Aline Leal - Repórter da Agência Brasil
Brasília – As pessoas que fizeram cirurgia bariátrica devem evitar a ingestão de bebida alcoólica, conforme recomendação de Simone Marchesini, coordenadora-geral de psicologia da Comissão de Especialidades Associadas, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). “A sensibilidade ao álcool aumenta depois da cirurgia e, além disso, é um líquido com alto valor calórico”, disse.
Mário Carra, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), concorda com Simone. Ele explicou que o álcool é absorvido mais rapidamente por quem fez a cirurgia bariátrica, e isso acelera a embriaguez. Constatou que muitos trocam a compulsão por comida pela compulsão por bebida. “A recomendação é não beber álcool, e isso é explicado desde antes da cirurgia”, disse Carra.
Segundo ele, a cirurgia bariátrica não cura a obesidade, ela controla. “A pessoa tem que entender que obesidade é doença crônica. Se o paciente não se controla, se não adota os exercícios físicos e uma nova alimentação, ele vai voltar a ganhar peso. A cirurgia é só metade do caminho do paciente obeso”, ressaltou.
Almino Ramos, presidente da SBCBM, declarou que essa consciência de mudança de estilo de vida a pessoa que passou por uma cirurgia bariátrica tem que ter. “É preciso fazer uma reeducação alimentar, passar a fazer atividades físicas, ter horários para comer, comer devagar, seguir o uso de determinados suplementos. Alguns pacientes não se adaptam a esse programa e correm riscos de ter resultados inferiores aos previstos, voltam a ganhar peso ou a ter os problemas de saúde de antes”, disse.
Simone Marchesini destacou que muitos pacientes, após a cirurgia, passam a se sentir bem e, por isso, deixam de tomar os suplementos necessários, e quando vão procurar ajuda já estão com anemia grave. Luzia Tremendani, de 32 anos, fez a cirurgia há quatro anos e disse que quando emagreceu deixou de tomar os suplementos. “Agora percebi que estou com anemia, pensei que eu não precisava tomar mais as vitaminas”,disse. “É preciso ver a cirurgia como uma mudança de estilo de vida, e não como mais uma dieta, se não ela volta ao estilo antigo”, alertou Simone. Segundo ela, “periodicamente a pessoa tem que ir ao serviço bariátrico para renovar o compromisso com o estilo de vida de magro”, completou.
.A psicóloga considera importante a informação trazida por meio de grupos formados nas clínicas e pela internet. Segundo ela, esses contatos ajudam muito a pessoa que pretende passar pelo procedimento cirúrgico. Bárbara Duarte, estudante de 22 anos, tinha 140 quilos quando fez a cirurgia em 2012. Em nove meses a estudante perdeu 50 quilos. Ela declarou que foi sem medo para a cirurgia. “Eu estudei bastante, entrei em blogs, li material sobre a cirurgia, entrei no grupo da clínica, fui fazer a cirurgia sabendo de tudo. Fui fazer com muita vontade e sem medo”. Ela hoje faz parte de um grupo virtual que compartilha informações sobre a cirurgia.
Em um grupo da rede social Facebook, os participantes relatam suas experiências e postam fotos de antes e de depois da cirurgia. Há ainda muitas postagens que mostram empolgação antes da cirurgia. Frases como: “Enfim chegou o meu dia, é um presente de Deus” e “É um sonho da minha vida que estou realizando”. Essa empolgação, segundo Simone, é prejudicial para o paciente. “O trabalho do psicólogo antes da cirurgia é desacelerar o paciente, tentar fazê-lo ver que não é um processo tão milagroso e tão fácil como ele pensa, e mostrar que as repercussões de longo prazo não são tão simples e fáceis”, alertou a psicóloga.
Em um grupo da rede social Facebook, os participantes relatam suas experiências e postam fotos de antes e de depois da cirurgia. Há ainda muitas postagens que mostram empolgação antes da cirurgia. Frases como: “Enfim chegou o meu dia, é um presente de Deus” e “É um sonho da minha vida que estou realizando”. Essa empolgação, segundo Simone, é prejudicial para o paciente. “O trabalho do psicólogo antes da cirurgia é desacelerar o paciente, tentar fazê-lo ver que não é um processo tão milagroso e tão fácil como ele pensa, e mostrar que as repercussões de longo prazo não são tão simples e fáceis”, alertou a psicóloga.
(Edição: Aécio Amado)
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