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Ontem assisti ao filme “O doador de memórias”, baseado no livro “O doador”, de Lois Lowry. Trata-se da história de uma sociedade utópica que aos poucos se desenrola em uma distopia. Esta sociedade está ambientada num cenário e época em que a realidade presente perdeu sua conexão com o passado. Este é o ponto-chave de toda a trama. A perda do elo de ligação entre as gerações atuais e as gerações passadas é a condição estritamente necessária para que a sociedade retratada no filme se estabeleça.
Ao terminar de ver o filme, o espectador pode pensar com seus botões: “ótimo filme de ficção.” Se olharmos, porém, ao nosso redor, veremos que a ficção se assemelha assustadoramente com a realidade. O sonho de criação de uma sociedade igualitária, nos moldes do filme, é antigo. Talvez esse pensamento tenha percorrido o mundo desde que o homem é homem. Mas foi no século XX que o sonho pretensioso se tornou um pesadelo real. O último século ficará marcado na história pelas tentativas fracassadas de se implantar neste mundo sociedades que pretendiam mudar a natureza humana.
Existe uma pergunta importante, e talvez a mais instigante sobre o tema, que me parece ser crucial:
Toda sociedade igualitária é uma utopia que terminará em tragédia?
A minha resposta para isso é: sim.
A utopia do igualitarismo é não-realizável pelo simples fato de que as potencialidades humanas são não apenas diferentes, mas completamente distintas. Por esta mesma razão, toda tentativa de implementação de uma sociedade igualitária sempre começa pela centralização imediata de todo poder possível e imaginário nas mãos de uma entidade qualquer, que será capaz de suprimir as potencialidades dos indivíduos. Por serem atributos da própria natureza humana, estas potencialidades, quando suprimidas, resultam na aniquilação das vontades individuais, das liberdades de pensamento e dos instintos naturais. Trocando em miúdos, o igualitarismo impõe restrições àquilo que o ser humano tem de mais essencial: a sua própria natureza.
Por essas e outras devemos sempre fugir das promessas de um mundo melhor pelo igualitarismo. O comunismo nada mais é do que uma destas utopias igualitárias, quando propõe uma sociedade sem classes e tenta a todo instante romper com o passado pela destruição dos valores até aqui estabelecidos, para a partir daí estabelecer novos valores, controlados por uma elite burocrática. Esta destruição está em pleno curso e a todo vapor no mundo atual. Engana-se quem ache que o comunismo acabou com a queda do muro de Berlim. O fim da União Soviética foi o desmantelamento proposital de um elefante branco, que naquele ponto mais atrapalhava do que ajudava o movimento revolucionário mundial. Desta forma, o comunismo apenas se transmutou em outras formas, mudou de roupagem, mas suas pretensões utópicas de mudanças profundas da sociedade e do homem são agora ainda mais vigorosas.
O nacional-socialismo de Hitler não foi destruído por ser utópico, mas por afrontar pretensões muito maiores de uma verdadeira utopia global. O globalismo hoje, financiado pelos agentes econômicos mais poderosos do planeta, é o verdadeiro plano de uma ditadura de escala mundial, que tem como uma de suas metas a redução drástica da população geral e a eliminação das tradições e valores morais vigentes. Os valores judaico-cristãos continuam sendo os maiores inimigos destes planejadores sociais, já que são valores que remetem a humanidade à noção de Deus como autoridade máxima, e não à uma instituição de poder qualquer. Além disso, são estes valores que infundem nas pessoas a noção da espiritualidade e transcendência, que como bem retratado no filme, é capaz de faze-las questionar a sua própria realidade. Os globalistas, financiando movimentos, ONG’s e partidos políticos mundo afora, promovem o rompimento do elo com o passado, que é, como no filme, o ponto-chave de um “novo começo”, da construção da “nova sociedade”.
A ideia da religião como elemento que aprisiona e aliena o homem tem sido sistematicamente difundida na nossa sociedade por pessoas má intencionadas, cujas intenções são, estas sim, de aprisionamento e alienação total. A destruição da religião, da família, dos valores morais tradicionais, da propriedade privada, dos direitos naturais à vida, assim como o difundimento do relativismo moral e a da substituição sistemática do sistema lógico-racional humano por ideologias transgressoras constituem, sem dúvidas, o início da nossa distopia. Cedo ou tarde ela se tornará um pesadelo real, no qual as pessoas, anestesiadas pelas próprias circunstâncias, nem irão perceber que suas almas foram consumidas pela miséria de um mundo onde o legado de Deus foi esquecido.
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