quinta-feira, 10 de março de 2022

O burro e a cenoura






O que motiva o burro a continuar, segundo a fábula, é a cenoura.
Parece tangível, mas não é, ele não vai conseguir. A cenoura está presa a uma corda e o burrico, coitado, jamais alcançará. Ainda assim ele continua. Por dias, semanas, meses e anos.
A analogia fácil nos leva à nossa própria vida e a pergunta derradeira: “qual é a cenoura do homem? ”
Obviamente é algo individual e variável. O que te leva a continuar mesmo que pareça um objetivo distante?
Quantas cenouras tem na vida? Quantas coisas deseja atingir e, por isso, não para de correr?
Será que a cenoura é tão boa assim a ponto de te fazer suportar todo o caminho?
O que te tira da cama todos os dias pra enfrentar tudo?
É por você ou por alguém?
Eu não sei responder nada disso. Eu só procuro paz, mas a paz não é tangível. A paz é individual e utópica.
Eu não sei qual é a cenoura que me move a ir em frente, deve ter algo, mas não sei.
Não há um objetivo claro no meu fronte, apesar de ter alguns desejos antes de deixar a minha história ter fim. Eu quase sinto inveja do burro! Ele sabe o que quer.
Conhecer o exterior, publicar um livro, construir uma família…
São objetivos, mas ainda não é o que me faz levantar cedo todos os dias mesmo contra a vontade.
A ausência de objetivo é tão boa quanto ruim. É libertador saber que não “precisa” correr atrás de alguma coisa. É desolador notar-se sem função em alguns momentos.
Dizem que o ser humano padece quando perde a utilidade e eu creio nisso também.
O objetivo pode ser chamado de sonho.
O que te move é um sonho? É alcançável? Está no caminho?
Os sonhos morrem com o passar do tempo, mas você fica!
 E busca um novo sonho, um novo objetivo, um novo rumo. 
O tempo passa e nem sempre é possível atingir tudo que foi traçado. 
A vida pode te apresentar alguns obstáculos. 
O futuro pode não ser tão incrível quanto prometia ser. 
O presente te permite trabalhar pra viver (com o básico). As variáveis são infindáveis, mas essa é a graça da vida, não é mesmo?

Ainda assim, torno a perguntar: qual é a cenoura que te move?

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