é uma operação mundial integrada. Não obstante as apreensões de quilos aqui ou toneladas acolá, a rede mundial do tráfico e do terrorismo conta com o melhor controle de produção e distribuição, batendo qualquer mercadoria posta no comércio internacional, de modo legal ou ilegal. Com inflação ou sem inflação os preços fixos das drogas são fixos.
Pra que entender mais acerca das pessoas que operam com o maior negócio do mundo, desde quando a City londrina e a realeza promoveram a guerra para controlar o ópio produzido no oriente existem documentos pouco conhecidos. Nossas autoridades? As nossas leis? Alguns, talvez, vieram a conhecer recentemente estas realidades. Chove sem parar. Um poste com um transformador caiu sobre uma casa. Falta energia. Cessam de funcionar todos os aparelhos domésticos. Ficamos sem fósforos, sem velas, nem notícias e sem novelas.
O mundo não vai “acabar” em novo dilúvio. As previsões para a destruição desta civilização falam de fogo! As futuras civilizações vão estar mais bem informadas. Menos bestializadas, quem sabe?
Ref: DOPE, INC. - Britain's Opium War Against the U.S
by Konstandinos Kalimtgis, David Goldman e Jeffrey Steinberg (U.S. Labor Party Investigating Team) - Novembro de 1978
Por Arlindo Montenegro. Apicultor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário