quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Juiz italiano: é uma vergonha que Battisti esteja em liberdade no Brasil

O magistrado italiano Roberto Scarpinato estudou os grupos políticos da história recente do seu país e, há décadas, combate organizações mafiosas. Conhece as diversas chacinas que mancharam a luta política do século 20 por lá. E considera que seu compatriota Cesare Battisti não deveria pertencer à classe de exilados político
s, condição que lhe permitiu conseguir abrigo no Brasil para não ser extraditado à terra natal.

- É uma história triste. Ele foi condenado com rigor na Itália, é um assassino. É uma vergonha que esteja em liberdade no Brasil – opinou, em conversa com o Terra Magazine.

Ele realizou palestra, nesta quarta-feira (23), em São Paulo, em um seminário sobre o crime organizado que homenageou a juíza Patrícia Acioli, executada em 11 de agosto, no Rio de Janeiro. “A história dela se parece com a de muitos magistrados italianos”, comparou.

Scarpinato lamentou que não houvesse seguranças acompanhando a colega brasileira. Ele próprio dispõe de escolta ininterrupta de cinco policiais e tem sua casa vigiada pela polícia. “Vi oito colegas serem assassinados pela máfia”, justifica, com a importância de quem comandou a acusação de Giulio Andreotti, sete vezes primeiro-ministro e condenado por associar-se à máfia.

- O sangue dela, derramado no Rio de Janeiro, pertence a toda a humanidade, como o de todos os heróis que se sacrificaram no mundo inteiro pela democracia e pela primazia dos direitos iguais – afirmou, reverenciando Patrícia Acioli.

A origem

Entre as medidas para se extinguir a atividade mafiosa, Scarpinato recomenda “fazer uma boa política social, atacar a corrupção, possuir um Poder Judiciário independente da polícia, criar uma magistratura especializada, com instrumentos específicos, e ter formas de confisco especial dos bens dos grupos mafiosos”. O trabalho, entretanto, carece de mais de duas décadas para gerar efeitos.

O juiz conta que as facções da máfia manifestam-se desde a origem do Estado italiano unido, em 1860, quando as antigas repúblicas se agregaram na península. A partir de então, verificam-se “alianças estratégicas com dirigentes do Estado e da economia”.

A exemplo do que ainda ocorre no Brasil, sobretudo na região Norte, “centenas de agricultores foram mortos até 1970 a mando de latifundiários, que dominavam quase todas as terras da Itália”, destaca Scarpinato.

by Onyx

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