quarta-feira, 10 de março de 2010

A poesia, o sujeito, o público e o privado.

Por ricardo, 
 07-02-2010
- 10h26

A poesia é um recurso para conduzir quem às escreve a tornar-se sujeito do desconhecimento, e esse desconhecimento é o que lhe possibilitará tornar-se humano, ou seja, a essência do humano estará no desconhecimento. Em outras palavras, no inconsciente se encontra a verdade do sujeito. É nos processos oriundos do inconsciente e não nos do consciente que se localiza as dicas para o eu verdadeiro. Então, para se desenvolver como humano, são necessárias estratégias para o auto-conhecimento que acessem aquilo que se desconhece de si mesmo. Para tanto, o sujeito deve falar de si e a poesia é um bom recurso. Precisamos do Outro para uma espécie de confissão, pois é o Outro que indicará a chave para o que o próprio sujeito desconhece.

É comum nos dias de hoje, um advogado, médico, dona de casa, cineasta, jornalista e etc, sacar um papelzinho do bolso e empurrar um poeminha pra cima da gente. Por que será que é mais fácil escrever poesia do que ler poesia, fazer arte do que ver arte? – paradoxo a rebaixar a qualidade. É que no mundo do “eu me amo”, do narcisismo desmedido, a privatização da existência se tornou um incômodo a nos invadir sem piedade. O eu não se cabe e perde a medida, se espraiando em busca de afirmação. E, no caso particular da poesia, isso fica bem exposto, pois se coloca como uma alternativa a drenar o excedente do sujeito, não comportado na razão e que o inconsciente insiste em expôr. Caso este outro não se puser como represa, terá seu espaço tomado.

Ser outro hoje em dia é complicado.
 A sociedade está virando
 um largo de
vitrines
de
 egos.

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