by Deise Brandão
Em uma época em que uma simples palavra errada podia custar a cabeça… existia um homem que zombava do rei, debochava dos nobres e ainda era bem pago por isso.
Ele se vestia com roupas coloridas, usava um chapéu com guizos e fazia todos rirem… Mas o que poucos sabem é que, por trás do riso, o bobo da corte era uma figura política, estratégica — e muitas vezes temida.
Na Idade Média, o bobo da corte não era apenas um palhaço. Era uma das poucas pessoas com liberdade para falar o que quisesse dentro de um castelo.
Seu papel ia muito além da diversão: ele fazia críticas sociais mascaradas de piada, expunha a hipocrisia da nobreza e até aconselhava reis em decisões importantes — tudo isso usando o riso como escudo.
Mas cuidado: se a piada fosse longe demais… o final podia ser trágico.
Muitos bobos desapareceram sem deixar rastro ao atravessar a tênue linha entre a ousadia e a insolência.
Vivendo entre o luxo e o perigo, esses homens (e às vezes mulheres) tinham acesso aos banquetes, aos salões reais e às conversas mais secretas. Era comum que fossem treinados em música, teatro, poesia e até acrobacias — verdadeiros artistas da sobrevivência.
Um dos mais famosos foi Triboulet, o bobo que serviu dois reis franceses. Dizem que ele era tão inteligente quanto insolente. Quando irritou Francisco I, o rei decidiu executá-lo. Mas, em um gesto de “bondade”, permitiu que Triboulet escolhesse a forma como morreria. A resposta foi brilhante: "Quero morrer de velhice."
O rei não apenas riu — como o perdoou.
Hoje, o bobo da corte virou símbolo de irreverência, coragem e crítica social.
Naquela época, ele era o espelho que mostrava aos poderosos aquilo que ninguém mais ousava dizer. E fazia isso… sorrindo.
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