por Judite Raiti ·
Já debati com centenas de pessoas ditas de esquerda, e até hoje não encontrei UM ÚNICO caso sequer em que a pessoa se dedique a debater as ideias dignamente, seguindo a lógica da argumentação e contra-argumentação, e sem também utilizar as rotinas da falsa afetação sentimentaloide, da histeria e da fuga premeditada dos temas debatidos.
É sempre assim.
Os truques usados dentro dessas rotinas são os mais variados possíveis. No último caso, meu contendor fugiu da argumentação e se limitou a expressar sua afetação pessoal aos argumentos, como se seus sentimentos e sua perplexidade diante do exposto fossem importantes para alguma coisa. Numa tentativa miseravelmente fracassada de contra-argumentar, apenas transcreveu meus argumentos, da forma mais distorcida e caricata que pôde, para a partir daí combater um espantalho. Só nessa brincadeira consegui identificar 3 ou 4 falhas lógicas que Schopenhauer mapeia em seus estratagemas.
Essas pessoas nunca debatem nada. Tratam discussões como se fossem uma confrontação de egos, como se houvesse ali uma disputa, num típico pensamento de torcida de futebol (é nós contra eles, não importa como for). Já partem do pressuposto que do oponente nada se pode aprender. Isso seria considerado um crime. Desse tipo de debate nunca resulta uma conclusão, mas apenas um ego ferido, que para se remediar, recorre à uma histeria ainda maior. É um círculo vicioso, que quando perdura, gera um quadro clínico da psiquiatria, estudado por Lyle Rossiter em seu livro “The Liberal Mind: The Psychological Causes of Political Madness” (“liberal mind” no sentido americano, que designa a mentalidade da esquerda).
Quando debatem com seus pares, é o contrário: já estão predispostos a concordar e aplaudir tudo o que o interlocutor disser, caracterizando assim um fenômeno, não menos histérico, de hipnose coletiva. Tudo isso são sintomas da mentalidade revolucionária, que há décadas domina o ambiente acadêmico, e praticamente afeta a todos, em maior ou menor grau. Em cursos altamente politizados (especialmente os de ciências políticas e sociais), o aluno desatento pode facilmente cair na espiral do delírio, e se tornar um fingidor histérico sem perceber. Agirá com a naturalidade de estar se comportando da maneira mais racional e distinta possível. Olavo de Carvalho nos dá uma ótima definição para o histérico:
O problema de muitos “formadores de opinião”, no Brasil de hoje, não é a burrice em estado puro, mas aquela burrice em segunda potência que nasce do impulso histérico de criar uma frase e, ouvindo-a da própria boca, acreditar nela pela simples razão de ter conseguido dizê-la.O histérico vive em um mundo fictício composto inteiramente de autopersuasão. Daí ao mais extremo analfabetismo funcional o passo é bem curto. Quando o histérico lê alguma coisa, não entende aquilo que está escrito, mas o que desejaria que estivesse escrito. E acredita piamente que foi isso o que leu.
Todas as épocas históricas são marcadas por suas mazelas. No futuro irão lembrar da nossa época pelas mazelas da mente e pela sociopatia generalizada.
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