Introdução
A ideia da série e da cartilha “Noções de Política e Cidadania no Brasil” parte do pressuposto de que as escolas, os partidos, os meios de comunicação e até os movimentos sociais deixaram em segundo plano a educação política.
Com isto, o conhecimento sobre valores da cidadania e o despertar da consciência coletiva para o que são, o que fazem e como funcionam as instituições públicas perdeu importância na formação do povo brasileiro,
com prejuízos irreparáveis para o pleno exercício da cidadania.
Essa lacuna na formação política, além de criar condições para o denuncismo e a judicialização da política, deu ensejo a um ambiente de forte questionamento das instituições do Estado, liderado por forças atrasadas do país, inclusive por alguns importantes veículos de comunicação, com o propósito de retirar do povo seu papel de cidadania ativa sobre os destinos do país.
A presidente Dilma Rousseff, em seu discurso na Conferência Internacional Anticorrupção, captou bem esse sentimento ao alertar que: “O combate ao malfeito não pode ser usado para atacar a credibilidade da
ação política tão importante nas sociedades modernas. O discurso anticorrupção não deve se confundir com o discurso antipolítica, ou antiestado, que serve a outros interesses. Deve, ao contrário, valorizar e reconhecer o papel do Estado como instrumento importante para o desenvolvimento,
a transparência e a participação política.”
Como não existe solução para os problemas coletivos fora da política, assim como não há cidadania sem educação política, a solução para enfrentar esse déficit de cidadania e essa campanha de deslegitimação
da política passa pela educação política, em todos os espaços possíveis, particularmente nas escolas, imprensa, partidos, movimento sociais etc.
Os que desdenham a política o fazem por ignorância ou má-fé: ignoram o mal que fazem a si próprios ficando alheios ao que acontece em seu entorno, tornando-se potenciais vítimas dessa escolha, ou, inten
cionalmente, desqualificam a política para dominá-la, excluindo o povo do processo de escolha e de pressão sobre os detentores de mandatos, políticos e governantes.
O objetivo final de quem desqualifica a política é transferir as decisões dos cidadãos, por meio da política, para grupos econômicos e de poder que se apoderam do aparelho do Estado em busca de interesses próprios. A política, em lado diverso, considera princípios como equidade, participação
e legitimação pela maioria.
Não é o excesso, mas a falta de política, na perspectiva do senso crítico e da participação cidadã, que tem levado à descrença nas instituições. Sem ela prevalecem a lei do mais forte, o individualismo, o “salve-se quem puder”. E essa conversa de que política não se discute é bobagem. Política se discute sim, pois é na política que as grandes questões são resolvidas, com ou sem a nossa participação. Participar, portanto, é fundamental, inclusive para que a decisão seja boa para todos.
A política tem várias dimensões, sendo uma delas o exercício do poder no Estado. Nesse quadro, é bem verdade que não pode ser ignorado que há muitos maus políticos que, pelos atos, levaram a uma aversão à política por muitos cidadãos. É bem verdade também que há enormes problemas com o processo da escolha dos candidatos a cargo eletivo público e há outros tantos graves problemas com as campanhas eleitorais, que transitam por caminhos nada democráticos.
Tudo isso é verdade e é por essas mesmas razões que a política precisa retornar ao meio social de onde saiu. Resgatar a participação política direta, colocar a vida social e coletiva como um dos mais importantes centros da política torna-se vital, porque não há vida social sem política.
Nesse diapasão, a produção que ora se inicia, ainda que modesta, se insere numa perspectiva que se pretende histórica para o País.
Celso Napolitano Ulisses Riedel de Resende
Presidente Diretor TécnicoNota minha: Apresentando no papel, em que se resume O PLS2. E em breve, o PNDH3.
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