"Na Itália era previsão de 60% de contágio e aqui, de 80%. Podemos atingir o pico em um mês. Mas tudo vai depender da prevenção", diz Guedes
Jornal GGN – A projeção da taxa de contágio por coronavírus no Brasil aponta para um quadro ainda mais grave do que a situação assistida na China e Itália, que são os dois países mais prejudicados pelo pico da doença até agora.
A projeção do que poderá ocorrer em solo nacional foi feita pelos técnicos do Banco Central, segundo revelou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista à Folha desta segunda (16).
Guedes afirmou que teve acesso aos números após uma reunião no Congresso com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros ministros do governo Bolsonaro, incluindo o da Saúde, Luiz Mandetta.
Questionado, o economista não soube repassar os detalhes da projeção do BC à reportagem, mas fez uma comparação com a situação da Itália.
“Não me lembro exatamente [dos números do BC]. Mas era algo assim: na Itália era previsão de 60% de contágio e aqui, de 80%. Podemos atingir o pico em um mês. Mas tudo vai depender da prevenção.”
Guedes afirmou que “foi essa quantificação, feita pelo Banco Central, que me assustou.”
O BC, segundo explicou o ministro, “tem modelos estatísticos calculando a velocidade de contágio” humano. Embora o papel da instituição seja o de acompanhar dados relativos à economia, “assim que surgiu a preocupação com o coronavírus, o Mandetta pediu ajuda a quem pudesse dar.” E o BC “tem modelos estatísticos, altamente matemáticos, que permitem modelar qualquer coisa. Modelaram a velocidade de contágio.”
Ainda de acordo com Guedes, o governo “achava que a coisa ia bater aqui em maio, e não deveríamos ser tomados pela neurose antes da hora, para não parar a economia antes da hora.”
Na semana passada, porém, o presidente da Câmara Rodrigo Maia criticou e cobrou Guedes publicamente, pela falta de um plano de curto prazo para lidar com os impactos do coronavírus sobre a economia.
Guedes insistiu, na entrevista, que a melhor resposta a curto prazo seria aprovar medidas que estão paradas no Congresso, como a privatização da Eletrobras.
“O baque do coronavírus é temporário: o contágio sobe rapidamente, fica três meses e depois desaba. A China já está se recuperando. Eu preciso estar preocupado com o reforço das nossas defesas durante e depois da crise. Podemos transformar a crise em reformas. As reformas trarão as bases para gerar crescimento, emprego e renda após o surto, lá na frente”, disse.
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