Ao chegar em casa anteontem à noite no conjunto Nova Esperança, com cinco filhos entre 6 meses e 10 anos de idade, a faxineira Josiane Pereira dos Santos encontrou os móveis na rua e as fechaduras das portas trocadas. Ela voltava do hospital, onde tinha levado o bebê, com sintomas de virose.
A casa onde Josiane e os filhos moravam foi “ocupada” de surpresa por outra mulher, Joice Carolina da Silva, 22, grávida e com uma filha de 2 anos, proprietária oficial do imóvel. entregue em agosto do ano passado por meio do Minha Casa, Minha Vida. Desesperada, a faxineira se viu sem ter para onde ir com as cinco crianças. Pior ainda: descobriu que parte dos seus móveis, em especial os eletrodomésticos, tinham sido roubados enquanto ficaram na rua antes de ela chegar.
A faxineira conta que há seis meses mora na casa, que teria sido “comprada” por R$ 3 mil. “O pai do meu filho comprou essa casa em janeiro de uma mulher chamada Joice, mas agora ela se arrependeu do negócio e quer voltar pra cá.” A beneficiária do imóvel afirma que nunca vendeu a casa para ninguém e que Josiane teria invadido o local.
“Eu não vendi nada para ela. Quando eu fui entrar no imóvel, a casa estava invadida por ela (Josiane). Tanto é verdade que, em abril, eu fiz um boletim de ocorrência registrando a invasão, porém estava aguardando o oficial de Justiça fazer o despejo que até hoje não aconteceu.”
Joice diz ainda que perdeu a paciência e resolveu despejar à força a mulher, pois não aguentava mais esperar. “Eu também preciso morar. Antes de tomar essa atitude, eu tentei conversar, mas ela não tomava providência. Sei que o que eu fiz foi errado, não deveria ter despejado, mas eu estava precisando muito da casa.”
Ela diz que o local onde morava também era alugado. “E eu já entreguei a casa”, conta.
O diretor da Empresa Municipal de Construções Populares (Emcop), José Antonio Basílio, confirmou que Joice é a beneficiária do imóvel e que o caso já está sendo analisado pela Caixa Econômica Federal. “A venda não foi comprovada, mas a beneficiária pode perder a casa, pois perdeu o prazo para entrar no imóvel (30 dias após assinatura do contrato). Por isso, ela está desesperada para entrar na casa. Ela já foi notificada sobre o risco”, explica.
Basílio disse que contra a suposta invasora não pode tomar nenhuma providência a não ser o despejo. Josiane e os filhos acabaram acolhidos por uma amiga, onde passaram a noite. Ontem, ela conseguiu voltar para a casa até que o caso seja resolvido por meio legal.
Caixa apura 90 supostas irregularidades
Desde sua inauguração, em agosto de 2011, o Parque Nova Esperança é marcado por uma série de problemas em relação à ocupação dos imóveis. De acordo com o diretor da Emcop, José Antonio Basílio, pelo menos 250 irregularidades foram registradas e 90 estão sendo apuradas pela Caixa, que é o órgão responsável pela fiscalização e que pode rescindir o contrato com os moradores.
Os beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida, do qual faz parte o Parque Nova Esperança, que estiverem em situação irregular, além de perder o imóvel terão que arcar com o valor comercial da residência, avaliada em R$ 43,7 mil. Todos os casos de irregularidades são investigados com apoio da Polícia Federal. Segundo Basílio, dependendo do que for comprovado os beneficiários podem responder por crime de falsidade ideológica ou documental.
Fonte: caderno Cidades - Diário da Região.
Nenhum comentário:
Postar um comentário