Parentes e amigos carregam caixão da atriz Monica Spear e de seu ex-marido Thomas Henry Berry durante funeral em cemitério de Caracas - Alejandro Cegarra / AP
CARACAS — A crise de escassez na Venezuela chegou à indústria de caixões, criando filas também para os mortos.
A queda na produção foi de 20% a 30% este ano por falta de materiais, segundo autoridades. O preço subiu e os funerais passaram a ser adiados.
O principal item em falta são as folhas de madeira usadas na construção dos caixões, afirma Pedro Navarro, ex-presidente de uma associação de funerárias. Ele culpa a lentidão da empresa estatal Sidor.
— Algumas fábricas estão paralisadas. Outras compram folhas mais grossas — diz.
O país de 30 milhões de habitantes tem 50 fábricas de caixões. O presidente de uma das maiores fábricas afirma que faltam cola, tinta e até tecido para o interior dos caixões.
— Em dois ou três meses a coisa ficará tão séria que talvez não haja caixões para enterrar as pessoas — diz o executivo, Juan Carlos Fernandez.
Ele diz que espera diminuir a produção pela metade no próximo mês.
A demanda por caixões no país é ainda mais alta porque a Venezuela possui uma das mais altas taxas de homicídio do mundo.
A crise dos caixões faz parte de um quadro maior de escassez no país, cuja política cambial controlada pelo governo dificulta a importação de itens como papel de jornal e até papel higiênico — causando imensas filas nos caixas de supermercados.
O Banco Central do país parou há alguns meses de publicar um índice de escassez, que era de 27% em março
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