segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

TIJOLADAS DO MOSQUITO, A MORTE E A DIFÍCIL MISSÃO DE MANTER UM BLOG POLÍTICO.

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Na semana que passou fomos assaltados com a notícia do falecimento do blogueiro Amilton Alexandre – editor do Blog Tijoladas do Mosquito. Pouco depois de encerrar as atividades do blog (dia 09/12); Alexandre foi encontrado enforcado em sua casa na terça-feira (dia 13/12).
O sepultamento foi ontem (14/12) à tarde e a suspeita da polícia é de suicídio. No entanto, dadas as ameaças de morte quase constantes, as pressões que vinha sofrendo em sua vida pessoal e profissional e a declarações de amigos de longa data, que refutam veementemente a tese de suicídio, a polícia diz que investigará a hipótese de assassinato.
Infelizmente, a sagacidade, a acidez (às vezes excessiva) e a ferocidade com a qual o Mosquito (como era carinhosamente chamado por leitores e amigos) caracterizava seus textos fez muitos inimigos até entre a alta cúpula da polícia local. O que, para os mais chegados e para os leitores do blog, simplesmente não confere a desejada isenção a polícia local na realização das investigações.
Figura odiada por políticos e figurões da banda podre do serviço público de Santa Catarina, o Mosquito finalmente havia capitulado diante da avalanche de ações judiciais que o levaram a problemas financeiros. (Exatamente o mesmo problema que ocasionou o fechamento do Nova Corja). As investigações sobre a morte do Mosquito podem chegar exatamente ao mesmo ponto em que chegou o inquérito, aqui no Rio de Janeiro, do episódio do atentado ao blogueiro Ricardo Gama: lugar algum.
Vários meses após o ocorrido a polícia nada tem a apresentar e o atentado já caiu no esquecimento geral. Já com o falecimento do “Mosquito” a velocidade com a qual a polícia local abraçou a tese de suicídio (mesmo antes dos laudos periciais definitivos) já pode indicar que os poderosos relegarão as investigações a um segundo plano (ou mesmo a plano nenhum). Bastando-lhes o “suicídio” da mesma forma que bastou o “atentado” para a polícia carioca que coincidentemente tinha sua cúpula duramente atingida pelas denúncias do Ricardo Gama.
Assim, em um país onde manter um blog político pode significar risco de vida ou de ruína financeira, graças a litigância de má fé apoiada pelo próprio Judiciário, as autoridades se lixam para qualquer um que não seja político, membro do Judiciário ou repórter da Globo. As dificuldades de editar um blog político preocupado em manter a luz acesa sobre os desmandos e falcatruas das administrações públicas vão muito além da indiferença bovina da maioria dos cidadãos.
O mínimo que se poderia querer, em um país minimamente preocupado com a segurança de seus cidadãos, era o acompanhamento do Ministério Público Federal ou de alguma autoridade policial (também federal) em todos os crimes envolvendo denunciantes de personagens públicos. Isso garantiria a lisura mínima nas investigações ou, pelo menos, dificultaria o exercício nefasto de interesses perniciosos.
Mas, no país com 74% da população adulta composta por analfabetos funcionais – como reconhece o próprio governo – com uma classe política quase totalmente tomada pela corrupção; uma polícia que não gosta de investigar (a não ser que seja pressionada) e uma imprensa que se preocupa muito mais com a manutenção de um diploma e em fazer reserva de mercado do que com a verdade dos fatos e a liberdade de informação, não era de se estranhar que alguém como o Mosquito fosse “suicidado” ou que o final do inquérito do atentado ao Ricardo Gama chegue à conclusão de que tudo não passou de uma farsa.
Falta aos jornalistas encarar a figura do blogueiro como um aliado e inibidor do freio editorial das grandes corporações e as autoridades vontade e compreensão de que o assassinato político não pode ser tolerado em nenhuma esfera.
Meus sinceros sentimentos a família do Mosquito e aos leitores do Tijoladas. Perde a blogosfera brasileira, perde a luta pela ética na política e perde a nação brasileira em seu combate constante por um país melhor e mais justo para todos.

Um abraço Mosquito.
  

2 comentários:

Anônimo disse...

Quem mandou matarem ele com certeza foi algum político ou membro do Judiciário. O pessoal da RBS teria feito de forma menos bandeirosa, para parecer um simples desaparecimento...

Deise Brandão disse...

eu pessoalmente jamais pensei que pudesse ser a RBs, assim como varios dos processos movidos contra ele. me atreveria a ter certeza de quem foi, se é que foi...Esperemos o laudo. porem duas figuras carimbadas, que não valem o que comem, tinham interesse na morte dele. e eu aposto minhas fichas nestas duas pessoas. É hora de stand by. E ficar no aguardo. E que a Justiça se sobreponha. pelo menos uma vez, na porcaria deste judiciario.

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