Investigação indica que Cachoeira agiu em SC
Investigações da Polícia Federal mostram que a organização de
Carlinhos Cachoeira tinha conexões no governo de Santa Catarina e negociava uma
obra com integrante do primeiro escalão da equipe do governador Raimundo Colombo
(PSD, ex-DEM). O secretário de Comunicação, Ênio Branco, aparece nas escutas
como elo entre o Estado e o grupo do contraventor, que recorreu a ele com o
objetivo de obter contrato para a construção de uma rodoviária em Florianópolis
(SC).
O inquérito da Operação Monte Carlo revela que houve
negociações entre Branco e emissários de Cachoeira em várias ocasiões, ao longo
de 2011. Além de ter participado de reuniões de interesse do contraventor,
intermediadas pelo senador Demóstenes Torres, o secretário teria acertado com a
organização uma parceria público-privada (PPP) para erguer o terminal.
À época, Branco comandava a SC Participações (SCPar), estatal
catarinense que cuida justamente dessas parcerias. Segundo as gravações,
Cachoeira trabalhava para que a Artec, construtora sediada no Distrito Federal e
responsável pela rodoviária de Brasília, obtivesse o contrato. A empresa diz ter
sido sondada pela Delta Construções, ligada a Cachoeira, para a reforma de um
terminal no Estado.
Num grampo de 8 de agosto do ano passado, às 15h04, Cachoeira
diz a um de seus aliados, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, que o acerto
para a obra já estaria costurado com Branco: 'É pra procurar urgentemente o
Ênio, tá? O Ênio quer fazer um negócio lá, a rodoviária. Já falou com o
governador, o governador já liberou e o trem tá com ele', explicou. 'Nossa
Senhora, beleza! Vou ligar pra ele aqui, tá?', comemora Garcez.
As investigações mostram que Demóstenes também atuou agendando
audiências de um aliado de Cachoeira com o então presidente da SCPar. Em 7 de
julho, o contraventor telefona para o senador e pede que marque a reunião para o
argentino Roberto Coppola, apontado pela PF como empresário do ramo de
caça-níqueis e seu parceiro na abertura de empresas e sites de jogos. O senador
atende prontamente e retorna, dando o endereço da estatal, no Centro
Administrativo de Santa Catarina.
Em nota, Branco disse que conhece Demóstenes desde 2007, mas
que, com Cachoeira, teve 'raros contatos', 'especialmente em encontros de
natureza social', não tendo feito negócios com ele. Explicou que, como
presidente da SCPar, recebeu pleitos do senador e várias outras pessoas físicas
e jurídicas sobre investimentos no Estado. O parlamentar, segundo ele, solicitou
que recebesse diretores de empresa interessada na construção de uma nova
rodoviária.
A Artec informou não ter contratos com o governo de Santa
Catarina e que nunca acionou Cachoeira ou Demóstenes para que negociasse em seu
nome. Mas informou que foi sondada pela Delta Construções para a reforma da
cobertura de uma rodoviária no Estado. 'Não houve negociação por não haver
interesse nesse tipo de obra', acrescentou. / F.F.
E COMO DE PRAXE...
by Estadão
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