O atraso atinge, sobretudo, os empreendimentos de mobilidade, que foram “vendidos” à população como o principal legado dos grandes eventos.
Os dados globais de gastos com a Copa, reunidos pela Controladoria-Geral da União (CGU), confirmam a lentidão governamental. O órgão monitora o andamento de 324 ações voltadas ao Mundial, entre obras e programas como o de segurança e informação ao turista. No conjunto, elas somam R$ 25,4 bilhões. Mas, até setembro, haviam sido desembolsados R$ 17,1 bilhões – ou 67,3% do total. A diferença refere-se, principalmente, a obras ainda não concluídas.
Em Cuiabá, Mato Grosso, a construção de uma via de 22,4 quilômetros para instalar um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) mergulhou numa espiral de problemas. O empreendimento, que teve seu contrato assinado em junho de 2012, deveria ter sido entregue em março deste ano. Já no fim de 2013, porém, sabia-se que não seria possível cumprir o prazo e um termo aditivo foi assinado, prorrogando a data para dezembro de 2014. Agora, no entanto, percebe-se que, mais vez, não haverá como entregar a obra.
Adiamento. “Evidente que todos nós queríamos entregar as obras, mas ainda não foi possível. Estamos discutindo mais um aditivo com o consórcio, para estender o prazo para dezembro de 2015. E, se não for suficiente, teremos de adiar ainda mais”, diz Maurício Guimarães, secretário da Copa do Mundo do governo de Mato Grosso.
As obras do VLT de Cuiabá são tocadas por um consórcio que reúne as empresas CAF, CR Almeida e Santa Barbara, além das projetistas Magna e Astep. Segundo o governo, a execução física do projeto só alcançou 40% até agora. O custo da obra, afirma Guimarães, continua em R$ 1,477 bilhão.
No Recife, a frustração ficou a cargo das linhas do BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus), que deveriam estar prontas desde março de 2013, conforme estabelecido no contrato. A realidade é que, hoje, apenas 4 das 29 estações previstas no eixo norte-sul estão em operação. No corredor leste-oeste, 10 estações são utilizadas, em vez das 16 planejadas.
Até fevereiro do ano que vem, diz o secretário executivo de mobilidade do governo de Pernambuco, Gustavo Gurgel, todas as estações dos dois eixos devem ser concluídas. “Foram feitos todos os esforços para que o prazo original se confirmasse, mas por fatores alheios ao governo estadual, os cronogramas não foram cumpridos.”
Culpa. De maneira geral, os gestores culpam o processo de licenciamento ambiental, as desapropriações e as interferências em redes públicas de saneamento e energia pela demora na conclusão das obras. Outra queixa comum são as dificuldades em obter liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Há indefinição também quanto à conclusão das obras nos aeroportos de Manaus e Cuiabá. O cronograma está sendo redefinido, segundo informou a Infraero. Isso porque as obras precisaram ser suspensas durante a Copa, o que jogou os prazos de conclusão para frente. Segundo a estatal, pode haver aditivos de prazo e também de preço.
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