Somos seres sociais e isso faz com naturalmente criemos conexões uns com os outros. A depender da frequência e afeto, graus de intimidade são construídos e as conexões vão se intensificando. Mas não é só isso que é capaz de nos unir. A dor também tem esse poder. Somos empáticos. Passamos na rua e vemos alguém passando fome e isso nos toca. Para alguns essa conexão através da dor é mais intensa. Mas você já parou para pensar o que faz você ajudar alguém em sofrimento ou não? Porque em algumas situações você é capturado com mais facilidade do que outras?
Muitos podem dizer: é a empatia. Será mesmo? Hoje vamos falar sobre quatro formas que temos de nos conectar ao sofrimento dos outros e a diferença entre elas. São elas: pena, simpatia, empatia e compaixão.
A pena consiste no sofrimento relacionado ao sofrimento de outra pessoa, no sentido de achar que o outro não merece estar sofrendo. Muitos autores ressaltam que a pena envolve sentimento de superioridade em relação à pessoa que está em sofrimento. A pena envolve o desconforto de estar em uma situação que se julga “ser melhor” do que a do outro, e as mesmo tempo sentir esse desconforto pode se relacionar a um alívio moral, ou comportamentos assistencialistas. Na pena a sensação de estar de mãos atadas e não poder fazer nada para mudar a situação é comum.
Já a simpatia diz respeito a compreensão de que o outro está em sofrimento, mas segundo a nossa perspectiva e visão de mundo. Desejar que o outro esteja melhor, ou melhore pode fazer parte do sentimento de simpatia. Alguns autores, como Brenè Brown relatam que a simpatia pode gerar mais desconexão do que conexão, pois aparece naquelas expressões “mas pelo você…”. No sentido de “eu entendo o seu sofrimento, mas poderia ser pior”.
A empatia envolve, diante do sofrimento do outro, se colocar no lugar dele cognitivamente e/ou emocionalmente e se preocupar empaticamente. Quando você consegue entender como alguém desenvolveu um raciocínio específico ou consegue enxergar uma situação sob a perspectiva de outra pessoa você está tendo a empatia cognitiva. Já sentir dor, alegria, tristeza, raiva, prazer porque o outro está sentindo diz respeito a empatia emocional. Inclusive existem experimentos interessantes sobre o papel nos neurônios espelho na construção desse tipo de empatia. Sabe quando alguém cai na sua frente e você sente aquela dorzinha? É mais ou menos por aí. Temos a preocupação empática que envolve se colocar no lugar do outro de forma a conseguir compreender o que ele precisa em um determinado momento.
Por último mas não menos importante, temos a compaixão. Muito comuns na cultura oriental e em algumas religiões, a compaixão tem sido estuda por neurocientistas exaustivamente nas últimas décadas e apresentado resultados interessantes para o desenvolvimento de uma melhor saúde mental. A compaixão vai além de sentir que o outro está sofrendo. Ela é uma motivação que gera uma tendência a agir. Quando sentimos compaixão desejamos aliviar o sofrimento do outro e a chance de nos envolvermos em comportamentos de ajuda aumenta bastante. É a compaixão que nos faz disponíveis para ajudar os outros. E muito mais do que mostrar apoio, mas realmente agir para diminuir o sofrimento de outra pessoa.
As duas últimas, empatia e compaixão, são habilidades poderosas para estimularmos comportamentos de ajuda, inclusão e construção de relacionamentos saudáveis. Se quisermos diminuir a discriminação e a violência essas são as chaves.
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