quarta-feira, 3 de abril de 2013

Hoje, 03 de abril, comemora-se o Plano Marshall: Em março de 1947, a pretexto de apoiar o governo monarquista da Grécia (envolvido numa guerra civil contra os comunistas), o presidente dos EUA comprometeu-se a combater o comunismo em escala global, lançando assim as bases da Doutrina Truman. Faltava-lhe, porém, uma plataforma econômica para respaldar sua política de contenção ao comunismo.

O ano de 1947 marcou o ponto de partida para a guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Naquela data os americanos tomaram duas iniciativas importantíssimas: primeiro, decidiram-se pela política de "contenção" ao comunismo, dando início a pesados investimentos em armamentos e artefatos nucleares; em segundo, por auxiliarem economicamente, por meio do Plano Marshall, os países europeus assolados pela guerra, permitindo que eles dessem começo aos programas de reconstrução nacional.
"Nossa política não se dirige contra nenhum país ou doutrina, mas contra a fome, a pobreza, o desespero e o caos." G. Marshall, discurso em Harvard, 5 de junho de 1947

A fome e o frio
Desolação nas ruas de Londres
Iniciava-se a primavera de 1947 ao tempo em que encerrava-se o mais tenebroso inverno da Europa no século XX. Nos finais da Segunda Guerra Mundial, na parte ainda controlada pela a Alemanha nazista em seu estertor, o sistema de abastecimento ainda funcionava razoavelmente, e salários e preços tabelados impediam o furor inflacionário. Mas quando os tiros por fim cessaram, seguido da desmobilização geral, foi um deus-nos-acuda. Nos dois anos seguintes à rendição nazista, a comida evaporou-se e o que circulava no mercado negro atingia preços inimagináveis. Em Berlim, a população, para sobreviver ao enregelamento, abateu todas as árvores da cidade. Os parques públicos, como o devastado Tiergarten, serviram para que neles proliferassem hortaliças. Onde outrora havia as elegantes tílias, agora vicejavam repolhos e nabos, plantações noite e dia policiadas pelos moradores para que não as roubassem.

Ruína e desolação
Europa em ruínas
Quem desembarcasse no porto do Havre, em Antuérpia ou em Amsterdam, entrando no continente adentro, não pararia mais de ver ruínas e desolação por todos os lados. Quase toda a infra-estrutura de comunicações e transportes estava destruída. Cidades ou aldeias inteiras, somente se ultrapassasse os Montes Urais, lá nos fundões da Rússia, distantes mais de 4.600 quilômetros das margens do Oceano Atlântico. Estradas-de-ferro, minas, portos, pontes, canais, linhas de metrô, reservatórios de água, represas, fábricas, rede elétrica, cabos, barcos, estradas, cidades grandes e pequenas, e até mesmo milhares de aldeolas transformaram-se, depois de seis anos de guerra total, num imenso entulho, servindo como um gigantesco sepulcro aos mortos. Milhões deles.

Dizimação do povo
Na parte centro-ocidental da Europa registraram-se 16 milhões de baixas civis e militares, e na URSS elas chegaram a 20 milhões. Outros 30 milhões de europeus haviam sido empurrados para lá e para cá aos sabor dos resultados das batalhas. A velha civilização européia, a pátria de Shakespeare, de Cervantes, dos iluministas, de Mozart, de Goethe, de Verdi, de Einstein e Freud, estava reduzida à miséria, gemendo de frio e de fome, cercada por crateras tumulares e prédios desmoronados. Pelas ruas das suas históricas capitais vagavam os sobreviventes, um povo exausto, mal-ajambrado, perplexo e atarantado. Nas paredes das ruas era comum encontrar-se uma tétrica frase: "felizes dos mortos, pelo menos suas mãos não se enregelam!" A outrora orgulhosa e arrogante civilização européia, arfava, reduzida quase que à mendicância.

Conter o comunismo
Presidente Harry Truman
O que fazer com a Europa? Como erguê-la de novo? No círculo de poder norte-americano, passo-a-passo, ganhava a tese de George Kennan de que era necessário conter (contention) o comunismo. O simples fato do Exército Vermelho aquartelar-se em Berlim, distante alguns dias de marcha de Paris ou Londres, dava calafrios nos americanos e nos seus
G.Kennan, teórico da contenção ao comunismoaliados ocidentais.
Os tempos de fraternidade e cumplicidade guerreira entre eles e os russos encerraram-se. Naquele momento, os dois colossos vitoriosos na guerra, bivaqueando um em frente ao outro, olhavam-se cada vez mais desconfiados. O medo de que os partidos comunistas, particularmente o francês e o italiano, pudessem servir de cavalo de Tróia à expansão soviética fez com que os americanos se lançassem à guerra fria.

A alavanca de Arquimedes
General Marshall e o presidente Truman
Acima de tudo era preciso que renascesse a esperança restaurando a infra-estrutura e a economia dos vitimados pela guerra ou pela ocupação militar. Alguma coisa de espetacular deveria ser feita, pensaram os norte-americanos. Algo que fizesse os europeus ocidentais voltar a tomar gosto pela vida, alguma coisa que os tirasse da apatia e os afastasse do comunismo. Em março de 1947, a pretexto de apoiar o governo monarquista da Grécia (envolvido numa guerra civil contra os comunistas), o presidente dos EUA comprometeu-se a combater o comunismo em escala global, lançando assim as bases da Doutrina Truman. Faltava-lhe, porém, uma plataforma econômica para respaldar sua política de contenção ao comunismo
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A riqueza americana
Selo do Plano Marshall
Graças às suas reservas nacionais terem-se ampliado (aumentaram em 56% a mais do que tinham antes da guerra, além de concentrarem 84% de todo o ouro dos países ocidentais), os Estados Unidos puderam ser generosos com os europeus. De país em depressão econômica da década de trinta, tornaram-se na maior potência do mundo no final da Segunda Guerra Mundial. No staff governamental de Harry Truman, ninguém melhor do que o general George C. Marshall para erguer a bandeira da reconstrução européia. Ex-chefe do Estado-maior norte-americano durante a guerra e um dos estrategistas da vitória, Marshall ascendera ao posto de secretário de Estado em janeiro de 1947, disposto a encarar a grande tarefa.

O Plano Marshall
O navio da prosperidade (cartaz do Plano Marshall)
Nunca até então uma nação vencedora havia se disposto a pagar os estragos de uma guerra não provocada por ela. Inclusive, alcançando recursos ao inimigo recém-derrotado. Marshall, após ter pronunciado o seu anúncio de auxílio na Universidade de Harvard em 5 de junho de 1947 - discurso no qual esteve presente na platéia a elite intelectual norte-americana - , fez a partir de então chegar ao famélico continente US$13 bilhões (estima-se que hoje seriam equivalentes a US$ 100 bilhões). Esta massa impressionante de dinheiro, remetida sob o título do The European Recovery Program, atuou como a alavanca de Arquimedes para que o capitalismo europeu voltasse à vida, consagrando-se como a operação econômica-ideológico mais bem sucedida do século.

Lista dos estragos
A corda do Plano Marshall retira os europeus do abismo
O dinheiro foi oferecido a todo e qualquer país envolvido pelo conflito mundial. Mesmo à URSS se ela assim quisesse. Para obter acesso aos recursos era preciso apresentar uma lista dos estragos sofridos e uma estimativa do quanto era preciso para voltar a pôr o país em pé. Stalin não só rejeitou qualquer dinheiro americano, como denunciou o Plano Marshall como uma declaração de guerra econômica à URSS. Não só isso. Proibiu que qualquer país ocupado pela URSS (Polônia, Países Bálticos, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria, Bulgária e Alemanha Oriental), fizesse sequer menção de aceitá-lo. Em protesto, o ditador soviético ordenou o bloqueio por terra a Berlim ocidental (ocupada pelos aliados ocidentais). Além das razões ideológicas (afinal receber auxílio norte-americano em tempo de paz iria parecer gorjeta dada pelos norte-americanos), a URSS receava que o Ocidente tomasse conhecimento da assombrosa dimensão da destruição que a Rússia sofrera com a ocupação nazista e o esforço despendido para recuperar o território invadido.


Stalin rejeitou o Plano Marshall
Desde então a Europa Ocidental, totalmente recuperada, tornou-se um grande entreposto de consumo e bem-estar, deixando a parte Leste, o mundo comunista, na posição daquele pobre coitado que, do lado de fora, na rua, contempla as vitrinas sem nada poder levar, situação que estendeu-se até o colapso do Bloco do Leste e o fim do muro de Berlim em 1989.

Fonte: educaterra.terra.com.br

Plano Marshall

Mapa da Europa mostrando os países que receberam ajuda do Plano Marshall.
As colunas vermelhas mostram a quantidade total relativa de ajuda por país.
O Plano Marshall, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Européia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário do Estado dos Estados Unidos, George Marshall.

O plano de reconstrução foi desenvolvido em um encontro dos Estados europeus participantes em julho de 1947. A União Soviética e os países da Europa Oriental foram convidados, mas Josef Stalin viu o plano como uma ameaça e não permitiu a participação de nenhum país sob o controle soviético. O plano permaneceu em operação por quatro anos fiscais a partir de julho de 1947. Durante esse período, algo em torno de US$ 13 bilhões de assistência técnica e econômica — equivalente a cerca de US$
130 bilhões em 2006, ajustado pela inflação — foram entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que juntaram-se à Organização Européia para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Quando o plano foi completado, a economia de cada país participante, com a exceção da Alemanha, tinha crescido consideravelmente acima dos níveis pré-guerra. Pelas próximas duas décadas a Europa Ocidental iria gozar de prosperidade e crescimento. O Plano Marshall também é visto como um dos primeiros elementos da integração européia, já que anulou barreiras comerciais e criou instituições para coordenar a economia em nível continental. Uma conseqüência intencionada foi a adoção sistemática de técnicas administrativas norte-americanas.

Recentemente os historiadores vêm questionando tanto os verdadeiros motivos e os efeitos gerais do Plano Marshall. Alguns historiadores acreditam que os benefícios do plano foram na verdade o resultado de políticas de laissez faire que permitiram a estabilização de mercados através do crescimento econômico. Além disso, alguns criticam o plano por estabelecer uma tendência dos EUA ajudarem economias estrangeiras com dificuldades com o dinheiro dos impostos dos cidadãos norte-americanos.
Ajuda Financeira Recebida


PAÍS Total Doações Empréstimos
República Federal da Alemanha 1,390.6 1,173.7 216.9
Áustria 677.8 677.8 --
Bélgica e Luxemburgo 559.3 491.3 68.0
Dinamarca 273.0 239.7 33.3
França 2,713.6 2,488.0 225.6
Grécia 706.7 706.7 --
Holanda (Índia Oriental)a 1,083.5 916.8 166.7
Islândia 29.3 24.0 5.3
Irlanda 147.5 19.3 128.2
Itália (incluindo Trieste) 1,508.8 1,413.2 95.6
Noruega 255.3 216.1 39.2
Portugal 51.2 15.1 36.1
Reino Unido 3,189.8 2,805.0 384.8
Suécia 107.3 86.9 20.4
Turquia 225.1 140.1 85.0
Regionalb 407.0b 407.0b --
Total para todos os países $13,325.8 $11,820.7 $1,505.1

Observações:
a) O Plano Marshall de ajuda às Índias Orientais (atual Indonésia) foi extendido à Holanda antes da oficialização da independência das Índias Orientais da Holanda. A ajuda econômica para as Índias Orientais chegaram ao total de 101.4 US$ milhões, recebendo uma doação de 84.2 US$ milhões e um empréstimo de 17.2 US$ milhões.
b) Para o continente como um todo
Efeitos
Plano Marshall instituído pelos americanos resultou em incrível crescimento econômico para os países europeus envolvidos. A produção industrial cresceu 35%, e a produção agrícola havia superado níveis dos anos pré-guerra.
O comunismo passou a ser considerado pelos dirigentes da Europa Ocidental como uma ameaça menor, e a popularidade dos partidos o organizações comunistas na região caiu bastante.

Fonte: pt.wikipedia.org

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