O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, afirmou nesta segunda-feira (28) que a paralisação não é mais dos caminhoneiros, mas de pessoas que querem "derrubar o governo".
Fonseca estima que ainda faltam deixar a paralisação cerca de 250 mil caminhões. Segundo ele, o cenário está "bem encaminhado" para que a situação volte ao normal na terça-feira (29).
"Não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas nisso aí. Eles estão prendendo caminhão em tudo que é lugar. [...] São pessoas que querem derrubar o governo. Eu não tenho nada que ver com essas pessoas, nem nosso caminhoneiro autônomo tem. Eles estão sendo usados por isso", disse.
O presidente da associação afirmou que a desmobilização ainda não ocorreu de forma completa porque o Brasil é um país de dimensão continental e as pessoas precisam ser informadas sobre a negociação.
Ele também disse que os caminhoneiros "estão sendo ameaçados de forma violenta" para manter a paralisação, por pessoas "que se dizem lideranças" e que estão envolvidas com partidos políticos. Fonseca, contudo, não citou nomes de pessoas ou partidos.
Fonseca disse que, durante a paralisação, empresas pararam as atividades porque "não tinham como rodar".
"Para mim, nenhuma empresa veio pedir pra suspender uma greve. Nenhuma empresa veio pedir para fazer uma greve. Isso aconteceu de forma natural. Em determinado momento, fechou todas as rodovias, então as empresas não tinham como colocar caminhão na rua. As empresas pararam, todo mundo junto. Isso ajudou? Ajudou, mas eu, em nenhum momento, tive qualquer conversa em relação a isso", afirmou.
Na manhã desta segunda-feira, a Abcam informou que esperava uma redução "significativa" da quantidade de caminhões parados. Em nota, a entidade disse que vem trabalhando para que a informação do acordo com o governo chegue a toda a categoria, mas destacou que nem todos os caminhoneiros seguem o entendimento de que a paralisação deve chegar ao fim.
O presidente Michel Temer anunciou na noite de domingo (27) uma série de concessões que, para serem cumpridas, custarão R$ 10 bilhões aos contribuintes, segundo cálculos do governo. No pacote anterior, a perda estimada era de R$ 5 bilhões. Após quase 12 horas de reuniões no Planalto, ficou decidido que o preço do óleo diesel terá redução de R$ 0,46 por litro nas refinarias. Esse preço valerá por 60 dias. Terminados os dois meses, o diesel só será reajustado a cada 30 dias.
Fonseca afirmou que o governo deve "fazer das tripas coração" para que o desconto chegue ao valor do diesel na bomba.
Petroleiros decidem entrar em greve a partir de quarta-feira
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) decidiu entrar em greve a partir da 0h de quarta-feira (30). Os trabalhadores vão parar por 72 horas.
Roni Barbosa, da FUP e secretário nacional de Comunicação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), afirmou que a decisão foi tomada neste sábado (26) em reunião no Rio, realizada também em teleconferência.
A federação chama a paralisação de "greve de advertência".
Segundo Barbosa, a categoria já havia deliberado por greve em abril deste ano e faltava apenas a definição de uma data. Os petroleiros não pedem reajuste salarial, uma vez que a data-base da categoria é em setembro.
A principal pauta é a redução dos preços dos combustíveis. Os petroleiros pedem também o fim das importações de derivados de petróleo, critica privatizações e querem a demissão de Pedro Parente, presidente da Petrobras.
"É fora, Parente. A Petrobras está sendo implodida. Estão vendendo refinarias com dutos", disse Barbosa.
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