by Folha de São Paulo
 Ministro afirma que alguns réus poderão não ser  punidos,
 já que o Supremo decidiu julgar todos juntos 
 Réus do mensalão terão as penas prescritas antes  que o julgamento esteja concluído. O escândalo é de 2005 e não há ainda prazo  para finalizar o processo no Supremo Tribunal Federal, diz o ministro Ricardo  Lewandowski.
 O mensalão tem 38 réus e está à espera do voto do  ministro-relator, Joaquim Barbosa. Em seguida, Lewandowski terá incumbência de  revisar o processo. Só então poderá ser marcado um julgamento pelo plenário do  STF.
 "Terei que fazer um voto paralelo ao voto do  ministro Joaquim. São mais de 130 volumes. São mais de 600 páginas de  depoimentos. Quando eu receber o processo eu vou começar do zero. Tenho que ler  volume por volume porque não posso condenar um cidadão sem ler as provas", disse  Lewandowski em entrevista à Folha e ao UOL.
 Indagado se dificilmente o mensalão seria  concluído em 2012, respondeu: "Sim, porque eu não posso, não tenho uma previsão  clara".
 Como há réus primários, corre-se então o risco de  que as penas para muitos ali sejam prescritas? "Sem dúvida nenhuma. Com relação  a alguns crimes não há dúvida nenhuma que poderá ocorrer a prescrição."
 Quando um réu é primário, a pena imputada pode  ser menor em relação a um criminoso com ficha suja. Entre os crimes que podem  caducar, disse Lewandowski, está o de formação de quadrilha.
 No processo original do mensalão, 24 pessoas eram  denunciadas por formação de quadrilha, crime para o qual a pena pode ser de um a  três anos de reclusão.
 "[Alguns> podem não ser punidos. Mas essa foi  uma opção que o Supremo Tribunal Federal fez de fazer com que todos os réus  fossem julgados no mesmo processo. Se apenas aqueles que tivessem foro  privilegiado, exercendo mandato no Congresso fossem julgados no STF, talvez esse  problema da prescrição não existiria por conta de uma tramitação mais  célere."
 Na ocasião, o ministro se manifestou pelo  desmembramento do processo.
 Como o caso está em curso, não é possível saber  quais os crimes imputados que irão prescrever. É necessário primeiro saber se  serão condenados e a extensão das penas.
 Se os que são acusados por formação de quadrilha  receberem penas de apenas dois anos de reclusão, essa punição já estaria  prescrita agora.
 É que a prescrição é calculada de acordo com as  regras do Código de Processo Penal. No atual estágio do processo do mensalão,  toma-se como base a data do recebimento da denúncia, ocorrida no final de agosto  de 2007.
 Uma condenação a dois anos de reclusão prescreve  em quatro anos. Ou seja, se mais da metade dos réus do mensalão receber penas  iguais ou menores que esse tempo (pelo crime de formação de quadrilha), ninguém  irá para a prisão por isso.
 Ao vocalizar a possibilidade da prescrição de  penas, Lewandowski mais uma vez diz em público o que é conhecido nos bastidores  do STF.
 Em 2012, outro fato deve atrapalhar a tramitação  do processo: dois dos 11 ministros do STF devem se aposentar por completar 70  anos (Cezar Peluso e Ayres Britto).
 Como o Planalto tem demorado a indicar  substitutos, é improvável que a corte possa julgar o caso sem que sua composição  esteja completa.
 
 
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