À espera do veredicto do STF, o ex-presidente do PT José Genoino deixou impressionado um colega de partido que foi à casa dele para prestar solidariedade. O correligionário imaginara que encontraria um amigo abatido. Deu-se o oposto.
Ante a perspectiva de ser sentenciado à pena de prisão, Genoino disse ao companheiro: “Não vou para a cadeia de cabeça baixa.” Considera que, na hipótese de confirmação do pior cenário, será vítima de uma “punição injusta.”
Por quê? “Não corrompi ninguém e não enriqueci”, afirmou Genoino. A conversa ocorreu antes do cateterismo a que o ex-deputado submeteu-se há seis dias. O exame afastou o risco de uma receada cirurgia cardíaca.
Para desassossego do interlocutor, a suspeita de complicações coronanianas não havia apartado Genoíno do vício do fumo. Atravessou quase toda a conversa com o cigarro entre os dedos.
O julgamento do mensalão será retomado nesta segunda (24). O revisor Ricardo Lewandowski dará sequência à leitura do pedaço do seu voto que trata dos políticos e prepostos que receberam dinheiro das valerianas arcas.
Estima-se que Lewandowski concluirá o voto apenas na sessão de quarta (26), empurrando a manifestação dos demais ministros para quinta (27). Vencida essa etapa, o Supremo se debruçará sobre a segunda ‘fatia’ desse capítulo do processo.
Envolve Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares. São acusados de corrupção ativa. Pesa contra os três também a acusação de formação de quadrilha. Mas essa imputação só será julgada noutro capítulo.
No caso de Genoino, a defesa suspenta que ele não respondia pelas finanças do PT na época em que presidia a legenda. Cuidava de política, não de dinheiro. Nessa versão, o caixa era da responsabilidade do então tesoureiro Delúbio. Porém…
Genoino assinou como avalista um dos empréstimos do Banco Rural que o STF já tachou de “fictício”. Sustenta-se na peça acusatória da Procuradoria da República que ele tinha plena ciência da origem fraudulenta e do destino criminoso das verbas.
Ex-guerrilheiro do PCdoB no Araguaia, Genoino foi preso em abril de 1972. Sob a ditadura militar, puxou cinco anos de cana. Orgulha-se desse pedaço de sua biografia. Confirmando-se o revés no STF, pode retornar ao cárcere por motivos menos ideológicos e nada dignificantes.
by - Josias de Souza
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