segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A propósito


Título Conteúdo Cresce diagnóstico de hepatite C
No Brasil, a triagem sorológica por meio desses testes é feita em todos os bancos de sangue desde 1993.
Sabia maisDados divulgados recentemente sobre o aumento anual de cerca de 30% na taxa de mortalidade de hepatite C, no período de 1996 a 2003, causaram temor na população brasileira. Apesar de os números trazerem preocupação, o Ministério da Saúde esclarece que como a doença pode levar anos para se manifestar, a maior parte dos registros provavelmente tem relação com pessoas contaminadas na década de 70 e 80 e até 1993 não havia controle sorológico para evitar a infecção nas transfusões de sangue e nos transplantes.

Ainda existe, portanto, um contingente de pessoas que podem progressivamente engrossar essas estatísticas, caso não seja feito o diagnóstico precoce. O Ministério da Saúde alerta as pessoas que se submeteram à transfusão ou a transplante antes de 1993 para que procurem uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e realizem o teste.
A hepatite é uma inflamação do fígado. Pode ser contraída por vírus ou pela ingestão excessiva ou inadequada de medicamentos, de álcool e de drogas. As hepatites virais são mais comuns do que as tóxicas e identificam-se por seus agentes causadores. Os tipos mais conhecidos da doença são: A (HVA), B (HVB), C (HVC), E (HVE) e Delta - esta se desenvolve somente em associação com a hepatite B. As hepatites B, C e Delta podem evoluir para a forma crônica (mais grave), levando alguns portadores à cirrose e ao câncer de fígado. Cada uma das hepatites apresenta sua forma de contágio, prevenção e tratamento.

Existe vacina para a hepatite B. Aplicada em três doses oferecidas gratuitamente, integra o calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS). Para hepatite C não existe vacina, mas há tratamento gratuito aos contaminados.

Detecção - Os cientistas descobriram o vírus da hepatite C em 1989 e, no início da década de 90, surgiram testes sorológicos que identificam a presença da infecção. "Desde então, interrompeu-se a contaminação em transfusões de sangue e transplantes", lembra a coordenadora do Programa Nacional de Hepatites Virais, Gerusa Figueiredo.

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, o que está aumentando, portanto, é o número de detecção de casos. "A imprensa e o ministério têm divulgado melhor o que é a doença. A partir disso, as pessoas avaliam se foram expostas às formas de contaminação e procuram as unidades de saúde para fazer o diagnóstico", observa Gerusa. Como a doença demora anos para se manifestar, a taxa de mortalidade de hoje reflete uma situação de 20 a 30 anos atrás. Na década de 70, houve uma grande expansão nos serviços de alta complexidade, como os transplantes e outros procedimentos onde havia necessidade de transfusões sanguíneas. Naquele contexto, pode ter ocorrido um elevado índice de contaminação pelo vírus da hepatite C.

A hepatite C é causada por um vírus transmitido por sangue contaminado. Em circunstâncias raras, ocorre a transmissão por via sexual e a transmissão vertical (da mãe gestante para o filho). Na maioria das vezes, a doença é silenciosa e assintomática e pode ser detectada apenas por exames laboratoriais. Em outros casos, as manifestações da infecção hepática se assemelham aos de uma gripe, como fraqueza e mal estar. Algumas vezes, o doente pode apresentar olhos e pele amarelados e urina escura.

Exame - A hepatite C merece atenção especial dos serviços de saúde e da população porque pode evoluir para a forma crônica. A maioria dos portadores só percebe que está doente anos após a infecção, quando esse processo já ocorreu. Se o vírus não for eliminado pelo sistema de defesa do organismo - o que acontece, em alguns casos - há grandes chances de em 20 ou 30 anos a doença se transformar em uma cirrose e em câncer no fígado. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que se submeteram à transfusão de sangue ou transplantes antes de 1993 procurem um serviço de saúde para fazer exame de sangue. Se o diagnóstico for positivo, o paciente será encaminhado para uma unidade de média complexidade para a realização de exames mais especializados e para a biópsia hepática. A partir daí, o portador terá direito ao tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS.

O governo federal trabalha para estruturar os serviços de saúde de modo a que seja possível detectar a doença precocemente. "Só assim teremos a esperança de que as pessoas que se infectaram antes de 1993 recebam tratamento adequado e não apresentem, daqui a algum tempo, um quadro mais grave em conseqüência da hepatite C", alerta Gerusa.

O tratamento para hepatite C é feito por meio da substância imunobiológica Interferom (antiviral produzido pelo organismo humano e que combate o vírus causador da doença) e de um medicamento (ribavirina).

"A cada 100 pacientes infectados, 80% não eliminam o vírus. Desse total, em média 25% precisarão de tratamento. Dos que recebem tratamento, de 50% a 80% alcançam a cura", informa Gerusa Figueiredo. O sucesso do tratamento varia de acordo com alguns fatores, como o genótipo do vírus, e o estágio da doença. No início do tratamento as pessoas podem ter efeitos colaterais, como dores no corpo, náuseas, febre e até depressão. É preciso que o paciente tenha sempre um acompanhamento médico e faça periodicamente avaliações clínicas. Caso esse tratamento não seja eficaz, o transplante de fígado pode ainda ser uma opção.

Prevenção enfoca algumas pessoas


Certos grupos sociais recebem atenção especial do Ministério da Saúde para abordagem das hepatites B e C. Como a triagem sorológica nos bancos de sangue praticamente interrompeu a transmissão da hepatite C por essa via, hoje as ações de prevenção primária - ou seja, aquela que evita que a pessoa se contamine - são focadas para grupos que ainda se expõem a risco, como usuários de drogas. Em relação à hepatite B, por ser uma doença sexualmente transmissível, o SUS fornece a vacinação contra esse vírus para pessoas de até 19 anos e também para outros grupos de maior vulnerabilidade, como transgêneros, população indígena, profissionais do sexo e pessoas presas.

O trabalho desenvolvido em cada um desses grupos utiliza linguagem adaptada, exemplos do cotidiano e requer ações específicas. O contato do índio com as drogas e o sexo desprotegido, assim como a população em geral, é uma das vias de transmissão importante para as hepatites B e C. O uso de drogas injetáveis torna a pessoa mais vulnerável ao vírus, já que é recorrente o uso de seringas e materiais cortantes.

Para evitar novos casos da doença, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de material esterilizado ou descartável em serviços de saúde, salões de beleza e nas lojas de tatuagens e colocação de piercings. O ministério também alerta para o não compartilhamento de agulhas e seringas. E lembra que é indispensável o uso de preservativos nas relações sexuais, pois embora a hepatite C raramente seja transmitida por essa via, outras doenças podem ser evitadas, como é o caso da hepatite B.

Serviço:O Ministério da Saúde oferece tratamento gratuito aos portadores do vírus da hepatite C por meio da distribuição de medicamentos de alto custo e do atendimento ambulatorial e hospitalar.

Para ter direito ao tratamento, a pessoa deve receber o diagnóstico da doença. São 250 centros de testagem e aconselhamento (CTAs), treinados para oferecer exame. Quando se identifica um portador, ele é encaminhado aos serviços de maior complexidade para aprofundar a investigação clínico laboratorial e receber tratamento, caso necessário. As autoridades de saúde recomendam às pessoas que se submeteram a transfusão ou a transplante, antes de 1993, que procurem uma unidade de saúde para obter o diagnóstico.

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