terça-feira, 29 de maio de 2018

Em oito dias de greve, perdas de grandes setores já superam R$34 bi


ECONOMIA
Perdas da cadeia do leite chegam a R$1 bilhão, segundo a Associação Brasileira de Laticínios; cifra inclui 300 milhões de litros de leite descartados 

Por Estadão Conteúdo - 29 maio 2018, 08h47 


Paralisação dos caminhoneiros já causa perdas superiores a R$34 bilhões nos oito dias da greve (Ueslei Marcelino/Reuters) 

São Paulo – Importantes segmentos da economia já contabilizam, ou estimam, perdas superiores a R$ 34 bilhões nos oito dias da greve dos caminhoneiros completados na segunda-feira, 28. Só a cadeia produtiva da pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões, informa a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de carnes (Abiec). 

Segundo a entidade, das 109 unidades de produção, 107 estão paradas e duas operam com 50% da capacidade. Há 3.750 caminhões parados nas estradas com produtos perecíveis prestes a vencerem. No segmento de frangos e suínos o prejuízo acumulado é de R$ 3 bilhões e 64 milhões de aves já morreram, diz a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Há riscos de morte de 1 bilhão de aves e de 20 milhões de suínos.

Na segunda, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) enviou ao governo ofício pedindo urgência e prioridade para a escolta de veículos que transportam produtos perecíveis, animais e rações. 

“Há perdas que poderão ser recuperadas, mas outras não”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Ele estima em até R$ 1,7 bilhão a perda de faturamento líquido do setor, que tem 90% das empresas com dificuldades operacionais. 

No comércio varejista, a Fecomércio estima que, mantida a paralisação, as perdas diárias em vendas em todo o País podem chegar a R$ 5,4 bilhões. Os distribuidores de combustíveis deixaram de faturar perto de R$ 8 bilhões desde o início da greve, calcula a Plural, associação das empresas do setor. 

No setor da construção civil há várias obras paralisadas, informa José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Estimativa indica que o setor deixou de gerar R$ 2,9 bilhões. “A falta de concreto é o maior problema no momento”. 

A indústria farmacêutica acumula em oito dias prejuízos de R$ 1,6 bilhão. Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, alerta ainda para a dificuldade de acesso da população aos medicamentos, “o que pode trazer consequências indesejáveis”. 

As perdas da cadeia do leite chegam a R$1 bilhão, segundo a Associação Brasileira de Laticínios. A cifra inclui 300 milhões de litros de leite descartados. 

A indústria automobilística, que tem a maioria das fábricas paradas desde sexta-feira, 25, não divulgou prejuízos. Cálculos com base na média da produção diária indicam que 25 mil veículos deixaram de ser produzidos em dois dias, mas grandes fabricantes, como GM, VW e Ford estão paradas há mais tempo. 

Paralelamente às perdas da indústria e do comércio, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que R$ 3,86 bilhões deixaram de ser arrecadados em tributos. “Isso tem reflexo nas contas públicas, pois o orçamento já conta com essa arrecadação para dar andamento a projetos, folha de pagamentos, investimentos, etc”, diz o coordenador do estudo, Gilberto Luiz do Amaral. Para a economia, diz ele, deixaram de ser movimentados mais de R$ 26 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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