by Gabriel Novis Neves
Esses marqueteiros!
A atual presidente foi rotulada pelos marqueteiros no governo passado como “tocadora de obras”. O marqueting funcionou tão bem, que quase todo mundo torcia para que a antecessora da Erenice na Casa Civil gerenciasse as incontáveis obras públicas dessa nação.
Ganhou do seu patrocinador político o popular apelido de gerentona, para desespero dos seus adversários.
O resto ficou por conta dos profissionais de campanhas políticas, que fizeram de um limão uma farta limonada.
A notícia que tínhamos é que o Brasil se transformaria em um imenso canteiro de obras, com dinheiro, inclusive, para desenvolver projetos emergenciais.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estava indo tão bem que foi criado o PAC II.
O presidente apresentava-a à nação como a mãe do PAC I e PAC II. Os anúncios eram diários e com ampla cobertura da mídia – como a festança da transposição das águas do Rio São Francisco.
Aqui no nosso Estado, para evitar uma derrota mais ampla nos dois turnos das eleições presidenciais, obras faraônicas foram lançadas em clima de inauguração.
Ferrovias, novas rodovias, duplicação das existentes, asfaltamento dos grandes eixos rodoviários, navegação fluvial, escoamento das nossas riquezas pelo rio Paraguai. Era tanta promessa de obras, que a nossa população ficou desconfiada com tanta esmola, pois pobre sempre desconfia quando ela é demais e, fruta abandonada na estrada, tá bichada ou tem marimbondo no pé, como dizia o poeta Ataulfo Alves.
Foi prometido também: liberação de recursos financeiros para as obras essenciais de saneamento básico, novo Hospital Universitário e os moderníssimos sistemas de Unidades de Pronto Atendimento e Assistência Social (UPAS).
E mais: melhoria da qualidade na educação pública, aviões invisíveis para fiscalizar as nossas fronteiras – convite ao tráfico internacional de drogas e todo o tipo de contrabando.
A vez parecia ter chegado ao nosso Estado, pois os chamados líderes políticos apoiavam a grande tocadora de obras.
Além disso, estávamos comandando a principal autarquia do Ministério dos Transportes – o DNIT.
Por problemas republicanos, o nosso Estado foi expulso do Planalto, e a mídia passou a dar notícias sobre as obras de campanha.
Ninguém mais comenta o tão falado projeto da transposição das águas do rio São Francisco. O prejuízo causado pela paralisação dessa obra, segundo informações oficiais, é da ordem de quatro bilhões de reais, e muito sofrimento para os moradores da região.
Os irmãos gêmeos eleitoreiros, PAC I e PAC II, estão morrendo de inanição por falta de dinheiro.
Aqui em Mato Grosso não temos notícias dos grandes projetos anunciados.
Para agravar ainda mais a situação, o Brasil assumiu compromissos para realizar a Copa do Mundo 2014 que, até agora, ainda não resolveu os conflitos administrativos com a FIFA, e as obras estão bem atrasadinhas.
Jornalistas experientes no assunto jogaram a toalha do cronograma das obras prometidas pelo governo federal.
Dizem, inclusive, que o legado que a Copa nos deixará será uma impagável dívida e muitas frustrações.
Todas essas obras são controladas pela mãe do PAC I e PAC II.
Como desgraça pouca é bobagem, estamos envoltos em uma tremenda crise institucional entre os poderes e, em um gesto de autofagia política, estão em guerra.
A presidente, que não admite ser chantageada, está nos picos do apoio popular, medido pelo IBOPE, quebrando o recorde dos seus antecessores FHC e Lula no primeiro ano de governo.
Está se vendo que essa imensa base de sustentação parlamentar é, nada mais nada menos, que a velha e desmoralizada política do toma lá dá cá.
Mato Grosso está muito mal nessa foto. A grande imprensa nos ataca como se fôssemos chantagistas e devotos do Santo que prega o toma lá dá cá.
Deve ser praga de marqueteiro esse inferno astral que vivemos
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