Saga atrás do vestido incluiu noivo e vizinhas de prédio.
‘Ficar nervosa não ia me ajudar. Por isso, comecei a rir’, conta noiva.
‘Ficar nervosa não ia me ajudar. Por isso, comecei a rir’, conta noiva.
A rio-pretense Stéfanie Fares Sabbag, de 26 anos, passou por um susto grande no dia de seu casamento. O vestido dela voou do prédio onde se arrumava horas antes da cerimônia, parou numa caixa de ar-condicionado, sujou, por pouco não rasgou e precisou do noivo para resgatá-lo. Se a noiva surtou? Com muitas risadas e bom humor, ela apenas guardou a história para contar.Stéfanie e o engenheiro de computação Luiz Carlos Irber Júnior, de 28 anos, casaram-se no último dia 7, em São José do Rio Preto (SP). Ela é rio-pretense, ele gaúcho, ambos moram fora do país onde trabalham e estudam. Ela realiza trabalho voluntario e é estudante de doutorado
O vestido foi comprado em São Paulo, feito de renda. Com o calor de Rio Preto, tornou a opção da noiva que o combinou com uma bota, para entrar no clima da festa, que seria em uma fazenda. “Ao me arrumar para a cerimônia, coloquei o vestido na janela do meu quarto e nem percebi que ela estava aberta. Meu noivo estava lá, mas como fazia outras coisas, não viu quando ele voou. Quando perguntei "Deu para pendurar o vestido certinho?", ele respondeu "O vestido? O vestido não está aqui. O vestido voou”. Achei que fosse brincadeira, mas quando vi que não era, corri para o quarto”, conta a noiva.
A primeira reação de Stéfanie foi inesperada para uma noiva horas antes do “grande momento”. “Comecei a rir. Quando me debrucei na janela e vi que ele tinha parado na caixa de ar do apartamento dois andares abaixo, só conseguia rir. Todo mundo estava assustado, mas a improbabilidade do fato só o deixava mais divertido. Não consegui ficar desesperada porque aquilo era tão inusitado que só dava para rir mesmo”, diz.
Aí começou a saga atrás do vestido. Do apartamento onde a noiva estava, uma tela de proteção impedia o resgate. Eles começaram a pensar em como resgatá-lo. O andar logo abaixo - de onde até seria possível pegar - estava sem contra piso e inabitado. A solução seria ir até o andar onde ele parou e tentar alcançar o vestido mesmo com a tela de proteção do andar. “Meu noivo, então, correu batendo de porta em porta e as vizinhas o deixaram entrar. Pela sacada, eles alcançaram o forro do vestido e, com um cabo de vassoura, o pegaram jogando-o entre os andares. O forro ficou todo sujo, mas naquela altura não dava mais pra limpar. A renda que ele tinha tapava tudo e aparentemente não sofreu nenhum dano. Casei assim mesmo”, conta Stéfanie.
Para quem viu a cena, as perguntas eram muitas: “E se não der para pegar?”, “Você vai ficar sem o vestido?”. Para Stéfanie, foi fácil lidar. “Se tivesse rasgado até tinha outro vestido para casar, o problema é que não teria o sapato e os acessórios. Ia entrar descalça mesmo. O problema seria meu noivo, porque eu o faria trocar de roupa e iria ser uma confusão. A situação toda era muito engraçada e eu não estava disposta a ficar nervosa por isso. Nervosismo não ia ajudar em nada e o melhor mesmo era ver tudo com o senso de humor que o momento pedia”, explica Stéfanie.
Para Luiz, a situação acabou sendo mais tensa. Ele tinha a responsabilidade de trazer o vestido de volta e contar com a ajuda dos vizinhos para isso. "Quando toquei a campainha do apartamento e disse “Boa tarde, o vestido da minha noiva voou e caiu em cima do ar condicionado de vocês, será que posso pegá-lo?", quem estava no apartamento não acreditou. Eles me “vigiaram” e quando viram que era realmente verdade, ficaram perplexos e me ajudaram a pegá-lo. Foi bastante tenso porque o cabo da vassoura não estava equilibrando muito bem o vestido, e achei que ele pudesse cair. Mas felizmente deu pra esticar o braço o suficiente para alcançá-lo”, conta o noivo.
Luiz já tinha visto o vestido e o casal não se incomodou com a tradição que diz dar azar. “Não acreditamos muito em superstições. Antigamente, o problema não era ver o vestido, mas sim a noiva como um todo. Isso vem de muito antes. Provavelmente hoje se mantém como tradição, mas não vejo porque não incluir o noivo inclusive na escolha do vestido. Nós já tínhamos uma união estável antes e para todos os efeitos já éramos casados. Faltava só o religioso mesmo. Ele me ajudou a escolher o vestido, deu opinião e tudo mais”, diz Stéfanie.
Apesar do susto, Stéfanie e Luiz casaram-se no pôr do sol daquele sábado. O tema do casamento também surpreendeu: foi uma festa junina. Ao invés da valsa, houve quadrilha e quem levou as alianças ao altar foram os avós da noiva. O noivo também usou um traje típico do Rio Grande do Sul ao invés do terno.
A festa seguiu como planejada mesmo com o contratempo. “O que eu esperava era que meu casamento fosse bem descontraído e nesses moldes não posso surtar por conta de um vestido voador, né? Muitas vezes as pessoas perdem de vista é que o casamento é uma celebração do amor, respeito, carinho e companheirismo. Não precisamos surtar com vestido, decoração, nem nada do que de errado aconteça. O mais importante de um casamento é a união de duas pessoas que se amam e isso é tudo que precisa dar certo, o resto é resto.”, conta.
Para o noivo, apesar do susto, o dia foi perfeito. “O que mais contou foi o pragmatismo em fazer uma celebração que nos agradasse e também aos convidados, sem se importar muito com formalismos e superstições. Desviamos do protocolo tradicional de um casamento em quase todos os passos. Com essa saga atrás do vestido então, superamos o dia. Fica agora outra boa história para contar deste dia incrível”, finaliza Luiz.
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