segunda-feira, 28 de maio de 2018

Acesso ao Porto de Santos, SP, permanece bloqueado em quinto dia de greve


Categoria afirma que não vai ocorrer desmobilização na região. 

Polícia faz escolta de caminhões-tanque para abastecer viaturas.

Por G1 Santos


Caminhoneiros permanecem bloqueando acesso ao Porto de Santos (SP) nesta sexta-feira (25) (Foto: Solange Freitas/G1)

Os caminhoneiros mantêm os protestos na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, em São Paulo, nesta sexta-feira (25), mesmo após o anúncio de acordo feito pelo Governo Federal. A categoria está mobilizada para que ocorra a redução no valor dos combustíveis e o aumento do preço do frete. Representante dos postos afirma que estabelecimentos estão com tanques vazios.

Os impactos do desabastecimento de combustíveis, de produtos nos supermercados e, também, nas operações portuárias permanecem nas regiões. A Polícia Federal afirmou que está investigando a origem do movimento e que aumentou o nível de segurança no Porto de Santos para permitir eventual ação da Polícia Militar em área federal.


Caminhões com combustível para viaturas são escoltados pela PM

Na tarde desta sexta-feira, o Comando da Polícia Militar informou que, pela primeira vez desde o início dos bloqueios, viaturas fizeram escolta de caminhões-tanque para abastecer viaturas da corporação e também dos bombeiros. Houve necessidade de acompanhamento em Santos e em Praia Grande até os batalhões e outras unidades.

Ainda durante esta tarde, caminhoneiros realizaram um protesto em frente ao 2º Batalhão de Infantaria Leve (2º Bil) do Exército, em São Vicente. Os profissionais cantaram o hino nacional. A ação foi em reposta à ordem do presidente Michel Temer (MDB), que permitiu a intervenção das Forças Armadas para tentar conter a manifestação da "minoria radical".


Caminhoneiros protestaram em frente ao batalhão do Exército, em São Vicente (Foto: Matheus Croce/Arquivo Pessoal)

Ao longo do dia, os caminhoneiros realizaram carreatas pelas ruas de Santos, São Vicente e Guarujá para reafirmar a continuação da greve. Com faixas e cartazes, veículos realizaram buzinaço e provocaram congestionamento nas vias, que não foram bloqueadas para o tráfego. Equipes da polícia acompanharam o ato e não registraram confronto.

Quem são e o que querem os caminhoneiros que estão parando o país?

A autoridade portuária informou também que as operações de atracação e desatracação de navios, e embarque e descarga de mercadorias ocorrem normalmente. Os terminais estão operando com produtos armazenados ou que são movimentados ao complexo a partir de ferrovia e de dutovia, modais que representam 26% e 4%, respectivamente.

Caminhoneiros fazem carreata pelas ruas de Santos, SP (Foto: Solange Freitas/G1)

Veja os principais reflexos da paralisação na região:

Porto de Santos

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a autoridade portuária, informou que, desde segunda-feira (21), quando começou o protesto, o Porto de Santos, o maior do Brasil, não registra acesso de caminhões nas instalações nas duas margens. O modal rodoviário representa 70% das operações de movimentação de carga ao cais.


A autoriade portuária informou também que as operações de atracação e desatracação de navios, e embarque e descarga de mercadorias ocorrem normalmente. Os terminais estão operando com produtos armazenados ou que são movimentados ao complexo a partir de ferrovia e de dutovia, modais que representam 26% e 4%, respectivamente.

Vias de acesso ao Porto de Santos, SP, ficaram vazias (Foto: Rodrigo Nardelli/G1)

Os terminais iniciaram racionamento para manter as operações internas nas empresas. Na noite de quinta-feira (24), a Santos Brasil e a Brasil Terminal Portuário (BTP) conseguiram liminares na Justiça para que a polícia escolte às empresas caminhões-tanque com combustível para poder garantir as atividades dentro das instalações.

Ainda na quinta-feira, pescadores, em solidariedade ao movimento, bloquearam por 1h30 o canal de navegação ao Porto de Santos, o maior e mais importante do país. A travessia de balsas entre as margens ficou paralisada e dois navios tiveram a manobra de saída do complexo canceladas pela Praticagem de São Paulo.


Embarcações de pesca bloquearam o Canal de Navegação do Porto de Santos, SP

O Sindicato das Agências Marítimas (Sindamar), o Sindicato dos Operadores Portuários (Sopesp) e a Associação Brasileira de Fornecedores de Navios (ABFN) condenaram os protestos. As entidades alertam para os prejuízos ocasionados, a falta de espaço para cargas desembarcadas de navios e, ainda, a falta de alimentos para tripulantes.

Combustível

O Sindicombustíveis Resan, entidade que representa 300 postos nas duas regiões, confirmou que os dos estabelecimentos já não possuem mais estoqu de gasolina e etanol para ser comercializado. Desde quarta-feira (23), a procura tem aumentado e, conforme previsão inicial, os tanques esvaziariam até sexta-feira.

Motoristas formaram filas nos postos que mantinham combustíveis para serem comercializados. A Fundação Procon emitiu um comunicado aos consumidores para alertar sobre eventual preço abusivo praticado pelos comerciantes, em razão do aumento da demanda nos últimos dias. Situações devem ser denunciadas ao órgão.


Posto no Embaré, em Santos, registrou filas na noite desta quarta-feira (23) (Foto: Luciana Cruz/G1)

Alimentos


Supermercados da região já estão com as prateleiras vazias. Segundo apurado pelo G1, os produtos que mais estão em falta são os perecíveis, como verduras e legumes. A Associação Paulista de Supermercados (APAS) afirma que as paralisações dos caminhoneiros autônomos já causam desabastecimento nos estabelecimentos.

Carnes, leite e derivados, panificação congelada e produtos industrializados que levam proteínas no processo de fabricação já estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento. A rede de supermercados Carrefour orientou suas lojas a restringir a compra a cinco unidades de cada produto para prevenir desabastecimento.

Transporte público

A Empresa Metropolitana de Transporte Urbanos (EMTU) informou que 60% da frota está em operação na Baixada Santista. Segundo a empresa, que também opera o Veículo Leve obre Trilos (VTL), movido à energia elétrica, nessa região circulam por dia 500 ônibus que operam cerca de 70 linhas e transportam 200 mil passageiros.


Pontos de ônibus ficaram cheios durante a manhã em Santos, SP (Foto: Nina Barbosa/G1)

Em Santos, a administração municipal informou que, em razão da baixa demanda de passageiros no sistema de transporte municipal da cidade, aliada à dificuldade de abastecimento de combustível em função da greve dos caminhoneiros, a partir desta sexta-feira os coletivos operarão com 70% da frota total, que é de 305 veículos.

Em Guarujá, devido à greve dos caminhoneiros, o abastecimento dos ônibus que fazem o transporte público municipal também não é realizado. O esquema de viagens e horários será o mesmo adotado aos domingos e feriados, com redução da frota em aproximadamente 40% das 6h às 20h. Já das 20h até 6h, o esquema é o da madrugada, com quatro linhas funcionando.

Em Bertioga, desde a manhã de quinta-feira, a Viação Bertioga aplica o mesmo esquema utilizado durante os fins de semana da cidade. As demais cidades da região não registram alterações no transporte público por conta da greve.


Caminhoneiros ocuparam faixa na rodovia Anchieta, em SP, na quarta-feira (25) (Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo)

Rodovias

Na Rodovia Régis Bittencourt, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, os manifestantes realizam bloqueios em dois pontos. No Km 385+750 (Pista Sul), em Miracatu, a faixa 2 está interditada, com reflexo de 3 quilômetros de congestionamento no sentido Curitiba. O tráfego flui pela faixa 1, somente para veículos leves.

Já na altura de Jacupiranga, no Km 477 da rodovia, os dois sentidos estão bloqueados, com a faixa 2 e o acostamento interditados. Há também reflexo de 3 quilômetros de congestionamento na Pista Sul. O trafego só está sendo liberado para veículos de passeio, ônibus, ambulâncias e viaturas oficiais
.

Caminhoneiros interditam rodovia no Vale do Ribeira, SP (Foto: Dione Aguiar/G1)

Indústria

O Centro de Integração e Desenvolvimento (Cide) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Cubatão, informou, em nota, que as empresas associadas foram impactadas no recebimento de matérias-primas e escoamento de produtos finais. Como reflexo da mobilização, algumas indústrias já implementaram redução de produção e de transporte de funcionários.

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