Exportador de lixo hospitalar é cearense
Empresário que vendeu lençóis usados de hospitais dos EUA tem nome em sigilo
by  ÂNGELA LACERDA / RECIFE
 O Estado de  S.Paulo
O dono da empresa Texport Inc., responsável pela exportação de lixo  hospitalar dos Estados Unidos, é cearense - assim como o importador Altair  Teixeira de Moura, dono do Na Intimidade, empresa com sede em Santa Cruz do  Capibaribe, no agreste pernambucano. A revelação foi feita ontem, em entrevista  coletiva na sede da Polícia Federal, no Recife. 
O exportador, que constituiu sua empresa em 2000 e residiu por algum tempo  nos Estados Unidos, tinha apenas dois clientes: a Na Intimidade e uma empresa de  seu irmão, em Fortaleza. Sem ter sua identidade divulgada, ele está impedido de  deixar o Ceará e teve seu passaporte apreendido pela Polícia Federal.
A PF também realizou buscas na residência do exportador e na empresa e na  residência do seu irmão, cujo nome também é mantido em sigilo. 
A operação foi realizada anteontem por 30 policiais da PF de Pernambuco e do  Ceará. Nela, foram apreendidos documentos, cerca de R$ 320 mil em espécie e  lençóis com logomarcas de hospitais norte-americanos - alguns com manchas -,  semelhantes aos encontrados nos contêineres retidos pela Receita Federal no  Porto de Suape e nas três unidades da Na Intimidade, nos municípios  pernambucanos de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru. 
O material apreendido no Ceará, com a anuência da Justiça Federal em  Pernambuco, também foi apresentado à imprensa durante a entrevista. 
Responsabilidade dos EUA. De acordo com o superintendente da Polícia Federal  em Pernambuco, Marlon Jefferson de Almeida, a investigação sobre a forma  encontrada pelo dono da Texport Inc. para conseguir que o material hospitalar  norte-americano fosse remetido para as duas empresas nordestinas compete às  autoridades policiais dos Estados Unidos. 
"Não nos cabe", afirmou ele, ao informar que a polícia federal  norte-americana (FBI) ajudou a polícia brasileira a conseguir informações sobre  a Texport Inc. 
Conforme o delegado chefe da Delegacia de Combate a Crimes Fazendários,  Humberto Freire de Barros, não há em princípio indício de formação de quadrilha.  Os crimes caracterizados contra Altair Teixeira de Moura e o dono da Texport  Inc. são os de contrabando, crime ambiental e crime contra a saúde pública -  pelos quais, se condenados, podem receber uma pena máxima de 11 anos de prisão.  
Análise. As amostras recolhidas na empresa cearense, que também importava o  material ilegal, serão encaminhadas para análise no Instituto Nacional de  Criminalística (INC). Os laudos das análises realizadas pelo INC nos lençóis  recolhidos dos dois contêineres e dos galpões da Na Intimidade comprovaram a  presença de sangue e outros fluidos biológicos. 
Os dois contêineres com 46 toneladas de tecidos hospitalares, retidos desde  os dias 11 e 13 de outubro no Porto de Suape, serão devolvidos para os Estados  Unidos em janeiro. Ao final do inquérito policial, as 25 toneladas de lençóis e  toalhas encontradas nas três unidades da Na Intimidade, que estão interditadas,  serão destruídos. Segundo a PF em Pernambuco, o inquérito deve ser concluído em  fevereiro, quando os nomes dos empresários cearenses serão divulgados. 
 
 
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